Colégio Padre Antônio Vieira, no Humaitá, vai virar um condomínio residencial

O novo residencial surgirá respeitando a história do Rio de Janeiro: o prédio histórico da escola, a famosa casa amarela, será mantida e será uma das áreas comuns do empreendimento que traz novidades para o mercado pelas mãos femininas de Tanit Galdeano

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Dentre os 73 lotes que serão apregoados pela casa de leilões, está o Sino Original, de 1949, que orientava os alunos e professores quanto aos horários de entrada saída e recreio / Foto: Reprodução da Internet - Site Leiloeiro

Fundado em 1940, o tradicional imóvel do Humaitá que abrigava o Colégio Padre Antônio Vieira vai dar lugar a um empreendimento imobiliário com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2024. O espaço de 2.648,8m2 foi oferecido com exclusividade pela família proprietária para Tanit Galdeano, presidente da TAO Empreendimentos e vai virar um residencial com estilo contemporâneo e traços clássicos com 92 unidades e VGV de R$ 130 milhões. O projeto único já tem nome: H.U.M. Os defensores do patrimônio histórico também têm algo a comemorar: a bonita casa amarela tombada, que abrigava parte do colégio e fica no meio do terreno, será totalmente restaurada e fará parte de um dos espaços coletivos do empreendimento.

Queremos fazer esta transição de forma muito respeitosa e até a escolha do escritório de arquitetura foi assertiva porque levamos em consideração a importância da afetividade. Sabemos da relevância da instituição pra memória das famílias cariocas e, no que depender da TAO, o colégio viverá para sempre”, comenta Tanit Galdeano, presidente da empresa. No leilão, ocorrido no fim de 2023, a TAO arrematou algumas placas em bronze e um quadro com o brasão da escola para incluir na decoração do casarão reformado.

O escritório dos premiados arquitetos Celso Rayol e Fernando Costa, Cité Arquitetura, assina o projeto. Celso é pai de ex-aluno do colégio e trouxe diversas referências que serão aplicadas. “Quando você entrava, já escolhia a cor do seu time para as Olimpíadas, que podia ser vermelho ou azul. Mas era uma competição muito salutar e tinha tanto afeto, que os alunos, mesmo saindo do colégio, voltavam só para torcer pelos times”, comenta. Segundo Celso, toda essa atmosfera será reproduzida no novo empreendimento, trazendo referências que passam pela coloração da casa até o vermelho e azul das competições. “Já assinamos obras emblemáticas para a cidade, como o retrofit do Hotel Glória, e o desafio é não perder nunca a alma do lugar. E é exatamente isso que eu e meu sócio, Fernando Costa, procuramos nesse desafio dado pela TAO: desenvolver um lugar que fale de forma contemporânea e respeitosa, sem deixar de tocar sensivelmente esse passado tão nobre do espaço”, destaca o arquiteto.

O retrofit vem na esteira de um grande movimento no meio da arquitetura e urbanismo, que requalifica espaços históricos da cidade e dá nova vida às construções. A preservação do casarão localizado no centro do terreno, um bem tombado, acabou tornando-se um grande articulador no caso desse projeto, abrigando áreas de uso comum e apartamentos. Sua presença definiu o tom e o diferencial do empreendimento, que ainda conta com dois terraços com áreas de lazer e vista para o Cristo Redentor.”, comenta Fernando Corta, arquiteto e sócio da Cité Arquitetura.

História da escola se mistura com a da elite carioca

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O padreco foi um dos colégios mais tradicionais das Zona Sul do Rio de Janeiro. Até o ano de 1992, o colégio particular promovia o ensino católico só para meninos, baseado em modelos pedagógicos de escolas inglesas e, a partir do início da década de 90, passou a admitir a matrícula de meninas. Em 2022 a escola fechou as portas, deixando saudades aos alunos, que disputaram recentemente itens da escola em um leilão promovido pelos antigos donos. No início de 2023, o prefeito Eduardo Paes aceitou o apelo da comunidade e tombou o espaço, que ficaria sem destino e manutenção, se não fosse pela iniciativa privada. Havia possibilidade de um espaço com a memória riquíssima ser totalmente destruído.

Para as incorporadoras, equacionar esse processo é mais complexo e mais caro do que erguer um empreendimento do zero. Mas, de modo geral, vale a pena. Quando partimos da premissa que o coração do projeto é o bem preservado, tende-se a se revelar um projeto coeso, dando a ele sua a devida importância. Para mim, que atuo no setor há mais de 20 anos e sempre estive imersa nesse mercado, enxergo como uma grande oportunidade”, Tanit Galdeano, presidente da TAO.


Uma médica, amante de arte e carnaval, mudando o setor imobiliário no Rio de Janeiro

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Foto: Alex Ferro / Danthi

Formada em Medicina e com tino para negócios, Tanit Galdeano fundou a TAO há 21 anos, após herdar terrenos icônicos do pai, Antonio Galdeano. É hoje uma das poucas mulheres a liderar empresa do segmento de incorporação e construção no Rio de Janeiro. Além de empresária, entusiasta das artes plásticas, figura constante na alta roda da cidade, Tanit também é grande entusiasta do Carnaval carioca, onde toca chocalho na bateria da Grande Rio há mais de 20 anos.

Na Zona Norte, a TAO comemora um legado de projetos de alta qualidade arquitetônica, como o Casa Gabizo, condomínio residencial situado em um dos pontos mais nobres da Tijuca, a área comum ocupa uma casa tombada, espaço que também compõe o empreendimento e mescla a arquitetura contemporânea com a clássica. E o Faces, na Penha, que mudou a realidade residencial e comercial do bairro, criando um boulevard com lojas e eventos.

Em 2024, a empresa comemora a sua consolidação na Zona Sul da cidade, disputando com grandes como Gafisa e Cyrela o mercado de alto padrão da região. Dentre as obras em desenvolvimento, além do HUM, no Humaitá; destaque para o Jardim Pindorama, onde ficava a Casa Rosa, na Gávea, que vai ser um condomínio de sete casas com projeto de Erick Figueira de Mello e Sérgio Conde Caldas; e o Epitácio, localizado na Lagoa, que será vendido pronto e recebeu no final de 2023 o Prêmio Destaque Ademi por seu projeto.

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