Dani Monteiro: Brincar e sonhar, direitos humanos fundamentais

Crianças não podem ser esquecidas quando falamos de violações dos direitos humanos

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Férias no Museu do Pontal
Foto: Museu do Pontal

Estamos nos aproximando do Dia das Crianças, uma data celebrada com muita alegria, diversão e festa. No entanto, venho refletindo sobre quão pouco são inseridas as crianças quando falamos de direitos humanos. Muitas vezes lembramos das crianças apenas quando elas são vítimas de violências crueis, o que acaba sendo naturalizado num Estado cuja política de segurança pública torna meninos e meninas alvos em confrontos bélicos. O Rio de Janeiro tem um triste histórico de vidas infantis interrompidas pela brutalidade das operações policiais. É impossível não lembrar de nomes como Ágatha Felix, Maria Eduarda, o menino Eduardo, João Pedro, Emilly e Rebeca, e tantas outras crianças cujos sonhos foram roubados abruptamente pela violência desmedida. No Dia das Crianças, precisamos relembrar que os direitos delas também são direitos humanos.

Parece que nós, do campo progressista, somos uma vitrola quebrada, repetindo a mesma coisa há anos: a violência que atinge a todos, inclusive a essas crianças, evidencia a falha do Estado em proteger a vida, o bem mais fundamental de todos. Mas isso piora em regiões pobres e conflagradas. O direito de viver plenamente, com segurança e paz, é constantemente violado nas favelas e periferias do Rio. E isso não é nenhuma novidade também.

Cresci no Morro do São Carlos e sei que, apesar da minha infância feliz, o medo da violência é uma realidade constante. É na política que lutamos para que nenhuma mãe, nenhum pai, em nenhum canto deste estado, precise enterrar seu filho vítima de uma bala perdida. A maior dor do mundo. Crianças devem ter o direito de viver, de sonhar e de se desenvolver em ambientes seguros. Brincando, estudando, aprendendo e rindo. Vivendo com liberdade, sem o medo da violência, da fome ou da negligência.

Mas enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos, devo lembrar que não é só a necessária proteção contra a violência, é essencial garantir às nossas crianças direitos como saúde e saneamento básico. O acesso precário à saúde pública dificulta diagnósticos simples e o tratamento de enfermidades, afetando diretamente a qualidade de vida dessas crianças. É fundamental reconhecer que o direito à saúde não se restringe a idas a hospitais, postinhos de saúde, mas começa com as condições dignas de vida.

O direito à educação é outro pilar essencial e obrigatório que precisa ser reforçado. Assim como minha família lutou muito para que eu fosse a primeira a cursar uma universidade, muitas famílias batalham diariamente para garantir o mínimo de educação para seus filhos. A educação não pode ser um privilégio de poucos. É ela a chave para a transformação social e o único caminho para quebrar o ciclo de violência que atinge tantas crianças.

E o direito de brincar. Sim. Não podemos esquecer o direito de brincar. Brincar não é apenas uma atividade recreativa, mas uma forma de aprendizado e desenvolvimento social. As ruas e vielas lá do São Carlos foram meu playground, onde aprendi lições valiosas de convivência, coletividade, cuidado, resiliência e criatividade. O direito de ser criança, de brincar e explorar o mundo, deve ser respeitado e protegido. Brincar é sagrado.

Neste Dia das Crianças, é nosso dever olhar para essas questões com seriedade. Crianças e jovens devem ser prioridade desde a educação à economia. Não podemos continuar fechando os olhos para direitos violados. Vou me valer do clichê: crianças são o futuro, e garantir a elas uma infância plena é a base para um mundo mais justo e humano. Não podemos descansar enquanto houver uma criança sem escola, sem saúde, sem segurança ou sem a simples alegria de brincar.

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