Construtora Cury vende 1 bilhão em 2021 e dobra de tamanho no Rio

Em entrevista ao DIÁRIO DO RIO, vice-presidente Comercial da Cury fala sobre o crescimento da empresa no Rio de Janeiro e os novos desafios do mercado imobiliário no pós-pandemia, assim como do grande sucesso obtido no Porto Maravilha

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Vice da Cury da entrevista ao DdR | Foto: Rafa Pereira - Diário do Rio

Paulistana de nascimento, mas carioca de coração, a Cury Construtora tem uma história que se confunde com a da Capital Fluminense. Passando por momentos de provação ao longo dos anos, até a sua absoluta consolidação no mercado imobiliário da Cidade Maravilhosa, a Cury vem apostando em um nicho pouco explorado no Rio para alavancar ainda mais suas marcas, e descobriu recentemente no Porto Maravilha uma fonte de sucessos praticamente inexplorada. “O carioca torceu como nunca pelo sucesso do Rio Wonder“, diz Leonardo Mesquita, vice-presidente comercial da empresa, numa entrevista exclusiva para o Diário do Rio em que fala dos planos da companhia de capital aberto.

A corporação vem expandindo sua área de atuação com seus empreendimentos acessíveis e impressionando a todo o mercado imobiliário pelo grande crescimento atingido, mesmo diante da crise econômica, e até mesmo da pandemia do novo coronavírus. Impulsionada por sucessos recentes como o disputado Rio Wonder – que deixou os maiores especialistas do setor de orelhas em pé – primeiro residencial da Zona Portuária, e que vendeu mais de 1,2 mil unidades em pouco mais de quatro meses, e pelo êxito do Orla Recreio na outra ponta da cidade maravilhosa, a construtora vem simplesmente triturando recordes.

Somente neste ano, a Cury mais que dobrou suas cifras com lançamentos, saltando de R$ 456 milhões (2.400 unidades), em 2020, para 1 bilhão (4 mil unidades), em 2021. A empresa acabou apresentando um crescimento de 126% sobre o Valor Geral de Venda (VGV). Cifras que impressionam.

O número de imóveis vendidos é outro que chama atenção, foram 2.421 unidades vendidas em 2020, representando R$ 460 milhões para a companhia. Isso frente a 1 bilhão, com 4.381 unidades comercializadas, em 2021. Um crescimento de 118% sobre o Valor Geral Vendas (VGV), impulsionado fortemente pelo investimento numa área que o construtor médio do Rio vinha considerando indesejável, e que acabou se transformando num mapa do tesouro para a Cury: o Porto Maravilha.

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Diante desse cenário, o DIÁRIO DO RIO entrevistou Leonardo Mesquita, que no escritório da construtora, no Centro do Rio, falou sobre o sucesso da empresa, os desafios que enfrenta e os seus planos para o futuro.

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Vice-Presidente Comercial da Cury Construtora, Leonardo Mesquita | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

DDR: Como foi o início da Cury, saindo de São Paulo, até a consolidação no Rio?

Leonardo Mesquita: A Cury é uma empresa familiar, formada nos anos 60, em São Paulo, por imigrantes Libaneses. É uma empresa que sobreviveu a muitos cenários. Somos uma empresa que teve uma ligação muito forte com o milagre econômico. Passou por dificuldades nos anos 80, com os anos 90 um pouco melhor, transitando, em alguns momentos, por outros perfis de renda até mesmo para manutenção da empresa, porque o mercado imobiliário praticamente morreu em determinados momentos desse período. A partir dos anos 2000, com a retomada da economia, a Cury voltou às suas origens, fazendo empreendimentos econômicos em São Paulo e voltando a ganhar um pouco de corpo. Em 2006, nós tivemos um amadurecimento do mercado imobiliário brasileiro no geral, com algumas empresas abrindo capital. De 2007 para cá, quando tivemos a criação da Cury S/A (fruto de uma joint-venture entre Cyrela Brazil Realty e Cury Empreendimentos), começamos a ter mais punch econômico. Em 2010, nos instalamos no Rio de Janeiro, tendo sempre como grandes mercados o Rio e São Paulo. A gente veio crescendo ano a ano, no volume de lançamentos e no volume de vendas. E no ano passado, dentro de uma realidade nova, a Cury abriu capital e no mesmo ano bateu seu recorde de lançamentos e vendas.

