O dia dos namorados vai se aproximando e percebo a minha volta já aquela ligeira ansiedade de quem não tem um “namorado” para chamar de seu. Quem já não viveu isso diretamente ou indiretamente através de alguma amiga? Vão surgindo movimentos muitas vezes forçados para que “relações casuais” se estabeleçam como um compromisso.
Resolvi então trazer algumas reflexões sobre o tema, pois entendo que uma sociedade que se mostra tão adoecida emocionalmente só possa acabar por construir relações amorosas também adoecidas.
De que espaço você tem se relacionado? Qual parte de você tem sido apresentada ao outro? Você realmente está em uma relação que te faz bem?
Quando a maior parte das pessoas começa a se relacionar, o que elas fazem? Elas se mostram em sua melhor versão e muitas vezes escondem aquilo que consideram o seu pior, porque querem envolver, conquistar. É a construção de um grande personagem. E, na minha opinião, aí é que mora o grande perigo.
O outro realmente estará se relacionando com a verdade do outro? E quando ele se deparar com o outro lado escondido?
Não seria mais prudente e verdadeiro mostrar ao outro a nossa verdadeira face, o nosso verdadeiro eu para que possamos construir algo realmente consistente? Ninguém quer se relacionar com mentiras. Se o outro ficar, é porque gostou da sua verdade e escolheu querer viver ao lado de tudo que você pode de fato oferecer. E não estou falando de coisas, mas de sentimentos, de comportamento, da sua alma.
Outra reflexão é sobre o que te move estar ao lado de alguém. Não deveria ser sobre ter um relacionamento amoroso ou uma companhia, e sim sobre construir uma relação saudável, honesta, recíproca e, acima de tudo, verdadeira. Onde exista soma entre as partes. Infelizmente, percebo ainda muitas relações estabelecidas na subtração, onde um pode e o outro não, onde tudo é na base do controle, da chantagem emocional e por aí vai. Relações doentias não fazem bem a ninguém. Especialmente porque costumam se basear em posse, em ter e não em ser, que é a grande virada. Quando se percebe que ninguém possui ninguém, que somos livres para SERmos o que quisermos, a consciência das relações muda.
Eu, sinceramente, não acredito nesse lance de metade da laranja, tampa de panela. Somos essencialmente pessoas inteiras, e inteiros se relacionam com inteiros, e aí a magia pode acontecer!
É sobre escolher diariamente que estar ao lado daquela pessoa é infinitamente melhor do que estar sozinha. Porque você a admira e se sente inspirado a ser melhor. Alguém com quem se compartilhe uma vida, e que não precise ser uma muleta para ela.
Outra busca incansável que vejo é buscar que o outro seja fonte de felicidade na sua vida. Não podemos depositar, nem responsabilizar o outro por nossa felicidade, porque fatalmente isso não vai dar certo mais cedo ou mais tarde.
Amor não é procura e sim encontro. Assim como conexões verdadeiras simplesmente acontecem quando nos permitimos realmente ser vistos.
O maior compromisso de todos em primeiro lugar deve ser com a gente mesmo. Com a nossa felicidade, com tudo aquilo que nos permite ser livres para viver o que sentirmos de viver. E encontrar outro compromissado com a própria felicidade e liberdade pode dar um super match de almas, e aí quem sabe surgir uma relação amorosa?