Quem mora em regiões mais afastadas do Centro do Rio de Janeiro já deve ter escutado alguém mais velho falar “vou na cidade“. A frase vem antes da ida à região central da Capital Fluminense. Não sei se é assim em outras capitais, mas no Rio é. Ou era.
A primeira vez que “fui na cidade”, era bem criança. Meu pai foi fazer um exame na Avenida Rio Branco e me levou com ele. Eu lembro até hoje do encantamento que tive quando vi aqueles prédios enormes pela janela do ônibus 268.
No bairro de Curicica, onde nasci e fui criado nos anos 1990, não tinham muitos prédios. Agora tem até demais – diga-se de passagem. Foi impressionante para aquele menino com quatro, cinco anos de idade conhecer a tal cidade.
Até hoje, mesmo com tantos anos frequentando a “cidade”, ainda me encanta ver a selva de prédios. Do mesmo jeito que me encantam as muitas árvores, mares e afins de outros bairros. Todas as naturezas me interessam. As criadas pelos homens e as paridas pelos deuses.
Outro dia, em Paquetá, conversei com moradores da Ilha que sempre viveram por lá. Eles também se referem ao Centro do Rio como “cidade”. Alguns, em toda a vida, só atravessaram a Baía para isso. Nunca saíram da cidade – e da Ilha.
Vocês sabem a diferença entre cidade e município? É a seguinte: cidade é parte de um município. Município é uma divisão territorial que inclui áreas urbanas e rurais. Como gosto e me interesso bastante por cidades, eu prefiro municípios.
Vou no município. Tem mais coisas para ver e viver. Vocês conhecem alguém que ainda vai na cidade?.