A Mulher Rei é um longa-metragem que conta uma pequena parte da história do Reino do Daomé, o qual ficava onde atualmente é o Benim, no continente africano. O filme tem como foco as Agojie, uma unidade de mulheres guerreiras que eram responsáveis por defender esse reino nos anos 1800. Saber que é tudo baseado em fatos reais traz um outro sabor.
Mas não é só um bom filme com um início frenético e que oferece a oportunidade de ver o poder de luta dessas “amazonas africanas”. “Essa é uma chance de nós, mulheres negras, sermos percebidas”, disse Viola Davis durante a coletiva de imprensa no Rio de Janeiro, nesta segunda, 19, no Copacabana Palace. A atriz veio ao Brasil para a divulgação de A Mulher Rei, junto com seu marido e produtor do filme Julius Tennon.
Fui convidado pela Sony e a Primeiro Plano para participar. Acordei às 6 da manhã, tirei o lixo, coloquei comida para os animais, limpei suas áreas. E a hora ia passando. Sentei no computador para trabalhar e enviei o release sobre a pré-venda de meu novo livro, “Poetiníase”. Resultado, cheguei atrasado e perdi o credenciamento presencial, apesar de ter recebido a confirmação online. O segurança na porta do mais famoso hotel do Brasil mantinha o semblante fechado e dizia que estava encerrado e que não entraríamos. Ao meu lado, a repórter do site Notícia Preta, também atrasada, estava frustrada, triste. Mas ali ficamos na tentativa de contato com a produção. Até que um rapaz chamado Guilherme, cheio de simpatia, veio nos buscar na porta. O segurança ainda mandou esperar, fez contato com o chefe, mas, por fim, entramos.
Hora da mudança
Antes disso, vi a atriz passar pela sacada, enquanto alguns fãs gritavam do calçadão. Quando finalmente entrrei na sala da coletiva, Viola já estava sentada e começara a responder as perguntas. Quando questionada sobre a possibilidade de mais filmes com protagonistas negras, deixou claro que o público precisa ir ao cinema e prestigiar esses filmes, assim como prestigiam os de Meryl Streep, Julianne Moore, Angelina Jolie. É a única forma de termos outras obras cinematográficas com protagonistas como ela.
“A arte imita a vida”
disse Viola Davis, explicando que as oportunidades para mulheres negras são menores no cinema assim como no cotidiano.
No filme, que pude ver semana passada numa exibição exclusiva para a imprensa, a atriz emprega imponência e humanidade em sua personagem chamda Nanisca. O roteiro de Dana Stevens não deixa furos e nem subestima o espectador. Ainda por cima, traz alguns plot twists pontuais. Temos guerreiras, mas que não são super-heroínas invencíveis ou artificiais, são seres humanos, com suas dores e traumas, frustrações e sonhos.
A fotografia incrível de Polly Morgan exalta aqueles cenários africanos, com um tom avermelhado, e fornece cenas realmente dignas de serem vistas nos cinemas. É o tipo de filme para ser apreciado numa tela grande. Gina Prince-Bythewood dirige com firmeza as ótimas cenas de ação, bem coreografadas, e se sai ainda melhor nos momentos singelos. O longa conseguiu me arrepiar muitas vezes.
Enfim, A Mulher Rei chega aos cinemas nacionais nesta quinta-feira, 22 de setembro de 2022 e promete ser sucesso de bilheteria. Merece.