Como a escassez de fertilizantes afetará a produção de soja no Brasil

A nível global a exportação da soja no Brasil em 2022-23 está prevista para os 87 milhões de toneladas

Alto Paraíso (GO) - Plantação de soja em área do município de Alto Paraíso (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

A Economia Brasileira, é grandemente influenciada pelos negócios agrícolas, contribuindo com pelo menos 4% do PIB total do país anualmente. Ao longo dos anos a Agricultura tem constituído aproximadamente 9% do emprego total no Brasil. Tendo em conta que após 2016 as grandes empresas agrícolas começaram a investir na sua expansão, após a legislação brasileira ter sido alterada com o intuito de favorecer as empresas ainda mais, estas têm cada vez mais competindo com as fazendas familiares, que ainda hoje são o tipo de fazendas dominantes no Brasil. A quantidade de fazendas familiares no Brasil, rondam aos 4,4 milhões, representado dessa forma cerca de 85% das fazendas do país.  

Com a invasão Russa à Ucrânia em fevereiro de 2022, o mundo deparou-se com a necessidade de tentar influenciar a Rússia a cessar as suas operações militares, o que de forma inesperada atingiu a agricultura brasileira. Ao analisar os dados de 2021 podemos chegar à conclusão de que o Brasil é o maior importador de fertilizantes do mundo, tendo nesse ano importado mais de 20% do seu fertilizante da Rússia, devido à sua alta qualidade e preço reduzido. No entanto com o desenrolar dos acontecimentos, e com a aplicação das sanções económicas à Rússia, os preços do fertilizante elevaram, tendo o Brasil considerado esses novos preços, muito caros.

A utilização excessiva de fertilizantes, na agricultura brasileira, dá-se à falta de nutrientes nos seus solos, dificultando assim a sustentabilidade das safras à medida que elas se desenvolvem, criando assim a necessidade aos agricultores brasileiros a importação de cerca de 80% dos fertilizantes que aplicam nos seus solos. 

Um desses fertilizantes é a Uréia, que é abundantemente usada nos fertilizantes como fonte de Nitrogênio (N), sendo que é um nutriente indispensável para o crescimento das plantas, a elevada deficiência de nitrogênio prejudica as plantas.

A deficiência de nitrogênio e o fósforo, que juntamente com o nitrogênio e potássio, é um dos elementos mais importantes para as demais variadas culturas, impulsionando além do fortalecimento das raízes, também a maturação das plantas e o desenvolvimento das sementes. O fósforo protege também a planta contra o clima e as secas, fortalecendo o seu sistema radicular.

Outro nutriente chave dos fertilizantes comerciais é o potássio, que por sua vez ajuda as plantas a fortalecer as suas capacidades imunológicas, desempenhando um papel chave na qualidade geral das culturas bem como no aumento do seu rendimento.

Sendo que o solo com o decorrer do tempo acaba perdendo a sua riqueza de nutrientes, por vários motivos, sendo um deles a chuva, que arrasta os nutrientes, a agricultura moderna acaba por depender fortemente da utilização de fertilizantes.

Grande parte destes fertilizantes acabam sendo aplicados no cultivo de soja, café, entre outras culturas. A soja, por exemplo, é extremamente dependente dos fertilizantes, utilizando até 40% dos fertilizantes do país, dos quais 85% são importados. Na deficiência de nitrogênio de soja, as folhas de soja ficam de cor verde claro ou mesmo amarela a partir da camada inferior. A deficiência de nitrogênio no tomate, milho e café também muda a cor das folhas. Na deficiência de nitrogênio em tomate, as folhas de tomate são pequenas, de cor amarelo-esverdeada e as veias na parte inferior da folha têm uma tonalidade vermelho-azulada. 

A escassez de fertilizantes no Brasil tem um impacto gigante e muito prejudicial à agricultura brasileira, estimando-se que a expansão do plantio da soja seja delongada na temporada de 2022-2023, aumentando em apenas 0,5% em contraste com os 3.8% do ano anterior, com uma área de plantio estimada nos 42,5 milhões de hectares, comparada com 40,7 milhões de hectares em 2021-2022

É estimado que em certas partes do Brasil, tal como na região do Centro-Oeste, poderia ser alcançada uma redução nos fertilizantes de 15% com um impacto de apenas 5% do rendimento. São também estimadas que em 2022-23 deverão ser processadas aproximadamente 48.5 milhões de toneladas de soja, apresentando um aumento de pouco mais que 2%, sendo que a expansão prevista do plantio de soja está delineada com uma taxa média de crescimento de 5 anos. O farelo de soja, um subproduto do processamento da soja, está estimada nas 37,5 milhões de toneladas, em contraste das 36,85 milhões de toneladas estimados em 2021-22 com uma previsão do aumento no consumo doméstico do farelo de soja por volta de 1% nesta temporada tal como nas próximas.

Por sua vez o óleo de soja, tem uma estimativa de produção que ronda as 9,8 milhões de toneladas, esperando-se que o consumo do óleo aumente para 8,1 milhões de toneladas comparado com os 8 milhões de toneladas da temporada atual.

A nível global a exportação da soja no Brasil em 2022-23 está prevista para os 87 milhões de toneladas, 10 milhões de toneladas acima da previsão no ano atual.

Advertisement

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui