Ao longo de sua existência, o ser humano buscou Deus mais intensamente nos momentos mais dolorosos de sua história. Mesmo nos tempos atuais, onde o materialismo disputa com a Fé, Deus é sempre lembrado com mais insistência quando o frágil ser humano vê-se diante de tribulações como a que passamos no momento com o espalhamento do novo Coronavírus causador da Covid-19. Até mesmo os ateus nesses momentos olham buscam ainda que secretamente a misericórdia do criador. Uma das mais simples e corretas explicações sobre o ateísmo é a frase: “Todo mundo é Ateu até o avião começar a cair.”
Nestes momentos de “pestilência”, onde o homem, dotado da inteligência que é dom de Deus, é desafiado a vencer inimigos microscópicos que colocam em risco a própria existência da espécie, todos buscam Deus de forma incansável. Nestes momentos cinzentos, tivemos ao longo da história grande homens e mulheres que alimentaram a fé da humanidade e que supriram de esperança os corações amedrontados pelos implacáveis patógenos. Foi assim na peste negra, na gripe espanhola, na epidemia de Ébola, entre
outras. O povo de Deus precisa encontrar em alguém porto seguro para acreditar que Deus em sua misericórdia infinita nos mostrará o caminho para a vitória.
Impressionou-me o Papa Francisco na tarde de 27 de março, rezar sozinho na Praça de São Pedro e, diante do Santíssimo Sacramento, orar pelo mundo, pela cura da Covid-19 que tantas vidas ceifou na Itália e no mundo mas, impressionou-me como brasileiro e Católico a imagem de Dom Orani João Tempesta, Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro abençoando a cidade maravilhosa do alto do corcovado aos pés do Cristo Redentor, há duas semanas atrás.
Tem sido impressionante a insistência de Dom Orani para estar perto de seu rebanho. No momento em que a epidemia ganhou corpo as Missas presenciais foram suspensas e Dom Orani começou a rezá-la através da internet. Nesses momentos difíceis ouve-se a voz de Dom Orani na Rádio Catedral com palavras de Fé para os que enfrentam a pandemia e de conforto para os familiares daqueles que sucumbiram ao vírus.
Revendo em meus arquivos que coleciono sobre o Cardeal Tempesta, sobre quem finalizo um livro sobre sua trajetória, deparei-me com matéria jornalística de 2014, publicada pelo Jornal o Globo. O primeiro parágrafo do texto tem o seguinte teor:
“A timidez e a capacidade de conciliação estão entre principais características de Dom Orani, que está à frente da Arquidiocese do Rio desde 2009. Filho caçula dos Tempesta, família com nove filhos descendente de italianos e católica fervorosa, o religioso nasceu em São José do Rio Pardo, no interior de São Paulo, em 1950.”
Conciliador como o Jornal O Globo qualifica Dom Orani é uma palavra de amplo significado no caso do Cardeal. Conciliador no caso de Dom Tempesta pode ser traduzido como pacificador, bondoso, querido, respeitado e sinal de Deus nesses dias que o homem treme diante da nova doença. Conciliador também no caso de Dom Orani pode ser entendido como aquele que agrega o rebanho com Deus, aquele que com seu báculo, do alto da montanha mais alta do Rio de Janeiro mostra o caminho da Fé e as promessas do Cristo que estará com os homens até o fim dos tempos.
Conciliador no caso de Dom Orani é adjetivo que apenas os grandes homens de Fé em tempos cinzentos como os que vivemos podem ser chamados.
Dom Orani é homem de Fé, é liderança do povo de Deus, é esperança de que a Fé será fator indispensável para que superemos os horrores da pandemia. Se tantos apequenam-se em momentos dramáticos, Dom Orani se agiganta ainda mais.
Dom Orani nos mostra com seus gestos e atos que Deus está conosco. Assim como outros grandes homens de Deus conduziram a humanidade em momentos de tribulação, Dom Orani segue como missionário de Jesus plantando no coração de cada um sementes de certeza inabalável que a humanidade vai superar este momento terrível porque o Criador nunca haverá de abandonar suas criaturas.