Quando criança, no interior do Rio Grande do Sul, o pai do artista visual Carlos Zilio tinha como bicho de estimação um tamanduá. Comedor de formigas e cupins, um dia o inusitado animal ‘doméstico’ acabou morrendo, ao cair de uma escada.
Na próxima quinta-feira (17/10), toda a simbologia que gira em torno dessa memória afetiva, vai ser celebrada com o lançamento do catálogo da mostra “Carlos Zilio – Pinturas e Desenhos”, em exibição na Cassia Bomeny Galeria, em Ipanema. A mostra, que reúne 13 obras produzidas pelo artista de 75 anos, têm o tamanduá como figura central.
A imagem do animal é recorrente na obra do artista. Ela apareceu pela primeira vez em 1986 (com o falecimento do pai) como um símbolo de nostalgia, perdas, ausência e luto. Mais de 20 anos depois, ele voltou ao tema ao encontrar uma mancha no formato de um tamanduá no piso do corredor de seu ateliê – que anteriormente havia pertencido a seu antigo professor no Instituto de Belas Artes, o pintor Iberê Camargo.
“O tamanduá é uma referência pessoal emergiu naturalmente no meu trabalho quando meu pai morreu. Esta idéia de luto vem associada a figura do tamanduá geralmente em queda. Na verdade minha tentativa é de dar a este episódio pessoal uma conotação histórica mais ampla: um sentimento de mundo que tem como fundo o luto e a queda”, explica Zilio.
Um dos maiores nomes da arte brasileira contemporânea, Carlos Zilio tem sua trajetória marcada por forte militância dentro e fora das artes. Algumas de suas obras mais icônicas são Lute (1967), Para um Jovem de Brilhante Futuro (1973) e Identidade Ignorada (1974), esta última em exibição na coletiva “Minha Terra tem palmeiras”, na Caixa Cultural do Rio de Janeiro.
O pintor chegou a ser preso pela ditadura militar entre 1970 e 1972, e em 1976, para fugir da perseguição política, viajou para Paris, onde fez um doutorado em artes na Universidade de Paris VIII. Suas obras fazem parte do acervo de importantes coleções como o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.
O lançamento do catálogo vai contar com a presença do artista e acontece de 19h às 21h30. A Galeria Cassia Bomeny fica na Rua Garcia D´Ávila, 196, Ipanema. Entrada gratuita.
SERVIÇO:
Carlos Zilio – Pinturas e Desenhos
Abertura: 04 de setembro às 18h
De 04 de setembro a 26 de outubro de 2019
Na Galeria Cassia Bomeny: Rua Garcia D´Ávila, 196, Ipanema. Telefone: (21) 3085-3000
De segunda a sexta, das 10h às 19h e sábados, de 10h às 15h
Entrada Franca