Antiga localidade de fazendas e chácaras, Jacarepaguá foi aos poucos perdendo seus poucos prédios históricos. Diferentemente dos bairros da Zona Norte, a região não era densamente povoada até meados do século 20. As poucas casas e construções estavam ligadas à área rural do município, em grande parte devido à distância do Centro e das linhas ferroviárias, importantes impulsionadoras econômicas e urbanísticas do Rio.
Uma das raras edificações históricas que resistiram ao tempo, localizada no bairro da Freguesia, está agora no centro de uma polêmica. O casarão histórico, situado na Estrada dos Três Rios, 1801 — quase na subida para a Grajaú-Jacarepaguá —, estava ameaçado de descaraterização como parte dos planos de modernização da escola que ocupa o imóvel. O antigo Centro Educacional Rio, agora administrado pelo grupo Ícone, passaria por uma grande obra estrutural, que derrubaria uma das mais antigas fachadas do bairro, feita de pedra com adornos coloniais sobre o portão.
A ameaça de demolição mobilizou a Associação de Moradores da Freguesia, que se posicionou firmemente contra a intervenção planejada. Segundo o projeto, um prédio de linhas retas e arquitetura moderna, com muros de blindex, seria erguido no local, apagando a personalidade histórica da construção. A manifestação dos moradores ganhou força nas redes sociais, com uma enxurrada de críticas à escola, especialmente na postagem em que a instituição anunciava a nova unidade.
A pressão social surtiu efeito, e a escola decidiu rever seus planos. Em nota, a instituição declarou: “A escola, antes de solicitar o projeto, verificou se a construção era tombada, e a resposta foi negativa. O intuito era realmente trazer um aspecto mais moderno ao ambiente escolar. O casarão que fica dentro da escola está sendo preservado e reformado. Porém, reconhecemos que poderíamos ter analisado a questão com mais cuidado e pesquisa. E, diante da importância que a fachada tem para o bairro da Freguesia, assumimos o compromisso de refazer o projeto, de modo que se preserve essa arquitetura histórica.”
A Associação de Moradores da Freguesia enviou um ofício ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) solicitando a avaliação para o tombamento da fachada. O DIÁRIO DO RIO entrou em contato com a Prefeitura para obter mais detalhes sobre a situação. No entanto, até o fechamento desta reportagem, não recebemos resposta.