Considerado a ‘cicatriz’ do Rio Comprido, Elevado Paulo de Frontin completa 50 anos em 2024

Idealizado na década de 1960, o elevado foi um dos fatores que contribuíram para a decadência do bairro ao longo dos anos

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O movimentadíssimo Elevado Paulo de Frontin, também conhecido como Viaduto Engenheiro Freyssinet, completa cinco décadas de existência em 2024, marcando uma trajetória repleta de desafios e superações. A via elevada, localizada no bairro do Rio Comprido, na Região Central do Rio, tem com 5,2 quilômetros de extensão e é uma das principais ligações entre a Grande Tijuca e a Zona Sul do Rio, representando um marco na mobilidade urbana da cidade.

Idealizado na década de 1960 como parte do Plano Doxiadis, o projeto do viaduto sobre a Avenida Paulo de Frontin começou a sair do papel em 1969, durante a gestão de Negrão de Lima. Apesar dos protestos dos moradores locais, as obras tiveram início com previsão de conclusão para abril de 1971, num esforço para acelerar o progresso da cidade.

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Entretanto, em 1971, um trágico desabamento abalou a construção. Uma parte da estrutura cedeu enquanto estava sendo erguida sobre a Avenida Paulo de Frontin, resultando no soterramento de 48 pessoas e na perda de vidas. Esse incidente levou a uma profunda reflexão sobre os métodos de construção empregados e gerou questionamentos sobre a segurança da obra.

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Após meses de investigação e intervenções de engenharia, as obras foram retomadas em setembro de 1972. Além da reconstrução do trecho desmoronado, foi realizado um reforço estrutural em toda a extensão do viaduto. Essa fase incluiu a interdição da Avenida Paulo de Frontin para instalação de andaimes e escoras, garantindo a estabilidade da estrutura durante as obras. O fechamento da avenida acabou gerando um dos maiores congestionamentos da história da cidade.

Finalmente, em 28 de dezembro de 1974, o Elevado Paulo de Frontin foi inaugurado, representando um marco de perseverança e resiliência na história do Rio de Janeiro. Sua importância para a mobilidade urbana da cidade é indiscutível, conectando vias importantes, como a Linha Vermelha à Zona Sul e facilitando o deslocamento entre diferentes regiões.

Do progresso à desvalorização

Apesar de sua significância para o transporte carioca, o viaduto também foi associado à desvalorização do bairro do Rio Comprido, onde parte de sua extensão está localizada. Considerado por muitos como uma “cicatriz” urbana, o elevado foi um dos fatores que contribuíram para a decadência do bairro ao longo dos anos. O Rio Comprido foi um dos locais que mais sofreram com os efeitos das intervenções urbanas realizadas no município. Até a década de 1960, a Av. Paulo de Frontin era uma rua arborizada, com bons e belos sobrados e alguns edifícios de apartamento ao longo da avenida, com o rio que corria no canal ao centro dividindo a avenida em duas pistas. No início dos anos 1970, antes do início das obras, continuava a ser um bairro agradável de classe média. 

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As limitações a entrada de luz natural, a vista para o elevado, o barulho e a poluição levaram muitos moradores a abandonar o local. Até meados do século XX, o bairro foi uma área de casas imponentes e belas residências, contudo, uma grande obra infra-estrutural que viria alterar completamente a situação da região. A paisagem foi drasticamente afetada, principalmente sua avenida principal que perdeu o charme da alameda fluvial rodeada por imponentes palmeira. Em 2020, o Rio Comprido teve a marca da segunda maior desvalorização do metro-quadrado do Rio.

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14 COMENTÁRIOS

  1. Aí está uma bela questão para os urbanistas atuais. Que o elevado torna o bairro sombrio não há dúvida. Sempre que passo por ali e vejo a arquitetura das casas, imagino como deveria ser. Tenho uma amiga que vivia em uma casa na avenida Paulo de frontin e dizia que era um lugar agradável. Seria bom voltar a ser assim. O viaduto , por outro lado, mal comporta o tráfego atualmente, não tem manutenção, mas ainda facilita a locomoção na cidade…

  2. Antes tivessem derrubado casas e predios e duplicado as pistas. Fariam vias expressas no centro, talvez com elevados apenas no cruzamento com vias principais ( estrela e haddock lobo) para manter a via expressa.

  3. Destruiu o bairro. Moderno para a época, arquitetura hostil e antiestética para os dias de hoje. E ainda se encontra sem manutenção estrutural, com samambaias e outros vegetais brotando das juntas de dilatação.

    Para constatar, basta passar pela Av. Paulo de Frontin e olhar para cima. São anos sem manutenção.

    Os moradores do Rio Comprido sonham com o dia em que esse monstrengo tenha o mesmo destino da Perimetral. Exceto pelas vigas…

  4. Esse povo que critica deve ser o mesmo q utiliza esse atalho pra zona sul, como protesto poderiam fazer outro caminho mais longo. Haja paciência.

    • Obviamente quem fica de mi-mi-mi definitivamente não viveu na época e não tem a mínima idéia da volta que se dava para se chegar na Francisco Bicalho…quer reclamar de feiura?Reclame das favelas q enfeiam e destroem a natureza…

    • Meu pai ,quanta limitação!Essa era a melhor solução?a cidade ganha mais um bairro degradado ,então tá tudo bem pq existe lugar pior?Toda vez q chegar num impasse a solução sempre vai ser a mais porca?obviamente existem outras soluções .Cidades em todo mundo passaram décadas construindo elevados e viadutos e etc e continuam com o mesmo problema de trânsito.A ampliação da via e um viaduto teria o mesmo resultado,mas sem degradar mais um bairro.

  5. Poderiam fazer um boulevard embaixo do viaduto em toda sua extensão. Podia ter áreas verdes, ciclovia, parques e pequenas lojas.

    Olhando o antes e depois, a situação ficou deplorável mesmo. Antes parecia um excelente lugar pra morar.

  6. Durante a ditadura militar.
    Contra a vontade dos moradores a ditadura empurrar uma obra que estava na cara que não era uma boa ideia, e fica por isso mesmo.
    Claramente um projeto em que mostra como querem afundar o Rio de Janeiro.

  7. Ah esses jornalistas…
    O elevado não é ” também conhecido como Engenheiro Freyssenet”, mas sim, o Elevado Engenheiro Freyssenet (este é o nome do logradouro), também conhecido como elevado Paulo de Frontin (por se sobrepor a av. Paulo de Frontin).

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