A Polícia Civil do Rio de Janeiro respondeu com veemência às críticas feitas pela Fiocruz sobre a operação realizada na última quarta-feira (8) no Complexo de Manguinhos, que resultou na morte de um traficante, ferimentos em outros quatro criminosos e na prisão de um suspeito. A Fiocruz alegou que a ação foi conduzida de forma arbitrária, sem comunicação prévia, colocando em risco trabalhadores e alunos.
O delegado André Neves, diretor do Departamento-Geral de Polícia Especializada (DGPE), rebateu as acusações:
“Quem coloca em risco a população são os criminosos. Temos imagens de traficantes dentro da Fiocruz, então foi necessário que nossos agentes entrassem na instituição para evitar um dano maior. A Polícia Civil salva vidas e protege a sociedade. Nossos policiais nunca abaixarão a cabeça para a bandidagem.”
Imagens comprometedoras e prisões de funcionários da Fiocruz
Durante a operação, a polícia obteve imagens de um veículo da Fiocruz sendo usado para auxiliar a fuga de criminosos. Dois funcionários terceirizados da fundação, que trabalhavam como agentes de vigilância, foram presos e prestaram depoimento. Segundo o delegado André Neves, as declarações dos suspeitos apresentaram contradições, e a investigação está em andamento para apurar se houve colaboração voluntária com o tráfico de drogas.
A Fiocruz, por sua vez, repudiou a detenção dos funcionários e afirmou que não abrirá, até o momento, um procedimento interno para investigar o caso.
Contradições no relato da Fiocruz sobre feridos
A fundação afirmou inicialmente que uma funcionária foi atingida por estilhaços de um disparo em um dos prédios onde são fabricadas vacinas. Contudo, em comunicado posterior divulgado no site oficial, a Fiocruz contradisse a própria versão, afirmando que a colaboradora “não chegou a ser ferida e passa bem”.
O secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, destacou a gravidade do contexto e a necessidade de ações firmes:
“Causa muita estranheza acusações maldosas contra os policiais, dado o histórico de traficantes usando prédios públicos como abrigo, incluindo a Fiocruz, onde isso já ocorreu anteriormente.”
Histórico de operações e presença de criminosos na Fiocruz
Esta não é a primeira vez que a Fiocruz é utilizada como rota de fuga por criminosos. Em 2011, cinco traficantes de alta periculosidade foram capturados dentro das instalações da fundação. Na época, todos eram lideranças de facções criminosas e estavam foragidos da Justiça.
A operação desta semana faz parte da segunda fase da “Operação Torniquete”, que visa combater roubos de cargas, veículos e outros crimes que financiam atividades de facções criminosas como o Comando Vermelho (CV), que domina o Complexo de Manguinhos.
Desde o início da operação, em setembro de 2024, mais de 290 pessoas foram presas, além de veículos e cargas roubadas recuperados.
Impacto da operação em Manguinhos
Na quarta-feira, policiais da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), em conjunto com a 21ª DP (Bonsucesso) e a Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), realizaram diligências no Complexo de Manguinhos. Durante a ação:
- Um traficante foi morto e outros dois criminosos foram alvejados e caíram no rio da localidade, com equipes de mergulho acionadas para resgatá-los.
- Um homem foi preso, cumprindo mandado de prisão.
- Veículos e cargas roubadas foram apreendidos.
Cenário atual no Complexo de Manguinhos
Relatórios recentes apontam um aumento nos transbordos de cargas roubadas na região de Manguinhos, especialmente após operações no Complexo da Maré que deslocaram atividades criminosas para Manguinhos. A proximidade com a Avenida Brasil facilita o roubo e escoamento de mercadorias.
Os criminosos utilizam estratégias sofisticadas, incluindo processamento e redistribuição de cargas roubadas, muitas vezes comercializadas sob encomenda, atendendo a demandas específicas de comerciantes envolvidos no mercado ilícito.
Conclusão e próximos passos
A Polícia Civil garantiu que as investigações sobre a suspeita de colaboração dos funcionários da Fiocruz continuarão até que todas as circunstâncias sejam esclarecidas. A Operação Torniquete seguirá atuando para desarticular o financiamento e as operações das facções criminosas no Rio de Janeiro.
O delegado André Neves reafirmou o compromisso da Polícia Civil:
“Nossos agentes continuarão defendendo a sociedade contra a bandidagem. Essa é mais uma resposta firme no combate ao crime organizado.”