Cleiton Rodrigues, cleitonsr@globo.com, é bacharel em Direito e articulador político do Democratas no Rio de Janeiro
Há um bom tempo, o governador ‘bradava aos quatro ventos’ que o Estado do Rio caminhava em um rumo só. Afinal, as três esferas de poder estavam juntas e unidas. Além disso, Cabral foi taxativo em afirmar que nunca antes na história, o Rio de Janeiro havia recebido tantos investimentos financeiros como na atualidade. Hoje, já começo a me perguntar quais foram estes tão falados investimentos.
Navegando no retrospecto sinistro e sombrio em que embarcaram nossos governantes, Cabral e seu bando (incluindo o prefeito Eduardo Paes) resolveram institucionalizar a “orgia generalizada no poder público”, com base na suposta possibilidade de impunidade, reforçada pelo amparo dos governos federal e municipal. Me recordo da cena na qual o atual prefeito agradece veementemente ao governador o apoio e a vitória nas eleições, chegando, até mesmo, em um gesto de subserviência completa, a beijar a mão em público, em uma clara sinalização de quem mandava.
Não há segredo que, dito ou feito com duas ou mais pessoas, fique sepultado por muito tempo. E não há mentira ou fraude que suporte a pressão e o clamor da verdade. O maior problema de todas essas safardanagens públicas é que quem sempre tem o maior sofrimento é a população, que se vê mais uma vez enganada na ‘esperança de dias melhores’, afinal, UPPs que começam a desmoronar como se estivessem fincadas em um monte de areia movediça, UPAs que não funcionam, clínicas da família – que são mais uma fraude do governo municipal – e a Trans Oeste, que vai ser inaugurada com menos de 50% do projeto construído.
Politicamente, estou convencido de quem pagará por todos esses ‘pecados’ juntamente com o governador Sérgio Cabral é o seu afilhado Eduardo Paes. Em um ano de eleições municipais, Eduardo terá por obrigação explicar suas relações estreitas com Cabral, sem fugir ou esconder debaixo dos tapetes. Afinal, ele mesmo fez questão de anunciar a proximidade com o governador chegando a mandar seu secretário de Urbanismo acompanhar a caravana da orgia dos guardanapos na malfadada viagem à Paris. Eduardo terá que justificar à população os motivos de quatro anos de governo jogados fora sem absolutamente nada de concreto realizado na cidade do Rio de Janeiro. Vai ter que explicar a traição feita ao ex-prefeito Cesar Maia, – que foi quem o trouxe à vida pública, e a quem Eduardo tenta, de todas as formas, denegrir a imagem -, além de ter que responder a grande dúvida dos cariocas: será que essa união entre os governos foi tão boa assim?
Eduardo, Cabral e companhia precisam entender que o povo não é mais um cordeirinho que acredita em tudo que a eles estampam por aí. Não há comando em nosso Estado, assim como não há comando no município. No Rio, instalou-se um desgoverno, que persegue o servidor, humilha os pobres e se rende aos ricos. Estamos em uma ‘nau sem comando’, sujeitos à própria sorte. Por isso, sou categórico em dizer que “quando quem manda perde a vergonha, quem obedece perde o respeito”!