Mais de 150 países celebram nesta segunda-feira, 16 de outubro, o Dia Mundial da Alimentação, entre eles o Brasil. A data reforça a conscientização sobre questões relativas à nutrição e à alimentação e os brasileiros devem ligar o alerta, já que o país ocupa o 4º lugar no ranking de pessoas com maior número de obesos. O país fica atrás somente dos Estados Unidos, China e Índia. Sabe-se que a má alimentação interfere diretamente no desempenho profissional do colaborador e, segundo estudos da Organização Internacional do Trabalho (OIT), uma alimentação inadequada pode reduzir em até 20% a produtividade e a eficiência dos funcionários.
Dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que seis a cada dez brasileiros estão com sobrepeso. Já a taxa de obesidade no país fica em torno de 20%. Pesquisadores da FGV realizaram uma projeção sobre a evolução da obesidade e constataram que, caso a doença permaneça com a taxa de crescimento atual, em 2030, atingirá mais de 24% da população. Diante deste cenário preocupante, não há melhor ocasião para debater o tema em ambientes corporativos.
O desequilíbrio na alimentação pode provocar uma série de problemas como indisposição, fadiga, má digestão, falta de concentração, além de causar danos à saúde mental e física. O presidente da Associação Nacional de Saúde e Segurança Ocupacional, Antonio Martin, conta que sofreu na pele por conta do excesso de peso. “Eu mesmo passei por um processo de reeducação alimentar porque sentia muito cansaço e faltava disposição para tudo. Vi a vida mudar depois que procurei especialistas e comecei a fazer atividades físicas. Estou me sentindo outra pessoa”, explica Martin.
Manter a educação alimentar no trabalho é importante para afastar doenças como anemia, hipertensão, diabetes, entre várias outras que podem contribuir para a elevação do índice de absenteísmo. Martin lembra ainda que o Brasil possui o Guia Alimentar, que teve sua última edição publicada em 2014.
“Muitas empresas nem têm conhecimento desse guia, que avançou bastante desde a sua primeira publicação em 2006, e acabam sofrendo no bolso com as demandas de cirurgia bariátrica. A alimentação tem papel fundamental e, quando ignorada, pode comprometer os resultados”.
A empresa pode ajudar o seu colaborador a se alimentar melhor?
Especialista em alimentação do trabalhador, Roberto Baungartner, garante que o trabalhador alimentado sofre menos acidente de trabalho. Baungartner, que é membro da comissão tripartite do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), do Ministério do Trabalho e Emprego, ressalta a importância da união de todos os setores.
“É preciso ter uma sensibilização entre empregadores e trabalhadores, além de envolver centrais sindicais, empresas emissoras de cartão, entre outros. É um trabalho de educação alimentar”, afirma Roberto.
De acordo com o PAT, mais de 23 milhões de trabalhadores são beneficiários dos programas e, desses, quase 80% recebem cartão alimentação/refeição.
“Mais de 300 mil restaurantes no Brasil aceitam vale refeição. E ele não deveria ser só uma moeda eletrônica de troca. A qualidade é variável sob o aspecto da saúde nutricional e o fator cultural é preponderante nos hábitos alimentares. Seria muito importante a recriação da Comissão Tripartite”, explica Baungartner, que complementa: “Quanto mais se investe em alimentação saudável, menos se gasta com saúde.”
Para gestores, incentivar a alimentação saudável é um meio de garantir o bem-estar das pessoas e ainda elevar a produtividade e o nível de satisfação na empresa. Colaboradores que se alimentam de forma balanceada demonstram mais energia e disposição ao trabalho e a demais atividades cotidianas.
Antonio Martin, que também é CEO da RHMED|RHVIDA, explica que, embora ofereça vale alimentação e/ou refeição para os colaboradores de sua empresa, decidiu expandir o refeitório. “Recentemente, na nossa sede no Rio de Janeiro, fizemos uma reforma no refeitório, ampliando o espaço, para que as pessoas possam comer em um ambiente mais adequado, com calma, e trazer suas refeições de casa. O colaborador satisfeito e saudável vai melhorar a sua produtividade e todos só têm a ganhar”.