Dani Monteiro: Nossa arma é a nossa rima

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Foto: Divulgação


Em pleno Novembro Negro, a poucos dias do marco dos cinquenta anos do hip hop, as razões para falar sobre o tema são muitas. Mas a minha, hoje, é falar sobre o que esse movimento fez, faz e ainda pode fazer pelos pretos e pretas jovens que arriscam passos e rimas pelas periferias, numa batalha pela existência.

Além dos talentos já soltos por aí, há um outro tanto em formação. E foi exatamente pensando nesse grupo que propomos o projeto – que agora virou lei – que institui o programa “Hip Hop nas escolas”. Uma garantia para os estudantes da rede pública estadual, que poderão, enfim, expressar, em sala de aula, o que só lhes era permitido fazer na rua.

Apostar na linguagem hip hop, tão definidora na construção das identidades dos jovens fluminenses, é uma forma de ampliar o repertório e o interesse dos alunos em permanecer na escola, descobrir habilidades, aguçar a criatividade, afinar as técnicas e afiar as rimas para consolidar protestos legítimos. Mas que ninguém se engane, o que move essa gente toda em torno de uma roda é a esperança de que a vida seja boa para todos

Hip hop é arte, e arte a gente sabe bem o poder transformador que tem, principalmente em realidades adversas como a nossa. Para quem não conhece, é uma boa oportunidade para se embrenhar nesse vasto mundo de ritmos, movimentos e batalhas carregadas de resistência, inteligência e também afeto.

A lei, como também já sabemos, não basta, é preciso torná-la uma prática efetiva para que a moçada possa, de fato, se expressar e se organizar na produção e popularização do movimento. Nesse processo, a população também tem a sua participação, e pensar sobre a importância do que esses jovens estão propondo em seus embates pode ser um bom exercício inicial. Na medida em que a profissionalização do setor avance, a economia se fortalece, as oportunidades de trabalho aumentam..

Apelo aqui ao imaginário, mas não somente o meu. Cariocas, imaginem as batalhas de rima circulando de boas pela cidade, os artistas se mostrando e sendo bem recebidos por onde passarem? Fluminenses, imaginem vocês o mesmo nas suas cidades, as batalhas liberadas para além das periferias. Vai que vocês descobrem que, além de empolgante, é bonito de se ver e, por isso mesmo, seus artistas não merecem ser marginalizados e segregados nos guetos, pelo contrário. Imaginem serem surpreendidos a ponto de se emocionarem e aplaudirem?

A isso se chama acolhimento, garantia de liberdade criativa ampla, estímulo profissional, inclusive. Aproveitando, deixo o convite para a III Semana do Hip Hop que está rolando nos pontos culturais espalhados pela capital e o interior do estado. Basta seguir a @semanadohiphoprj. Corre aí que dá.

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