Dani Monteiro: Um estado que mata aos montes e aos poucos

Governador Cláudio Castro nos deve uma resposta e ações efetivas na segurança pública

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Foto: Reprodução

Em fevereiro de 2014, um adolescente de quinze anos foi espancado por homens mascarados e amarrado, nu, com uma trava de bicicleta, a um poste, no bairro do Flamengo, Zona Sul da capital fluminense. Quase dez anos depois, a prática, nunca abolida e por muitos estimulada, ganha novamente os holofotes. Neste dezembro ainda mais quente, outro jovem negro foi perseguido, desta vez em Copacabana, por homens munidos de paus e máscaras que pareciam – e diziam estar – dispostos mesmo a irem além do espancamento. Os vídeos circularam e sabe-se lá quantos eles conseguiram arregimentar. É um assaltante conhecido, dizem muitos, na tentativa de justificar a barbárie em que estamos metidos.

Não dá para amansar a revolta que se dá também em nós, pretos, principalmente. O Rio de Janeiro, definitivamente, é um estado que mata aos montes e aos poucos. Segundo a Polícia Militar – instituição responsável pela segurança pública junto com a Polícia Civil -, somente em Copacabana, nos últimos quinze dias, foram encaminhadas quase quase 150 pessoas para a delegacia da região e outros tantos foram conduzidos para abrigos municipais.

Para quem tem estômago e pouco bom senso, um terceiro vídeo expõe o terror de um outro adolescente sendo puxado por dois motoqueiros, que lhe dão socos na cabeça enquanto ele tenta correr.

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Ao que tudo indica, o som dos tiros que assombram (e matam) favelas inteiras não chegam aos ouvidos do governador Cláudio Castro. Ao que a realidade dos últimos dias nos expôs, o Rio de Janeiro é mesmo um estado violento, ainda que não seja essa a sua natureza.

Em uma sociedade que respeita as garantias individuais e os direitos humanos são estendidos a todos. No estado como o Rio de Janeiro, lamentavelmente, não é o que ocorre, e não é por falta de leis, mas da sua aplicação devida. Justiça com as próprias mãos, pelo visto, segue no imaginário e na realidade de quem acha que pode aplicar a humilhação, o linchamento, inclusive moral.

A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da Alerj sempre se colocou à disposição para ajudar a pensar a segurança pública em nosso estado. Não foi por falta de aviso nem de proposições ou sugestões para a combalida área, que nunca esteve tão ligada ao privado. Em 2008, e lá se vão quinze anos, o relatório da CPI das Milícias, elaborado após cinco meses de investigação e escuta de testemunhas, pediu o indiciamento de 226 pessoas. O mesmo documento apontou, na época, que as milícias já atuavam em 170 áreas do Rio de Janeiro.

Passados quinze anos, por quantas áreas mais elas se espalharam e conseguiram domínio do território? O governador que nos responda e diga quais serão as providências efetivas para que a justiça seja feita pelo estado e de acordo com a lei. Do contrário, é crime.

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6 COMENTÁRIOS

  1. A polícia que mais mata é a polícia que mais morre.

    Pessoas fazendo justiçamento a luz do dia, sob aplausos. O que virá depois? O Batman carioca?

    Contanto que não venha os bandidos fardados e extremamente caros que são os militares em uma intervenção federal inócua…

  2. A questão é: o adolescente amarrado ao poste era livre para praticar o que queria e aqueles que o amarraram ao poste se cansaram disso???

    Esses defensores de direitos máximos e obrigações e responsabilidades mínimas precisam rever muita coisa.

    Ninguém que trabalha, recebe seu dinheiro honesto, compra suas coisas, tem que ficar entregando nada para pessoa alguma, medo de andar na rua com seus pertences e até mesmo de ficar na própria casa por receio de invasão. Ninguém está aguentando isso.

    É sabido de todos que o Estado não tem efetivo para colocar um policial em cada porta ou esquina.

    Esses esquerdopatas demonizaram o comércio de armas a tal ponto que ter uma arma em casa para defesa do lar e da incolumidade é para poucos.

    Esses esquerdopatas dificultam ao máximo endurecimento penal quando para crimes contra patrimônio e agressão mas adotam o contrário quando se trata de questão de crime com elemento racial chegando até a colocar como imprescritível e inafiançável e hediondo.

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