Ok, ok, eu sei que o Flamengo é campeão brasileiro, que ganhou 7 títulos em 2 anos e que é o melhor time do país. Quanto a isso não há dúvida. A questão que corre na minha cabeça que rola no Maracanã é: o futebol do Rio de Janeiro, como um todo, vai voltar a ser protagonista no Brasil?
Nos anos 1980, quando Fla tinha o time histórico com Zico e companhia nada limitada, Fluminense e Vasco também ganharam Campeonatos Brasileiros. Isso sem contar o Bangu, finalista em 1985, derrotado nos pênaltis pelo Coritiba.
Se formos recuar ainda mais a bola do tempo, lembrando das décadas anteriores, o Rio de Janeiro era base das Seleções Brasileiras dos anos 1950, 1960 e 1970. Boa parte dos craques campeões do mundo com a camisa amarela desfilavam seus talentos nos verdes campos cariocas.
Anos 1990 e 2000, tivemos alguns bons momentos, mas já não éramos mais nem sombra do brilho de outras épocas. Bola fora mais fora que dentro. O Flamengo de hoje é um ponto fora da curva no futebol do Rio. Até mesmo o Fluminense, que se classificou para a Libertadores (por enquanto a pré) não é um exemplo de administração, problema que se estende há décadas e se repete em Botafogo e Vasco – novamente rebaixados.
Perguntei para o jornalista esportivo da Rádio Globo Victor Lessa, em entrevista a este DIÁRIO DO RIO, se ele acreditava que voltaríamos a ser a referência em futebol que fomos em outros tempos. Ele acha que não. Eu queria discordar dele, mas acho que sim. Sim, Victor está certo. Teremos que mudar muita coisa no futuro se quisermos reviver as glórias do passado.
O mundo está cheio de previsões, e há 8 anos era de que o Flamengo se tornaria um time coadjuvante, em razão do volume do seu endividamento.
Quem entende um pouquinho de finanças sabe que o mal dos clubes brasileiros é pura e simplesmente administração. Uma administração decente é capaz de fazer com que o Vasco, o Fluminense e o Botafogo se tornem times de destaque novamente.
E é simples. Os principais ativos dos clubes brasileiros, além de sua torcida e audiência, são os jogadores formados na base. Com um mercado global inflacionadíssimo e o dólar nas alturas, os balanços dos clubes passam a ter ativos supervalorizados – o problema é na hora de vender.
Parte do “passe” dos jogadores é dada como garantia de empréstimos escusos, daqueles que fingem querer ajudar os clubes a se reerguerem. Como se não houvesse um mercado financeiro pujante disposto a emprestar 5-10 milhões de reais por um percentual de um passe de um jogador que pode lhes render 2 a 3 vezes isso. Parece que não… que só anjos abençoados como o Carlos Leite assumiria esse risco, o que soa como uma piada. O mercado acionário compra empresas falidas apostando no seu futuro, mas não apostaria em passes de jogadores?
No fundo no fundo, é tudo um grande esquema para se tomar dinheiro dos clubes de futebol. Se essa fonte secar, muitos desses grupos políticos que brigam para se instalar nos clubes, nada mais teriam o que fazer.