O conjunto habitacional Cruzada São Sebastião, localizado no coração do Leblon, se prepara para celebrar seus 70 anos de história em 2025. Desde sua inauguração em 1955, por iniciativa de Dom Hélder Câmara e com o apoio do então presidente Café Filho, o conjunto tem sido palco de uma trajetória marcada por desafios e polêmicas, em meio ao cenário de valorização imobiliária do bairro.
Inicialmente concebido como parte de um plano piloto para combater o crescimento das favelas na cidade do Rio, a Cruzada São Sebastião foi lar para os primeiros moradores oriundos da vizinha favela Praia do Pinto, que margeava a Lagoa Rodrigo de Freitas. Após um incêndio na comunidade que nunca justificado, destruindo mais de mil barracos e deixando a população desabrigada, todo o espaço foi transformado em um mega-condomínio residencial, o Selva de Pedra. O projeto já fazia parte da reestruturação imobiliária que era pensada para a região do bairro da Lagoa. Ao longo dos anos, o conjunto enfrentou dificuldades e preconceitos, especialmente por abrigar uma população majoritariamente negra, de baixa renda e escolaridade, em uma das áreas mais nobres da cidade.
Situada nas proximidades do Jardim de Alah, da Lagoa Rodrigo de Freitas e a poucos metros da Praia do Leblon, a Cruzada São Sebastião se destaca pela sua localização privilegiada. Além disso, a presença de uma estação de metrô próxima facilita o acesso dos moradores a outras regiões da cidade.
No entanto, a convivência com o luxuoso Shopping Leblon, desde 2006, tem sido motivo de controvérsia. O contraste entre os dois vizinhos é evidente, e o shopping, em sua praça de alimentação, utiliza plantas naturais em jardineiras para tapar a visão dos prédios do conjunto, o que alguns interpretam como uma tentativa de “esconder” a realidade social da vizinhança.
Para muitos moradores, o shopping se tornou uma barreira que isolou ainda mais a Cruzada São Sebastião do resto do bairro, principalmente após a construção de sua estrutura que ocultou parte dos prédios. Por outro lado, a valorização imobiliária do Leblon, que possui o metro quadrado mais caro da América Latina, tem levado alguns apartamentos do conjunto a alcançar valores elevados, podendo chegar a até R$ 450 mil.
Recentemente, a Cruzada São Sebastião passou por uma reforma, que incluiu a revitalização das fachadas e a pintura das paredes, demonstrando um esforço para manter o conjunto em condições adequadas e preservar sua história diante dos desafios enfrentados.
Ela é a espinha de peixe atravessada na garganta do Leblon. Por mais Cruzadas São Sebastião Brasil afora!
Parabéns pela matéria sobre a ex- praia do pinto,selva de pedra.
Muito boa matéria,eu que nasci e fui criado na zona sul,vi a praia do pinto.
Continuem assim.