Comer pizza nunca mais será a mesma coisa depois das adaptações nada ortodoxas do paraibano José Adailton. O pizzaiolo de 32 anos, que assim como muitos de sua terra natal, saiu para tentar a sorte no Rio de Janeiro, apostou em sabores inusitados para conquistar o público de Bangu, na Zona oeste, bairro onde reside. Entre as opções no menu: pizza de fígado, pizza de pé galinha, pizza de fandangos, entre muitas outras invenções para lá de mirabolantes (veja abaixo). Para os conservadores, as tradicionais calabresa e mussarela também compõe o menu.
José trabalhou como colaborador em diversas lanchonetes e restaurantes, experiência que o permitiu ser proprietário de uma lanchonete, a “Pará Lanches”, que nos últimos tempos viralizou nas redes sociais pelo bom humor com que toca os negócios. Em sua página no Instagram, são mais de 24 mil seguidores que se divertem com as pizzas e com as brincadeiras, que incluem ações de marketing ousadas, como a entrega dos lanches a cavalo.
Ele conta que a ideia surgiu quando alguns de seus funcionários queimavam as pizzas. Ele resolveu fazer da sua indignação, e da inabilidade dos empregados na cozinha, uma forma de divulgação. Depois de postar na internet a iguaria que passou do ponto, o empresário foi surpreendido com a quantidade de compartilhamento da publicação, muito mais do que os lanches em bom estado. O impacto pelo absurdo.
“Sempre fui uma pessoa bem humorada, e por isso postei as fotos das pizzas com sabores diferentes, mas não esperava essa proporção toda. A ideia era uma brincadeira para dar engajamento, assim como a ideia da entrega de cavalo. Os sabores especiais são mais para internet mesmo para atrair clientes para nossa página”, relata José.
Caiu do cavalo
Deu certo. os negócios iam de vento em popa, com faturamento de até R$ 2 mil por dia e a contratação de quatro funcionários para a empresa. Mas em maio deste ano, uma das “campanhas de publicidade” acabou resultando em um acidente que afastou José do empreendimento. Ele quebrou o braço após cair de um cavalo, durante a gravação de um vídeo para as redes do Pará Lanches.
José teve que ficar ausente da lanchonete por mais de 60 dias, o que acabou fazendo com que as vendas despencassem. Sem conseguir arcar com as contas e ver a debandada de funcionários, ele teve que vender seu maquinário e, por fim, se viu obrigado a fechar as portas.
“Tive que entregar o imóvel e hoje estou morando em uma kitnet com apenas uma cama. Os amigos que antes me chamavam para baladas, sumiram! A situação está muito difícil e tudo que eu queria era retomar meu negócio, que tanto levava alegria para as pessoas“, diz José que ainda chegou a trabalhar mesmo com o braço ainda debilitado.
“Tentei salvar o empreendimento, mas não consegui. Só conseguia trabalhar com uma mão, fiquei sozinho, pois não consegui mais pagar os funcionários. Coloquei pinos no braço e ainda estou me recuperando“, afirma.
Vaquinha Virtual
Na tentativa de reabrir o Pará Lanches, José resolveu criar uma vaquinha virtual para angariar fundos e poder retomar a vida. A meta é arrecadar R$ 10 mil mas, pelo menos por enquanto, a campanha arrecadou pouco mais de R$ 140.
Mesmo diante das dificuldades, José não joga a toalha e revela que as expectativas para o futuro da lanchonete são as melhores. Ele relembra os bons momentos que conseguiu com o engajamento das postagens e projeta uma volta por cima na carreira de empreendedor.
“Quero voltar e pode ajudar a minha família na Paraíba. É meu sonho. Não vou desistir e conto com a ajuda de todos para continuar levando bom-humor e lanches para as pessoas“, conclui.
Não era lucro, venda bruta. Para pagar, fornecedores, funcionários, aluguel e tudo mais, o que sobrava que era lucro.
Lucro de 2 mil por dia ia pra onde?