De boate a residencial de luxo: O Encanto da Melt e seu legado no Leblon

Saiba como a famosa boate moldou a cultura noturna do Rio. Demolida, agora dará lugar a um novo capítulo na Zona Sul

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Antiga boate Melt. Foto: Jornal G1

O nobre endereço que por anos abrigou a badalada boate Melt, fechada há mais de uma década, dará lugar a um residencial de alto padrão com 58 apartamentos. Eram vários predinhos juntos, unificados por dentro e que receberam por muitos anos jovens de todo o Rio para noitadas. Agora demolidos, o local receberá unidades residenciais com preços a partir de R$ 2 milhões e uma expectativa de Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 180 milhões: o novo projeto destaca a força renovada do mercado imobiliário do Rio de Janeiro, mais especialmente na incensada Zona Sul.

Sob a batuta da incorporadora Aros Inc., que tem se especializado em prédios com arquitetura contemporânea, o empreendimento, situado na Rua General San Martín (que muitos pronunciam em francês mas homenageia na verdade um general argentino, ou seja, é Martín, e não “Martan”), começa a ser anunciado. Para construir o novo edifício de sete andares, a empresa adquiriu também alguns imóveis vizinhos à antiga boate, formando um novo quarteirão no Leblon, especificamente na Rua Rita Ludolf, 47.

O imóvel da Melt ficou muito tempo abandonado, o que trazia uma sensação de insegurança para os moradores. Compramos esse terreno icônico após uma disputa acirrada com outros players do mercado e, em seguida, começamos a negociar com os proprietários dos imóveis ao lado. Felizmente, conseguimos um acordo que fosse bom para todos. Agora, teremos um quarteirão totalmente revitalizado com a chegada do Stay Ludolf”, afirma Ricardo Affonseca, co-fundador e diretor-executivo da empresa.

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Projeto divulgado pela incorporadora. Foto: Divulgação

O “Stay Ludolf” contará com 58 unidades, com preços a partir de R$ 2 milhões, e o financiamento será viabilizado pelo BTG Pactual. Além desse empreendimento, a empresa prevê lançar pelo menos mais cinco projetos de luxo na Zona Sul em 2025, com um VGV estimado em R$ 600 milhões, segundo informa a assessoria da empresa.

Localizado no coração do Leblon, a apenas 100 metros da praia e próximo a diversas opções de comércio e lazer, o novo endereço terá apartamentos compactos distribuídos em sete andares. As tipologias flexíveis pretendem atender a quem deseja investir ou morar, incluindo os famosos studios, as unidades gardens e coberturas lineares e duplex. O projeto visa atender à alta demanda por hospedagem de curta temporada na região. “Hoje muitos condomínios combatem a locação por curtos períodos. Isso vem impossibilitando que muitos investidores desta modalidade atuem. Para isso, empreendimentos como este, onde por fundamento o aluguel por temporada é liberado, estão surgindo e tem um público certo. Temos dezenas de clientes em carteira buscando imóveis onde tenham certeza que o condomínio não vai impedi-los de alugar via Airbnb, por exemplo”, explica o corretor Anderson Martins, diretor da filial da Sergio Castro Imóveis no Leblon, que fica a poucos metros da nova construção.

O Leblon é mais que um bairro, é um símbolo de história e sofisticação, além de ser berço de uma comunidade vibrante e cosmopolita. As suas ruas arborizadas e a praia deslumbrante refletem o charme do Rio, oferecendo uma qualidade de vida incomparável aos moradores”, ressalta o co-fundador da incorporadora que comprou a velha Melt.

O lazer do local será através de um rooftop com espaços funcionais, área para yoga, piscina, sauna e um bar. O prédio também vai oferecer conveniências como garagem com serviço de manobrista, bicicletário, lavanderia, espaço para entregas e até pranchário de surf para os moradores. A segurança, segundo a empresa, será garantida por um controle perimetral, acesso restrito para pedestres e veículos, além de portaria com reconhecimento facial.

