O Estado do Rio de Janeiro vive hoje uma crise financeira que, pela enorme magnitude, está gerando uma calamidade na saúde pública. Os cofres estaduais não conseguem fazer frente às despesas em diversos setores e os hospitais já demonstram as graves consequências. Se por um lado é verdade que a arrecadação do Estado levou um forte tombo e que isso se deu em grande parte por razões alheias à vontade de nossos governantes locais, também é verdade que, sem contar com a prestimosa ajuda dos equívocos da gestão pública, a crise não poderia ter chegado a este ponto crítico.
O petróleo foi, durante muito tempo, o fiador das despesas do Estado do Rio. Os royalties alimentavam o tesouro estadual e também os cofres de muitos municípios fluminenses. Tanto era assim que o Rio de Janeiro reagiu com forte indignação às iniciativas legislativas federais que defendiam uma nova divisão destes dividendos. Não se tratava apenas de defesa dos direitos do Rio, mas também de medo profundo de falência. Ocorre que a falência, ou quase falência, veio de qualquer forma. Bastou que o preço do petróleo caísse, que a Petrobras entrasse em crise e que a arrecadação advinda do ouro negro sofresse profunda baixa.
Os equívocos de gestão estão exatamente nesta dependência com relação ao petróleo. Em primeiro lugar, o Estado não poderia ter confiado tanto em apenas uma fonte de receitas, mas sim diversificado as origens de seus recursos. Em segundo lugar, os tempos de bonança deveriam ter sido usados para fazer poupança e assegurar reservas, ao invés de aumentar as despesas de forma um tanto quanto inconsequente. Por fim, a possível profundidade da crise já era prevista há alguns meses, porém, isso não trouxe um corte profundo dos gastos públicos ou uma busca por novas receitas que fossem sustentáveis ao invés de apenas pontuais.
Quando uma família possui uma certa renda mensal, os especialistas recomendam que os gastos não ultrapassem esse valor. Ao contrário, aconselham que parte dos recursos seja destinado a um investimento ou fundo, ou seja, a uma reserva de emergência. O Estado do Rio de Janeiro possui diversos especialistas na sua folha de pagamento, mas parece que estes não lembraram das possíveis emergências e a bonança foi acompanhada por gastança ao invés de poupança.
Os erros não foram de apenas uma pessoa, mas está claro que eles todos se resumem a uma lógica simples: Faltou planejamento e sobrou imediatismo. Agora será preciso correr atrás do prejuízo.