Filme conta história de soldados torturados por oficiais do próprio batalhão durante a ditadura

'Memórias de Aço' estreia em julho no canal Prime Box Brazil e mostra o que acontecia no antigo Batalhão de Barra Mansa, RJ

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No mês em que se comemora o ”dia da Liberdade de Expressão” (14), o curta Memórias de Aço estreia no dia 1º de julho, às 20h20, no canal Prime Box Brazil. Produzido pela Quiprocó Filmes em parceria com o Centro de Memória do Sul Fluminense – Genival Luiz da Silva, o doc conta a história das graves violações aos direitos humanos ocorridas no espaço do antigo batalhão de Barra Mansa durante a ditadura civil-militar. O curta fica na programação ao longo de todo o mês e reprisa em horários diferentes até o dia 30.


Entre novembro de 1971 e fevereiro de 1972,15 soldados do próprio batalhão foram torturados, resultando na morte de quatro deles, levando à condenação judicial dos oficiais envolvidos por determinação da própria Justiça Militar. Em 73, sete militares, de diversas patentes, foram condenados e encerradas as atividades do 1° Batalhão de Infantaria Blindada.

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É o único caso em que militares foram responsabilizados e punidos por suas práticas durante o regime pela própria Justiça Militar. O episódio, ainda pouco conhecido dos brasileiros, foi o único no país em que militares torturadores foram condenados por seus crimes durante a ditadura militar. Mesmo após o restabelecimento da democracia, nenhum outro militar envolvido com a prática de tortura foi condenado, devido à Lei de Anistia.

Gabriel Barbosa, um dos diretores do documentário, considera que a partir de registros e imagens de arquivo, o curta aponta a importância da memória dos sobreviventes como instrumento de preservação da história local e educação para as gerações futuras.

”O Memórias de Aço cumpre um papel importante na construção de uma narrativa sobre as brutais violências cometidas ao longo da ditadura civil militar muito porque traz à luz as prisões, torturas e assassinatos, ocorridos no antigo 1º Batalhão de Infantaria Blindada do Exército, em Barra Mansa, no interior do estado do Rio de Janeiro. Ao meu ver, a produção cinematográfica tem essa responsabilidade de contribuir para a elaboração de linguagens inseridas em processos de defesa e garantia dos Direitos Humanos, tendo como horizonte a construção de uma sociedade mais igualitária, com mais justiça social e a garantia do direito à memória”, destaca o diretor de projetos da Quiprocó Filmes.

A pesquisadora, historiadora e socióloga responsável pelo Centro de Memória do Sul Fluminense Genival Luiz da Silva da UFF, Alejandra Estevez, acredita que contar essa história é uma forma de contribuir para elucidar, mesmo que parcialmente, como o Estado brasileiro agia com a maioria dos perseguidos políticos da região durante a ditadura civil militar brasileira.

“Estamos muito felizes com a exibição do curta Memórias de Aço em um canal de TV. É uma ótima oportunidade de levarmos o debate sobre direitos humanos para outros públicos. O curta combate a visão negacionista, aquela que nega os crimes praticados pelos militares no poder, que insiste em esconder tudo embaixo do tapete. A ditadura militar perseguiu, torturou, matou. O que ocorreu dentro do 1° BIB de Barra Mansa é inadmissível e devemos usar a memória como um instrumento de afirmação dos direitos e da justiça social”, enfatiza a, também, professora da UFF. 

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