DDR: O lançamento do Rio Wonder foi uma grande estratégia de marketing para a Cury? Vocês ficaram muito conhecidos a partir dali.

Leonardo Mesquita: A gente está há 12 anos com a Cury no Rio de Janeiro, e há pelo menos uns 5 anos temos números que giram em torno de 300 a 450 milhões, vendendo e lançando. Números que para o Rio de Janeiro, ainda mais passados os momentos difíceis que tivemos aqui, são muito bons. A Cury vem com esse patamar durante alguns anos, mantendo uma estabilidade de lançamentos nessas cifras. A gente vinha com uma média entre 4 e 5 lançamentos por ano; mas só em 2021, a gente vai bater 11. Isso já nos credencia como uma das melhores do Rio, mantendo essa regularidade em relação às demais construtoras. Só que esse ano, com o lançamento do Porto Maravilha, as coisas realmente mudaram de patamar.

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Leonardo Mesquita: ‘trabalhamos no segmento de média renda do carioca” | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

DDR: Houve algum planejamento específico para atrair o público?

Leonardo Mesquita: A gente trabalhava basicamente no segmento econômico da cidade; a gente resolveu mudar um pouco essa estratégia e começar a buscar regiões melhores, mais centrais, entendendo que faltava no Rio uma construtora que pegasse esse perfil de cliente, que a gente chama de econômico, mas é também uma classe média, quando se fala no perfil de renda de R$8 a R$ 10 mil por mês. No Rio, tem muita gente focada no segmento de baixa renda, e no de altíssima renda, mas você tem muito pouca gente hoje trabalhando nesse segmento de média renda do carioca. A gente entendeu que o lugar mais carente era a Zona Norte, e quando a gente fala Zona Norte, é Zona Norte/Centro: talvez estes sejam os lugares mais carentes do ponto de vista de ofertas de imóveis. Já no passado a gente começou a olhar esse mercado. Esse ano, a gente fez lançamentos em regiões com pouca oferta de imóveis, como São Cristóvão, onde tivemos dois lançamentos. Lançamos também em Ramos. No fim do ano passado, lançamos em Bonsucesso, e estas são regiões pouco exploradas do ponto de vista do mercado imobiliário. Além de Recreio e Centro, temos previsão de lançamentos para o ano que vem (2022) em locais como Irajá e Vista Alegre, Jacarepaguá, Cachambi, pontos onde o potencial é impressionante.

DDR: A que você atribui o sucesso do Rio Wonder?

Leonardo Mesquita: Primeiramente, as pessoas em geral acreditam que, sem dúvida, é uma região que só pode melhorar. Em segundo lugar, a região central da cidade é muito carente de bons empreendimentos, e aí eu falo de bairros centrais, como: Lapa, Glória, Santo Cristo, São Cristóvão. Pouco existe a oferta de imóveis novos nessas regiões. As pessoas querem morar no Centro, mas elas querem um apartamento num empreendimento mais moderno, onde você tenha uma academia, uma quadra, um salão de festas legal. Desta oferta de residências de qualidade e novas, a região é muito carente. Se você perguntar para qualquer pessoa quais foram os últimos lançamentos nessas regiões, as pessoas ainda citam o Cores da Lapa, que já tem 21 anos. A nossa tese com o Rio Wonder era essa: essa demanda muito reprimida, de muitos anos. Por isso a gente apostou que ia conquistar o carioca com o Rio Wonder. A grande surpresa [em relação ao Rio Wonder] foi que tivemos compradores da Baixada, de São Gonçalo, de Niterói, de Campo Grande, e até da Zona Sul. É um local que atraiu pessoas de várias partes do Rio. Porque você está muito próximo ao Centro, e você tem uma infraestrutura muito boa, que não existia no loca. E hoje, [no Centro] você não tem aquela sensação de insegurança de outros locais da cidade. Imagine você pegar um VLT e estar no coração da cidade em 10 minutos? Isso é a qualidade de vida que as pessoas querem.

