Medo. A palavra, sozinha, já desperta incômodo em muita gente. Esse desconforto quase que imediato pode ativar alguns gatilhos que todos nós temos como seres humanos. E, por isso, resolvi abordar esse tema hoje.
O medo é uma emoção completamente natural, que surge em diversas situações. Sentir faz parte da vida e reconhecer o que se sente é fundamental para gerar maturidade emocional, autonomia sobre as próprias escolhas e também comando sob a própria vida. Isso nos traz uma atitude interna para discernir o que deve nos paralisar do que deve apenas ser olhado com atenção e cuidado.
Se formos analisar a emoção do medo, ela só existe para nos proteger. Se trata de um mecanismo de proteção, que nos mantém vivos. Sem medo, nós não teríamos senso de perigo algum, nem para atravessar a rua. Ele acontece de forma natural sem que possamos controlar sua chegada. Ativa partes do cérebro que libera substâncias que disparam o nosso coração, encurtam nossa respiração reduzindo naturalmente a oxigenação do sangue, além de outras respostas fisiológicas.
Sendo assim, já identificamos que sentir medo é estar saudável. Nada é de todo negativo ou positivo. A harmonia – o equilíbrio – é que nos mostrará o quanto algo é benéfico ou nocivo a nós.
Por isso, o reconhecimento e acolhimento do que se sente é imprescindível. E não negar o que se passa internamente. Se esse medo te impossibilitar de fazer algo, se ele te paralisar, aí sim é preciso trabalhar essa emoção.
E a respiração é uma grande aliada nesse processo fisiológico para que não sejamos dominados por essas alterações internas. Trazer o controle dela, exalando mais comprido vai ativar seu sistema responsável pelo relaxamento interno do corpo e reduzir as liberações de substâncias que podem se tornar nocivas.
Não tem nada de errado em sentir medo. O que você faz com o que sente é que vai determinar as cenas que virão a seguir deste sentimento.
Já ouvi dizer que a coragem é o oposto do medo, mas eu discordo veementemente. Não acredito na substituição de um pelo outro. Defendo que ambas as emoções caminham juntas.
A escritora Brene Brown, renomada pesquisadora sobre sentimentos de vulnerabilidade e liderança, defende que “coragem não é ausência de medo. E que sem medo, não há coragem!”
Outro pesquisador que tem um olhar sobre esse tema interessante é Gordon Neufeld, psicólogo canadiano, que afirma que a coragem não é um sentimento por si só, mas a combinação de duas emoções opostas: o medo e o desejo. Gordon explica que a coragem é considerada uma virtude, porque exige que sintamos medo e escolhamos avançar na mesma.
Entendendo a natureza do medo, o propósito dele existir, e que a coragem também faz parte de nós independente dele, é momento de refletir. Um bom começo é reconhecer internamente essas forças e o quanto desejamos algo que mesmo com a presença dele podemos lidar com firmeza, dar uma mão para o medo, a outra para a coragem e seguir em frente com seus aliados e não inimigos.
E aí? Que tal acolher seu medo, retomar sua coragem para começar algo novo ou começar a transformar algum hábito ou aspecto da sua vida?