Hoje é comemorado o Dia das Crianças e quis aproveitar para falar sobre uma criança eterna que vive dentro de todos nós, consciente você ou não da existência dela. No meio terapêutico e holístico chamamos de criança interior.
Então convido você a embarcar nessa reflexão sobre esse tema que tanto tem a nos contar sobre nós. Parceiros no desbravamento do inconsciente, Freud e Jung afirmavam: o que a gente vive na infância impacta o resto de nossas vidas.
A criança interior é uma parte inconsciente de nossa mente. É onde carregamos necessidades não satisfeitas, emoções reprimidas da infância, criatividade, intuição e capacidade de brincar. É aquela que se manifesta em nós e cujas experiências ainda “não foram embora”. Muitas vezes, ainda vemos o mundo através dos olhos “dessa nossa criança“. O relacionamento que tivemos com nossos pais em nossa infância, por exemplo, influencia nos relacionamentos que temos na fase adulta. Assim como determina, muitas vezes, parte do que somos como adultos. Nós queremos e precisamos ser vistos e ouvidos pelos nossos pais. Mas a maioria de nós nasceu de pais que carregam seus próprios traumas não resolvidos. Desta forma, também é difícil para para eles saberem como regular suas próprias emoções e, portanto, não conseguem lidar bem com as nossas.
Buscamos, então, lidar com essa realidade de forma adaptativa. Ou nos tornamos o que eles desejam de nós, ou buscamos o extremo para expressar nossa revolta. A tendência, em geral, nessa busca para agradar aos pais é que nos comportamos da maneira que eles valorizam e enxergam como “boas” e rejeitamos as partes de nós mesmos que são vistas por eles como vergonhosas ou “más”. Dessa forma, vamos aos poucos nos desconectando daquilo que era mais vivo e verdadeiro em nós. A parte mais genuína, nossa essência.
Então é importante você ter a consciência de que o fato de você saber racionalmente da importância dessa criança interior e que seus pais fizeram o que podiam por você, isso não impede que situações ocorridas na infância e registradas no seu inconsciente estabeleçam o poder sobre você, suas escolhas, e comportamentos.
É necessário trazer luz ao tema, gerar consciência sim, mas também entregar a essa criança interior tudo aquilo que sente que fez falta a ela. Ou tudo aquilo que sente que precisa estimular em sua vida, que pode nesse momento parecer desafiador. Muitas vezes, a resposta está nessas raízes.
Importante lembrar você que independente de como foi recebido ao nascer, se foi planejado ou não, se seus pais celebraram ou não seu nascimento, não deixe de reservar um momento para dar as boas vindas a sua criança interior. Nesse momento, diga a ela tudo que diria a um bebê muito amado que tivesse acabado de nascer.
Exercício para curar sua criança interior
Lembre-se: que você só cura aquilo que pode sentir. E que aquilo que você não domina em você, dominará você! Então, sugiro uma pausa em um lugar tranquilo. Feche seus olhos gentilmente, inspire profundamente pelas narinas e exale o ar pela boca 3 vezes. Leve as duas mãos no centro do peito e volte a respirar apenas pelas narinas. Inspirando profundamente e exalando vagarosamente.
Agora lembre de você criança em situações cotidianas que te ajudem a trazer essas memórias de infância. Se for desafiador trazer essas memórias, sugiro que pegue uma foto sua quando criança e olhe para ela por alguns minutos antes de fechar os olhos.
E, simplesmente, fale com todo seu amor para você mesma aquilo que sente que precisava ter ouvido, ou até mesmo ouvido mais. Para lhe inspirar, seguem algumas frases:
- Eu estou segura sendo eu mesma.
- Você está segura agora.
- Está tudo bem sentir medo, eu estou aqui, entendo seus medos e protejo você.
- Você não precisa ser o que não é para agradar os outros.
- Eu te amo, eu me amo. Nós estamos seguras agora.
