Em sua newsletter de hoje, Cesar Maia, faz algumas reflexões e comenta sobre curiosidades sobre o 1º turno das eleições de 2018 no Rio de Janeiro.
1. Analistas que afirmaram que a ascensão do candidato do PSC se deu ideologicamente, ou seja, pela impulsão dos de maior renda, se enganaram. O georreferenciamento do voto mostra que foi o contrário. O voto dele foi maior na Baixada Fluminense, em São Gonçalo e na Zona Oeste do Rio.
2. No primeiro turno –seja no debate, seja nos programas eleitorais e inserções– a questão sub-regional não foi tema. Agora no segundo turno deverá ser.
3. A saída de Garotinho do processo eleitoral abriu um caminho para que o voto dos de menor renda e evangélicos migrasse para quem no primeiro turno não conflitou com ele no debate e nos programas e inserções. As análises que projetaram de forma diferente -como migração para Romário- se enganaram.
4. Se o foco básico do candidato do PSC a governador fossem os evangélicos, ele teria montado na convenção uma chapa com um vice da Igreja Católica?
5. Os que imaginaram que os temas da campanha seriam segurança pública e desemprego, erraram. Por exemplo, o candidato do PSD focou segurança pública e não sensibilizou o eleitor. O que mobilizou até aqui o eleitor não foi a segurança pública ou o desemprego, mas uma ideia difusa de comportamento e renovação, de certa forma, referenciada pela Lava-Jato.
6. Com isso, o voto mais ideológico não foi impulsionado. As votações dos deputados Marcelo Freixo e Chico Alencar, bem aquém do projetado, são exemplos.
7. Em nível nacional e do Rio de Janeiro, dois fatos mobilizaram os eleitores, ao contrário das previsões de analistas. As manifestações “ele não”, combinadas com a facada covarde, terminaram vitimizando o candidato do PSL e construíram uma inflexão favorável na curva de voto. Basta fazer o gráfico das intenções de voto de antes e depois.
8. A forte inclinação da curva de voto nos últimos dias, na verdade, era um processo que vinha de antes e cuja velocidade dependeu da descoberta que o eleitor foi fazendo no final. A pré-decisão já estava tomada.
9. O resultado eleitoral no Rio de Janeiro, em 2018, não sinalizou nomes para prefeito da capital em 2020. As performances do presidente e do governador eleitos a partir de 2019 e o terceiro ano de Crivella é que formarão o grid de largada. As decisões difusas que impulsionaram o voto a partir da Lava-Jato não terão o mesmo peso.
10. A expectativa criada pela eleição presidencial, se não confirmada pela performance de governo depois do clássico período de carência -herança recebida e variantes- pode alterar o quadro eleitoral atual de forma mais acentuada do que se possa supor. E, se isso ocorrer, aí sim, impulsionará o Não Voto.