A três dias do início do Rock in Rio, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Transparência da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) aprovou uma vistoria no local do evento, marcada para a tarde desta terça-feira (10/09). A fiscalização foi motivada pela falta de informações sobre o cumprimento das exigências do Corpo de Bombeiros para a emissão do certificado que autoriza a realização do festival.
Durante a sessão, estiveram presentes o comandante do Grupamento de Busca e Salvamento do Corpo de Bombeiros, coronel Alexandre Santos Ferreira, e o secretário de Defesa do Consumidor, Guttemberg Fonseca, que irão acompanhar os deputados na inspeção.
Além da vistoria, a CPI aprovou a convocação de sete secretários estaduais para prestarem esclarecimentos na próxima reunião, que ocorrerá na quinta-feira (12/09) às 13h. Entre os convocados estão os responsáveis pelas pastas das polícias Militar e Civil, Corpo de Bombeiros, Cultura, Turismo, Defesa do Consumidor, além do chefe de gabinete do governador, Rodrigo Abel, e o subsecretário de Eventos.
“O nosso foco é garantir a segurança da população em grandes eventos, como o Rock in Rio. Não somos contra a realização, pois sabemos que traz renda para o estado, mas exigimos mais transparência e responsabilidade”, afirmou o presidente da CPI, deputado Alan Lopes (PL).
Críticas à ausência de Rodrigo Abel
Rodrigo Abel, chefe de gabinete do governador, foi convidado a participar da sessão desta terça-feira, mas sua ausência foi criticada pelos parlamentares. Abel enviou uma mensagem informando que não compareceria, alegando que as deliberações sobre o Rock in Rio não são de sua competência.
“O sentimento é de decepção. O senhor Rodrigo Abel desrespeita os 70 deputados da Alerj ao não comparecer para esclarecer o uso de milhões de reais em camarotes, bebidas e comidas pagas com dinheiro público”, criticou o vice-presidente da CPI, Filippe Poubel (PL).
Revelações e preocupações sobre a segurança
Leandro Monteiro, ex-comandante do Corpo de Bombeiros e Defesa Civil, também presente na sessão, revelou que não assinou a autorização para a realização do Rock in Rio, fato que contribuiu para a decisão da CPI de realizar a vistoria no local do evento e convocar os secretários estaduais.
O relator da CPI, deputado Rodrigo Amorim (União), levantou questionamentos sobre a gestão da segurança no festival, como a remuneração dos 8.075 agentes de segurança e bombeiros mobilizados, e se haverá contrapartida social pelo uso das forças de segurança. Ele também pediu esclarecimentos sobre a atuação da Polícia Civil no combate ao consumo de drogas e sobre o uso de camarotes e ingressos custeados pelo governo.
Próximos depoimentos
A CPI também aprovou o convite ao advogado Victor Travancas, subsecretário do gabinete do governador, para a oitiva da próxima quinta-feira. Travancas ganhou notoriedade por criticar atos da própria administração pública e denunciar irregularidades no primeiro escalão do governo estadual.