Dani Monteiro: Chuvas e as tragédias anunciadas no Rio de Janeiro

'A cada ano, as chuvas ficam mais intensas, as águas mais barrentas, a sobrevivência mais dramática. A cada verão, as tragédias provocadas pelos temporais se repetem no Rio de Janeiro'

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Foto: Divulgação

A cada ano, as chuvas ficam mais intensas, as águas mais barrentas, a sobrevivência mais dramática. A cada verão, as tragédias provocadas pelos temporais se repetem no Rio de Janeiro. Os meses de janeiro e fevereiro já nos mostraram os estragos que o descaso e a ausência de uma política efetiva de prevenção e redução de danos podem causar. Em terras devastadas pelas enxurradas, quem tem abrigo seguro é rei.

Há menos de 30 dias, seis pessoas morreram, em 24 horas, em decorrência das chuvas no estado do Rio. Naquele sete de fevereiro, em apenas quatro horas, a cidade do Rio de Janeiro foi tomada por 70% das chuvas previstas para todo o mês. As imagens dos dramas enfrentados por boa parte da população ainda estão vivas. Março está apenas no início e já estamos em estágio de atenção. Segundo a previsão dos meteorologistas, as águas ficarão acima da média em todo o território fluminense.

Os impactos, como sabemos, afetam prioritariamente populações pobres e periféricas. E não é por falta de alerta. Se o aquecimento global é uma ameaça concreta, por que seguimos à mercê da nossa própria sorte como se nada pudesse ser feito a respeito de queimadas e desmatamentos de florestas, poluição e falta de proteção dos nossos rios e mananciais, consumo estratégico e descarte de resíduos?
Onde estão os necessários e urgentes planos de contenção, prevenção e mitigação?

Do litoral à região serrana, o estado do Rio de Janeiro faz seus moradores mais vulneráveis amargarem perdas entre os seus e prejuízos a cada deslizamento de encosta ou alagamento. As causas mais visíveis dos nossos problemas são a falta de saneamento básico e de recolhimento efetivo de lixo, de assoreamento dos rios e de limpeza urbana. O fosso, no entanto, vai além, envolve desde a desestabilização do solo e a falta de acompanhamento dos seus riscos até a ausência de política de habitação segura.

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O problema, obviamente, não se restringe ao nosso estado. Mas é sobre a nossa realidade que podemos falar. É sobre o que fazemos que devemos discutir. Se encontrarmos alternativas por aqui, pela diversidade da nossa geografia e do nosso clima, nós podemos, inclusive, inspirar outras regiões que sofrem igualmente.

Se somos tantos os afetados, está mais do que na hora de pensarmos em saídas abrangentes, a começar por governos e instituições. Não é normal que tenhamos tantos impactos de chuvas, e num crescente, e os governos não apresentem rapidamente um grande plano estratégico e execuções de grandes obras estruturais.

Que tal começarmos todos a arregaçar as mangas e a cobrar de quem, efetivamente, nos deve respostas e ações?

*Dani Monteiro é deputada estadual reeleita pelo Psol e presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj.

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