Descaso, abandono e atraso: a situação dos trens da Supervia

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Trens da SuperVia - Foto: Reprodução/Internet

A rotina dos passageiros da Supervia, operadora dos trens urbanos da região metropolitana do Rio de Janeiro, é marcada por atrasos, descaso e abandono. Nesta quarta-feira (05), os trabalhadores enfrentaram problemas nos trens dos ramais Santa Cruz e Japeri, com atrasos acumulados na estação de Austin, em Nova Iguaçu. Infelizmente, essa situação se repete com frequência.

Com uma malha ferroviária que inclui cinco ramais, três extensões e 104 estações, a concessionária atende doze municípios. De acordo com a AgetranSP, os trens transportam, em média, 620 mil passageiros por dia útil. Apesar de uma tarifa de R$ 7,10, o que os passageiros enfrentam diariamente são filas intermináveis, atrasos frequentes, interrupções de serviço, sujeira nas plataformas, falta de acessibilidade para deficientes, superlotação e insegurança nas estações.

A falta de manutenção também é evidente nas composições, como lixos espalhados, bancos sem assentos, portas quebradas e até buracos no chão são cenas comuns. Nas redes sociais, a indignação dos passageiros é presente, os relatos de frustração e revolta se multiplicam.

“A Supervia é uma vergonha, pego trem uma vez na semana, nada melhora e nunca melhora, o tempo de intervalo é um absurdo. É uma vergonha de transporte”, comenta um usuário.

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Trem da Supervia do ramal Santa Cruz, com janelas quebradas e com pedaços de plástico protegendo. Reprodução: Gabriella Lourenço/ Diário do Rio.

Outro passageiro desabafa sobre a lotação e a presença de homens nos vagões femininos em horários de pico. “Isso é humilhante demais, todos estão atrasados, todos acordam cedo, todos têm família e contas a pagar. Não tem exclusividade no trem, para ter o serviço tem que estar operando perfeitamente, e isso não ocorre. Não é somente questão de educação, virou questão de necessidade. Todos precisam chegar no trabalho”, expõe.

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Bancos sem assentos já fazem parte do cotidiano dos trabalhadores. Reprodução: Gabriella Lourenço/ Diário do Rio.

Em um vídeo, um trabalhador mostra um trem andando com a porta aberta e acrescenta, “Obrigado, Supervia, pelo ótimo trem que vocês disponibilizam para os passageiros”.

Vídeo feito por passageiro no ramal Santa Cruz. Reprodução: Internet.

Apesar dos investimentos anunciados para melhorar o serviço, muitos dos projetos foram abandonados pelo caminho. Em 2019, a concessionária ficou na última posição (170ª) do ranking EXAME/IBRC de atendimento ao consumidor, com uma pontuação de 31,80 de 100.

Para a Supervia, essa situação é apenas mais uma entre uma série de crises que se acumulam dia após dia. O faturamento bruto anual da concessionária em 2022 alcançou R$ 720.570,00, enquanto os custos com manutenção e conservação foram de R$ 44.145,00. No entanto, a realidade dos trens urbanos conta outra história, ou seja, o abandono, a insegurança e um serviço longe do ideal.

A situação dos trens é um reflexo de problemas estruturais e de gestão que impactam diretamente a vida de milhares de trabalhadores. A necessidade de melhorias é urgente, e a voz dos passageiros não pode continuar sendo ignorada.

  • Situação atual

A concessionária Supervia declarou que possui caixa suficiente para operar o sistema de trens da cidade por apenas mais dois meses. O Governo do Estado manifestou a intenção de assumir o serviço até o fim de junho, mas a transferência depende de uma decisão judicial.

A Justiça determinou que representantes do estado e da Supervia se reúnam no próximo dia 27, em mais uma tentativa de regularizar os serviços de trem. O governo estadual reiterou que não irá liberar recursos financeiros para a concessionária. O juiz nomeou uma perícia independente para avaliar a situação financeira da empresa e apresentar um plano alternativo para garantir a continuidade do serviço.

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3 COMENTÁRIOS

  1. (Cont.) sem falar no furto de cabos que se tornou comum. Acaba que a empresa precisa investir em segurança (o que não é parte do serviço concedido) contratando agentes e câmeras e ainda serviços jurídicos para acompanhar aqueles casos…

  2. A culpa é zero da Supervia.
    Maior culpado é o poder concedente do serviço público que não garante leis rígidas para aqueles que causam danos ao patrimônio e prejuízos ao serviço, seja depredando os carros e estações, invadindo os terrenos ao longo da malha ferroviária e o comércio ambulante que afasta o interesse do legalizado que poderia alugar espaços nas estações.

  3. Ué, mas a solução para as mazelas do mundo não é privatizar tudo? Não era só privatizar que ia melhorar? Os relatórios financeiros não demonstram que a empresa é altamente lucrativa? Então, onde estão os investimentos em manutenção? Ou será que esses resultados estão manipulados?

    Não demora para surgir um “especialista” publicando um artigo (obviamente pago pelos investidores da empresa) com aquela conversinha fiada de que ‘para que a operação seja economicamente viável, a tarifa precisa ser pelo menos O DOBRO do que é atualmente, caso contrário, será impossível atender às demandas do serviço com qualidade.” Igualzinho o que disseram recentemente sobre as tarifas das barcas.

    Qual o resultado dessa lenga lenga? O poder público, isto é, o contribuinte, é pressionado e acaba arcando com os vultuosos investimentos para manutenção do equipamento, ficando os donos privados apenas com a parte boa do troço, ou seja, a receita e o lucro (altíssimo, por sinal).

    Parafraseando o sábio Qualhada, personagem antológico do Chico Anysio Show, “enquanto existir otário, malandro não morre de fome.” No caso aqui dos nossos ‘nobres’ empresários, enquanto existir otário, vagabundo fica milionário facinho, facinho.

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