DDR: Que tipos de dificuldades se enfrentam ao investir em regiões pouco exploradas pelo mercado imobiliário?

Leonardo Mesquita: A Zona Norte do Rio, por exemplo, tem uma legislação que não é fácil, e a discussão do novo Plano Diretor tem visto isso. A gente virou nosso canhão para essas regiões, mas é muito trabalhoso para a gente conseguir botar produtos na rua. São terrenos, às vezes, com contaminação e você tem um gabarito que não é tão permissivo ou um aproveitamento de terreno que não é tão bom. São questões que vão contra o que a própria prefeitura quer, que é habitar a Zona Norte. Isso sem contar o adensamento da Zona Norte, que é muito menor que na região central. Para o Porto, por exemplo, se fez uma legislação especial em que se privilegiou o adensamento.

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Leonardo Mesquita: Na Zona Norte as coisas são muito trabalhosas e difíceis | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

DDR: O adensamento é o grande desafio nas áreas de atuação da Cury?

Leonardo Mesquita: Adensar é economizar. Você, adensando, tem menos infra, você cria uma rede de serviço melhor, porque você tem muito mais gente para atender dentro daquele mesmo local com o mesmo serviço. O adensamento tem um ciclo positivo, porque quando você aglomera um certo número de pessoas você cria uma massa crítica para o serviço ficar melhor, para que a região absorva coisas positivas e você tem o Poder Público com menos necessidade de gerar infra nova para essas regiões. Usando o Rio Wonder (na Zona Portuária) como referência, podemos dizer que, no fundo, os cariocas torcem para que esses empreendimentos deem certo. Eu brincava que eu nunca recebi tanta ligação das pessoas torcendo para um empreendimento nosso. A gente lança tanto empreendimento aqui e eu nunca tinha recebido ligações torcendo para as coisas darem certo. As pessoas pensavam o quanto seria bom para a cidade se aquela região se desenvolvesse, quanto a cidade ganharia em emprego, em infraestrutura, lazer, cultura, que o carioca não aproveita. Essa é uma questão que o carioca realmente sente e tomara que a gente consiga ter sempre o mesmo sucesso ali.

DDR: E todo planejamento do Rio Wonder foi antes do Reviver Centro, certo?

Leonardo Mesquita: Sim, foi muito antes. Nós ficamos quase uns dois ou três anos negociando com a Caixa para que a gente conseguisse colocar o empreendimento de pé.

DDR: E como o período de pandemia foi para a Cury?

Leonardo Mesquita: O mercado imobiliário tem um fator muito importante que são os juros. Na pandemia, a gente tinha um cenário de juros muito baixo. Alguém imaginava que no Brasil iríamos ter juros de 2%, 3% ao ano? Isso, obviamente, impactou muito forte o mercado o imobiliário. Na pandemia, você tinha o dinheiro no banco rendendo pouco. Quem tem dinheiro não podia investir, por exemplo, no comércio, porque não tinha comércio. Os empreendimentos comerciais não gerariam investimento, então assim, onde colocar dinheiro? Tanto foi assim que até a própria bolsa, depois que começou a se estabilizar, estava melhor do que está hoje. Com os juros voltando a crescer, obviamente a bolsa está se reorganizando, mas o mercado imobiliário deve ter uma acomodação de taxas de juros nesse momento. O mercado imobiliário existiu na pandemia, e antes dela, e chegou a ter booms imobiliários com a Selic a 13%. Não é que o mundo acabou [porque os juros estão subindo], temos sim que nos adaptar à nova realidade.

DDR: A Cury tem uma área de atuação no Rio muito versátil, da Baixada, Zona Norte, passando por municípios da região metropolitana, como São Gonçalo. Como é trabalhar em tantos lugares com características e perfis de público tão distintos?