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Projeto divulgado pela incorporadora. Foto: Divulgação

Os projetos de Arquitetura e Decoração das Áreas Comuns são assinados pela Cité Arquitetura, enquanto o design de Interiores ficou a cargo de Natália Lemos Arquitetura, que também criou o apartamento decorado que poderá ser visitado no estande do empreendimento.

O Encanto da Melt e seu legado no Leblon

Ícone dos anos 2000, a Boate Melt ofereceu uma experiência única, unindo boa música e um ambiente acolhedor que tornava as noites memoráveis. A preferida pelos jovens estrangeiros que visitavam o Rio, a boate atraía uma mistura de gringos e cariocas, permanecendo cheia durante muito tempo, celebrando aniversários, casamentos e risadas de grupos de amigos.

A alegria reinou naquele pedacinho do Leblon durante a passagem da Melt, onde juventude, beleza, música alta, bebidas e comidas conquistaram cada vez mais visitantes. Em comentários no site TripAdvisor, uma internauta compartilhou sua experiência em 2016. “Estive recentemente na Melt com amigos e me diverti muito. Durante a noite, duas bandas tocaram e, mesmo no Leblon, os preços não eram absurdos como costuma ser por ali”, afirma.

Com um repertório que ia do rock ao sertanejo, a Melt se tornou o ponto de encontro de jovens e adultos. Nas redes sociais, a boate gerava muitos comentários, especialmente durante o Carnaval, com seu baile e karaokê universitário. “Ir ao Rio e não dar uma passadinha no Melt é um pecado. Comida rápida e saborosa, com a arquitetura dos anos 50 como pano de fundo! Todo o cardápio é bem elaborado”, destacou uma frequentadora, relembrando os momentos de alegria.

O local também recebeu a festa de lançamento da marca Maybelline NY Brasil, com a presença do cantor Nego do Borel e da atriz Camila Queiroz. Além deles, participaram concorrentes do programa The Voice e o ator Bruno Gagliasso, que se arriscou como DJ. A Melt ainda revelou sucessos de grupos de carnaval, como o bloco “Me Esquece”, criado pelo dentista Fernando Lourenço Sérgio, que se tornou um dos eventos mais animados da folia carioca em 2011. As rodas de samba do bloco, aos domingos, fizeram sucesso durante todo o ano.

Toda quarta-feira, a Melt era o espaço certo para os amantes do sertanejo, reunindo milhares de pessoas. O último post nas redes sociais, datado de 22 de maio de 2017, anunciava uma promoção para a “Quarta Sertaneja”, sem que o público soubesse que aquela seria a última música a ecoar na boate: “Daqui a pouco tem a ÚLTIMA EDIÇÃO da Quarta Sertaneja da Melt Rio. Sim, a casa entra em obra e a festa vai dar uma descansadinha. No cardápio da festa: Karaokê Universitário, show com Rick Lima, DJ Paulinho e dose dupla”.

A boate contava com dois andares, recebendo todo tipo de público e sempre estampando os jornais, desde interdições pela prefeitura, como em 2009, até eventos clássicos da cidade maravilhosa.

Assim, toda festa tem seu fim. Toda boate um dia fecha, por mais querida que seja. Um artifício comum é mudar de nome para reviver a antiga glória, mas essa “roupagem nova” raramente funciona. Algumas casas duram poucos meses, a maioria, alguns anos, e poucas alcançam o status de fama, como a Melt. Contudo, a hora de todas elas sempre chega, por motivos variados: disputas judiciais, desapropriações, baixo retorno financeiro, desenvolvimento imobiliário ou simplesmente o cansaço dos sócios.

A Boate Melt ainda permanece na memória dos cariocas, simbolizando uma era de festas e momentos marcantes na cidade. Embora o local tenha fechado suas portas, seu legado continua a ecoar nas lembranças de quem viveu suas noites animadas, deixando espaço para novas histórias e experiências na vibrante cena carioca.

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