“Revisitar Lima Barreto, sem dúvidas – um dos nomes mais importantes da literatura brasileira do final do século XIX – é importante no processo de reconhecimento e revalorização das principais questões da afrodescendência hoje”, afirma Suzana Vargas, curadora e mediadora do Clube de Leitura CCBB 2024 que, em maio, reúne a historiadora Lilia Schwarcz e a pesquisadora Beatriz Resende para conversar sobre a obra do autor.
Entre os dias 11 e 12 de abril, o público escolhe, em votação aberta, no perfil do CCBB RJ no Instagram (@ccbbrj), entre os livros O homem que sabia javanês ; Os Bruzundangas; e Contos Completos de Lima Barreto, para a sessão que acontece na segunda quarta-feira de maio, dia 8, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro.
Para Suzana Vargas, falar desse escritor brasileiro de contos, sátiras e outros gêneros é trazer à cena uma produção literária que se distanciava muito da literatura produzida no tempo dele. “Sua ironia e sagacidade, aliadas a uma escrita limpa de adjetivações sem utilidade, extremamente oral, sem falsos moralismos e muitas vezes mordaz, abre caminhos para todas as questões ficcionais colocadas pelo pré-modernismo”, explica.
A escolha por Lilia e Beatriz para este encontro é por duas grandes leitoras de Lima Barreto, transformando este num momento único do Clube de Leitores que objetiva também recolocar em circulação os clássicos da literatura nacional, mostrando o frescor de modernidade que possuem.
Suzana Vargas reforça que Lima Barreto instala em seus textos, mesmo os mais divertidos e surreais , uma crítica feroz aos usos e costumes de uma determinada época brasileira. “Pode-se dizer dele que não ficou alheio às injustiças sociais da época. Infelizmente a morte o alcançou antes da fama”, lamenta Suzana.
SOBRE OS LIVROS
O homem que sabia javanês é um conto do escritor brasileiro Lima Barreto, que narra a história de Castelo, isto é, a forma que “havia pregado às convicções e às respeitabilidades, para poder viver”. Nesta história, Castelo expõe a seu amigo Castro como que, em meio a miséria do desemprego, fingiu saber javanês para conseguir um emprego que fora ofertado por um homem público, o Barão de Jacuecanga. Após conseguir o emprego, Castelo, por ser um dos únicos tradutores desse idioma – mesmo não o sabendo-, torna-se famoso. O conto suscita, à maneira lima-barretiana, críticas ao bacharelismo e à burocracia viciada. Foi publicado pela primeira vez no jornal Gazeta da Tarde, do Rio de Janeiro, e posteriormente incluído na coletânea O homem que sabia javanês e outros contos.
Os Bruzundangas é um livro publicado postumamente, em 1922. Os direitos autorais sobre as crônicas satíricas Notas sobre a República dos Bruzundangas ou Os Bruzundangas foram vendidos ao editor Jacintho Ribeiro dos Santos em 1917.
Contos Completos de Lima Barreto reúne todos os contos publicados em vida por Lima Barreto, resgatados através de pesquisa em edições originais, jornais e revistas da época, e mais dezenas de inéditos, retirados de seus manuscritos.
O encontro com Lilia Schwarcz e Beatriz Resende acontecerá no dia 08 de maio de 2024, às 17h30, na Biblioteca Banco do Brasil, 5º andar, do CCBB RJ, com entrada gratuita. O Clube de Leitura CCBB 2024 conta com o patrocínio do Banco do Brasil.
Os vídeos dos encontros ficam disponíveis, na íntegra, no YouTube do BB. O projeto vai até dezembro de 2024 e os dois primeiros encontros deste ano, com participação de Viviane Mosé, Eliana Alves Cruz e Marilene Felinto; Eliane Potiguara, Eliane Brum e Anapuaka Tupinambá já estão disponíveis.