Leonardo Mesquita: A gente tem buscado regiões cada vez mais centrais e mais adensadas, como um lançamento que fizemos no centro de Niterói, que também é um local de pouca oferta. O que a gente tem visto é que esses locais, como Niterói, eles acabam tendo uma baixa oferta de imóveis frente ao mercado carioca, por uma série de razões. A Cury hoje procura esses clientes do segmento econômico, e você tem bairros hoje que tem essa característica e este público, como a Zona Norte, as regiões central do Rio e de Niterói. Agora a gente está fazendo um lançamento em Santa Rosa, que é uma região mais valorizada de Niterói. Na Zona Oeste, temos operações no Recreio. Na Baixada tivemos ano passado em Nova Iguaçu. A gente gosta dessa região metropolitana do Rio e apostamos muito no adensamento. Precisamos de massa, e talvez, a grande aposta nossa tenha sido justamente o Porto porque não é uma região que tenha essa massa ainda, mas é uma região com muita infraestrutura para receber e um potencial de crescimento enorme.

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Leonardo Mesquita: “O Rio ainda produz pouco”. | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

DDR: Quais as diferenças de dinâmica de mercado entre o Rio e São Paulo?

Leonardo Mesquita: Aqui a gente ainda produz pouco. E não é uma questão de São Paulo ser melhor ou pior. óbvio que lá é muito maior, tem muito mais gente, tem mais empresas, tem maior poder aquisitivo, mas quando você fala da classe econômica e assalariada, você tem uma base salarial mais ou menos parecida. Nada justifica essa diferença que existe hoje [entre o tamanho dos mercados imobiliários].

DDR: Outro grande sucesso da Cury foi o lançamento do Orla Recreio, onde, apenas na primeira etapa, foram vendidas mais de 353 unidades. Contudo, houve uma polêmica em relação ao alagamento de casas no entorno. O que de fato aconteceu?

Leonardo Mesquita: Existe sempre uma preparação muito grande antes de qualquer empreendimento que é construído pela Cury. Você passa por uma série de rigores e exigências da lei para que se consiga fazer o seu empreendimento com segurança. Obviamente, nem toda ocupação que existe na região fez essa preparação. Grande parte dos esgotos das pessoas eram jogados dentro do terreno onde empreendemos. Isso é uma coisa que não é permitida e nós não podemos deixar que seja uma normalidade! A gente entende a preocupação das pessoas, entende o que está acontecendo, tem falado com os moradores para evitar qualquer problema, mas tem coisas que estão além da nossa capacidade de resolução. Você não pode fazer com que o regular pague pelo irregular. Existia um terreno bruto que foi loteado por um proprietário anterior e vários desses lotes foram doados para a prefeitura há coisa de 20, 30 anos, e vários desses lotes foram ocupados [invadidos]. Antes de começar a obra a gente fez um laudo que mostrou diversas dessas casas em situação bem complicada, e algumas até interditadas pela Defesa civil. A gente sabe da dificuldade que é construir naquela região. Se você não fizer uma preparação do solo, você vai ter problema. Ali vai ter uma infraestrutura que vai resolver grande parte dos problemas. A gente tem conversado semanalmente com a associação de moradores da região.

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Leonardo Mesquita: “Os problemas no terreno do Recreio são fruto da ocupação desordenada” | Foto: Rafa Pereira – Diário do Rio

DDR: E como a Cury tem acompanhado essa troca de perfil comercial para residencial no Centro do Rio?

Leonardo Mesquita: A transformação de comercial para residencial não é fácil. Com lançamentos como o Rio Wonder, a gente imagina aquela região mais adensada. Imagina poder passear pelo Porto Maravilha e usufruir dos equipamentos culturais, bares e restaurantes estando próximo de casa? É uma aposta que estamos fazendo e temos recebido uma resposta muito boa até aqui.

DDR: Sobre o Reviver Centro, a Cury tem algum empreendimento sendo tocado?

Leonardo Mesquita: A gente tem um projeto em análise com a Prefeitura [Leonardo não revela a localização específica do futuro empreendimento, mas diz que será erguido em uma das principais via do Centro da Cidade e garante que será tão icônico quanto o Rio Wonder]. Cabe ressaltar que a Cury tem, atualmente, nada menos que 6 mil unidades em produção em diversos locais do Rio de Janeiro.

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