A sessão de insegurança do Rio de Janeiro não é apenas uma questão de percepção. Ela é real. E isso foi mostrado em uma reportagem especial veiculada pelo RJ2 (TV Globo), desta sexta-feira (23). Durante nove madrugadas, a reportagem do veículo percorreu as 40 delegacias em funcionamento na capital fluminense, 31 delas foram encontradas de portas fechadas.
Na Zona Sul, onde existem sete delegacias, nenhuma delas opera com as portas abertas. Na porta da 15ª DP (Gávea), um cartaz afixado na porta de vidro dizia que a distrital funciona 24 horas e pedia para tocar a campainha. O inusitado do comunicado fica por conta do “Estou no banheiro”, talvez para justificar uma demora no atendimento á população. Já, na 12ª DP (Copacabana), a reportagem flagrou a policiais militares que levavam um homem preso em flagrante à delegacia. Os agentes tiveram que esperar um pouco para entrar, pois a porta de entrada da delegacia estava trancada.
Nas quatro delegacias que funcionam no Centro, apenas a 5ª DP, que fica na Avenida Gomes Freire, estava com as portas abertas. A distrital fica ao lado da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro.
Na Zona Oeste, a reportagem encontrou cinco delegacias de portas abertas e quatro de portas trancadas. Uma pessoa relatou à reportagem que sofreu sequestro de madrugada. Os bandidos usaram o seu telefone para chamar um motorista de aplicativo. Ao ser liberada, os bandidos permaneceram com o motorista. A vítima, então, foi à delegacia registrar a ocorrência. Lá chagando, deu cara com distrital fechadas. Ao conseguir ser atendida por um policial, recebeu a orientação para registrar a ocorrência pelo sistema online da Polícia Civil
A maioria das delegacias estão concentradas na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde a predominância das unidades com portas fechadas é mais gritante. Das 20 unidades visitadas, apenas três estavam com as portas destravadas. Na 37ª DP (Ilha do Governador), uma pessoa que não quis se identificar, por medo, relatou à reportagem que após às 22h, as portas da delegacia ficam fechadas. Para registrar um B.O. é preciso tocar a campainha. Quando a pessoa é atendida, a orientação é para fazer o procedimento online. A testemunha disse ainda que já tentou registrar ocorrências outras vezes à noite, sem sucesso. Teve que deixar para a manhã do dia seguinte.
Na 31ª DP (Ricardo de Albuquerque), um policial foi muito claro quanto às portas trancadas: “Questão de segurança, cara. É área do chapadão, aqui. Mas funcionamos 24h”. Na porta, um cartaz diz “Toque a campainha”. Na 39ª DP (Pavuna), motos apreendidas estavam dentro do saguão da distrital. No local nem campainha havia. A reportagem teve que bater na porta de vidro, sendo atendida por um homem que assim justificou as portas trancadas: “Aqui é Pavuna, amiga. Se deixar o cachorro entra aqui dentro”. E havia um cachorro do ladro de fora. Só resta saber se o pobre animal seria mesmo o responsável pela situação.
Caso semelhante foi o da 25ª DP (Engenho Novo), que estava às escuras, quando a reportagem do RJ2 chegou e tocou a campainha. A porta estava fechada com corrente e cadeado, que foram abertos por um policial de plantão. Indagado se a porta ficava fachada respondeu: “Quando não tem ocorrência, fica fechada”. “É mais seguro para vocês?”, perguntou a reportagem. “Sim”, disse o homem. “A região é muito perigosa?”, perguntou o RJ2. “O Rio de Janeiro está todo perigoso”, respondeu o policial.
Durante a reportagem é possível ver delegacias com portas fechadas com correntes e cadeados, trancas improvisadas com cabos de vassoura, com suporte de ferro, banco e saco de terra. Em muitas delas, as luzes estavam simplesmente apagadas. Medida que pode levar vítimas de violência a não acionarem o serviço por acharem que a unidade não está em funcionamento
Em todos os casos, os policiais que atenderam à reportagem ressaltam que as unidades estavam em pleno funcionamento, apenas estavam de portas fechadas. Embora não justificassem, em grande parte, o motivo para tal medida.
Durante três dias o RJ2 solicitou uma entrevista com o porta-voz da Polícia Civil e não foi atendido. A instituição optou uma nota de esclarecimento na qual afirmou que o seu regulamento não impede que as delegacias fiquem com as portas fechadas ou trancadas. Sendo recomendado um atendimento rápido e que as luzes permaneçam acesas, deixando evidente que a distrital está em funcionamento. Na nota, Polícia Civa il ressaltou que a população tem a opção de registrar um boletim de ocorrência online. Também foi prometido ao jornal que as denúncias seriam apuradas pela Corregedoria da instituição.
As informação do RJ2, da TV Globo.
Salvo engano a Polícia Civil está com déficit de 10 mil agentes… isso explica muita coisa.
Porém, o mais importante que a porta aberta 24h da delegacia é o índice de solução dos crimes.
Qual o percentual solucionado???
Isso é absurdo! Antes já era assim. Com e depois da pandemia ficou pior.
Não necessariamente todas delegacias devessem permanecer 24h abertas para registro de todos os crimes.
Porém, necessário haver transparência ao cidadão. A página da Secretaria de Segurança e da Polícia Civil deveria ter mais transparência.
Aliás, por falar em página governamental. Alguém já acessou a página do governo francês?
Comparativamente os portais de governos no Brasil é uma vergonha se compradas com francês.
Nossos governos poluem as páginas com informações diversas e o essencial é escondido, isso quando não existe.