Cientistas da UFRJ avaliam que ‘reabertura das escolas é necessária’

Após examinar dados existentes, os cientistas avaliam que as escolas não parecem desempenhar importante papel na transmissão da Covid-19

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Foto: Rodolfo Santos/Getty Images

Nesta sexta-feira (30/10), o Grupo de Trabalho (GT) Multidisciplinar da UFRJ para Enfrentamento da COVID-19 emitiu uma nota técnica pontuando que a “reabertura das escolas é necessária e imprescindível e que tão importante quanto, são os pontos que não devem ser ignorados para que o retorno aconteça de forma a minimizar os riscos de exposição tanto das crianças e adolescentes quanto dos professores e funcionários”. A nota se refere à rede escolar do estado do Rio de Janeiro.

A dinâmica do dia a dia da comunidade escolar precisa ser resgatada, sob pena de termos efeitos mais danosos e irreversíveis sobre as perspectivas de vida de toda uma geração, principalmente os mais vulneráveis”, destaca o grupo de pesquisadores.

A posição do GT foi dada pois, após examinar dados existentes até o momento, os cientistas avaliam que as escolas não parecem desempenhar importante papel na transmissão do novo coronavírus.

“Estudos realizados em fevereiro e março, ainda antes das medidas de isolamento social serem implementadas (portanto, sem isolamento) já sinalizavam algumas lições: existem poucos relatos de transmissão a partir de crianças, levando a grandes surtos, especialmente no cenário escolar e a transmissão na comunidade de crianças mais velhas é maior”, afirmam.

Por outro lado, outros estudos demonstraram que o papel do adulto na cadeia de transmissão na escola é significativamente mais expressivo, como em Singapura, através do estudo de três casos que se apresentaram sintomáticos dentro da escola: duas crianças de cinco e oito anos adoeceram sem transmissão secundária, enquanto um adulto adoeceu transmitindo para outros 16 adultos dentro da escola, que levaram, em seguida, para 11 familiares.

Segundo os pesquisadores, após sete meses com as escolas fechadas, é preciso reavaliar os benefícios e os “efeitos colaterais” da medida, como o fato de que a evasão escolar corre o risco de aumentar de forma irreversível.

Coordenado pelo pesquisador Roberto Medronho, o GT sinaliza que “o exemplo no uso de máscaras, higienização das mãos e distanciamento deve ser feito e liderado por professores, pais e responsáveis. Deve também ser enfatizado que ninguém deve ir à escola ao menor sinal de doença”.

De acordo com a nota técnica, existem três níveis de proteção da comunidade escolar contra a entrada e disseminação do vírus que precisam ser considerados:

  • minimizar a importação do vírus para dentro da escola;
  • minimizar a transmissão do vírus dentro da escola;
  • minimizar o número de contactantes de um caso positivo dentro da escola.

Além disso, as condições para a organização da reabertura das escolas devem priorizar quatro pontos:

  • a comunicação com a comunidade escolar sobre protocolos e divulgação dos indicadores para suspensão de atividades escolares por aumento da transmissão da COVID -19 no ambiente escolar;
  • as boas práticas de biossegurança e vigilância em saúde a serem seguidas nas escolas;
  • ênfase na proteção à vida e na solidariedade resguardando aqueles que possuem fatores de risco conhecidos para evolução grave pela COVID-19 e assegurando as alternativas para atividade de ensino e aprendizado nestes casos;
  • adoção de procedimentos para casos suspeitos e confirmados de COVID -19 no ambiente escolar.

A nota técnica divulgada pelo GT está disponível na íntegra no site.

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2 COMENTÁRIOS

  1. Esse relatório desse grupo de estudo é no mínimo confuso. Afirma ser importante a volta dos alunos. Mas quando coloca que esse retorno deverá seguir uma série de procedimentos, demonstra o quão difícil é o debate. Expõe também que os trabalhadores da educação não foram consultados. O que enfraquece esse argumento do retorno, pois o GT desconhecem a realidade das escolas.

  2. Pelo visto os cientistas (é direito da população saber os nomes deles, por questão de transparência) que emitiram esse parecer não viram a live/entrevista do eminente cientista MIguel Nicolelis para o canal Meteoro. Por favor, assistam, depois refaçam suas conclusões, se for o caso.

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