Como se começa a freqüentar uma roda de samba? Qual é o start que a vida da pessoa dá que faz ela querer, com seus 18 ou 50 anos, partir para um canto da cidade e ver um punhado de moços e moças batucando ao redor de uma mesa? Eu lembro que minha primeira ida ao solo sagrado do Renascença foi com um primo que não era lá um freqüentador assíduo. Ele já tinha ido poucas vezes e quando resolveu ir novamente, sabia que eu gostava de samba e me levou. Daí eu pergunto para vocês: na minha primeira ida ao Rena, eu me torno um público menos importante que quem já freqüenta o mesmo lugar há 20 anos?
Provavelmente sua resposta vai ser não. E eu concordo. Público é público, antigo ou novo. Quem pisa pela primeira vez no Cacique de Ramos, no Vaca Atolada, na Pedra do Sal ou no Candongueiro merece tanto respeito quanto aquela pessoa que bate ponto lá. O importante é saber que nesses lugares a última palavra é do batuqueiro e que não pode bater palma da mão fora do ritmo pra não desandar. De resto, é chegar no sapatinho, curtir, cantar, dançar e ser feliz. Não existe lugar mais democrático do que a roda de samba, seja ela qual for.
E aqui entra um capitulo especial da minha vida como DJ: quando mudei a chave de DJ exclusivo das madrugadas para DJ ‘da tarde’, fazendo rodas de samba, um mundo se expandiu. Além de passar a tocar em eventos com Moacyr Luz, Pretinho da Serrinha, Diogo Nogueira, Moyses Marques, Nego Álvaro, Samba Que Elas Querem, Moça Prosa, talentos de ontem e de hoje do samba, comecei a ver que o público é o mais diverso possível, me permitindo explorar ao máximo todo um repertório que pode começar com funk e terminar com axé, passando por charme, pop, lambada… No último samba eu toquei Elymar Santos e foi incrível! Eu e você, assim ao som de um bolero…
E nunca antes na história desse país chamado Rio de Janeiro (sic) teve tanta roda de samba espalhada pela cidade, de segunda até domingo. A semana que começa com Moacyr Luz & o Samba do Trabalhador no Andaraí e pula pra roda de samba no Bafo da Prainha, passa pelo Beco do Rato e pelo Vaca Atolada no centro do Rio, pula pro Cacique de Ramos, vai pra Tubiacanga no Cura Ressaca e vai sentido da Baixada, com o Arruda tocando em Caxias. Se procurar direitinho, você não precisa nem sair do seu bairro para curtir uma boa roda de samba TODA SEMANA. E quando for, aproveita pra fazer igual meu primo fez lá atrás e arrasta alguém com você pra apresentar, porque quem não gosta de samba, ou não conhece, ou bom sujeito não é.
Agora me diz: ta afim de redescobrir a roda de samba esse fim de semana? Vou te passar o mapa da mina. Se liga:
Sexta, 29 de Setembro
- Grupo Bom Gosto – Antonella Lounge (Lapa)
- André Pressão – Bafo da Prainha (Gamboa)
- Anderson BomBom – Boteco da Villa (Vila Isabel)
- Samba Pontual com Samba de Lei + Moça Prosa – Casarão do Firmino (Centro)
- Roda de Samba Wallace Jr – Quintal do Choco (Vista Alegre)
- Pagode do Batuta com Chininha – Kastellão Arena (Engenho de Dentro)
Sábado, 30 de Setembro
- Moacyr Luz, Samba do Trabalhador + Cacique de Ramos + DJ Junior – Amarelinho (Cinelândia)
- Grupo Arruda – Bendito Lounge (Duque de Caxias)
- Renato Milagres – Renascença (Andaraí)
- Gabriel da Muda + Nos Pagodes da Vida – Casarão do Firmino (Centro)
- Caju Pra Baixo – Casa Black (Madureira)
- Casuarina – Beco do Rato (Centro)
- Roda de Samba do Terreiro da Vovó (Niterói)
Domingo, 01 de Outubro
- Roda de Samba com Fernando Procópio – Casa de Malandro (Madureira)
- Cacique de Ramos – Quadra do Cacique (Ramos)
- Confraria Carioca – Taberna da Vila (Vila Isabel)
- Feijoada Pro Povo com Quintal da Magia e Thiago Soares – Viaduto de Madureira (Madureira)
- Roda de Samba – Bar do Mussum (Downtown – Barra da Tijuca)
- Roda de Samba-Enredo com Grupo SER – Baródromo (Maracanã)
Partiu?
Excelente lembrança…
Lembro bem desse dia memorável e pitoresco… (o que acontece no Rena, fica no Rena) rs
Em pensar que tempos depois, você ali “sozinho”, iria (re)encontrar o amor da sua vida hein…
Sou grato pela sua companhia, sou grato pela sua evolução e me sinto feliz por ter sido aquele que lhe adiantou esse caminho.
Digo adiantou porque não é certo dizer que conduzi ou fui responsável de algo que seria seu “destino natural”, mais cedo ou mais tarde.
Então fui apenas um instrumento que adiantou a parada toda.
E vamos batucar… Menos eu né? Que não tenho ritmo, como boa parte da família… rs
Deixa que me encarrego do balde das cervejas e dos bolinhos de bacalhau!