Claudia Chaves: O Âncora – Um barco desgovernado

Colunista do DIÁRIO DO RIO fala sobre o monólogo ''O Âncora'', com Alex Nader e escrito por Leandro Muniz

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O Âncora - Foto: Divulgação

Um tema recorrente nos diferentes suportes, linguagens, estrutura é aquele do profissional da cultura de massa ser um angustiada com a própria atividade. Assim foi no épico a Longa Noite de Cristal, de Oduvaldo Vianna Filho, com um desempenho soberbo de Oduvaldo Vianna Filho. Ou em Network/Rede de Intrigas com o papel que deu Oscar a Peter Finch. É nessa tradição que Caio Bucker produz o monólogo O Âncora, com Alex Nader, texto de Leandro Muniz.

A estrutura dramatúrgica escolhida é aquela que o diálogo é criado entre os textos reais ( no caso noticias) falados pelo personagens , que são intercalados por um alter-ego, consciência do próprio , que funciona para evidenciar os verdadeiros sentimentos através de críticas, piadas, encenações. Assim, percebe-se a capacidade de atuação de Alex que mudar a voz, pois faz desde o apaixonado marido até o abandonado ressentido, um locutor bêbado que fala o quer. O texto é parodístico, irônico, mas ao mesclar todos os sentimentos transforma Alex em vários personagens em um só corpo

A opção de se colocar o âncora, não nomeado, em um estúdio aberto torna-se um recurso interessante pois do espaço fechado e apertado que é visto pelo espectador na tela, amplia-se a visão para uma mobilidade que permite que o alter-ego possa também apresentar uma movimentação corporal , fundamental para jogar também com a expressão corporal que dá sentido ao que se é dito.

O texto de Leandro Muniz trabalha com todos os chavões para retomando-os lhes dá um novo sentido. A possibilidade de sair do lugar comum de um profissional de noticias atormentado pela realidade cruel do que é obrigado a ler é o que torna o texto interessante. A metáfora do âncora será tão boa se pensarmos que todos, ou quase todos, somos obrigados a viver regras que nos limitam, que não podemos dizer o que pensamos. E mais grave, que ficamos tal qual um barco que fica ancorado em um porto no qual jamais quisemos chegar.

SERVIÇO

Sede das Cias

  • Endereço: Rua Manuel Carneiro, 12 – Lapa – Rio de Janeiro/RJ (Escadaria Selarón)
  • Quando: Sextas e Sa?bados, 20h | Domingos, 19h

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Jornalista, publicitária, professora universitária de Comunicação, Doutora em Literatura, Bacharel em Direito, gestora cultural e de marcas. Mãe do João e do Chico, avó da Rosa e do Nuno. Com os olhos e os ouvidos sempre ligados no mundo e um nariz arrebitado que não abaixa por nada.

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