Depois de ficar nacionalmente conhecido através do Forfun, dar sequência à sua carreira com o Braza e, posteriormente, se aventurar no mundo do samba e bossa nova com o daBossa, o músico carioca Danilo Cutrim, voz principal de todos esses projetos, lançou oficialmente, na última sexta-feira (17/04), seu mais novo trabalho.
Trata-se do DuBrazilis, projeto que tem como objetivo “repaginar” antigos sucessos da Música Popular Brasileira (MPB) em versões focadas no dub e no reggae.
Nesse 1° trabalho do projeto, intitulado de “DuBrazilis – Volume 1” e composto por 6 faixas, Danilo tentou ao máximo manter os tons, as melodias e as harmonias das versões originais, mesclando, porém, a essência da MPB com o “swing” da música jamaicana.
Além de sua versatilidade de gêneros musicais, transitando pelos diversos estilos que seus variados trabalhos abrangem, Danilo pôde, nesse 1° EP do DuBrazilis, mostrar sua “polivalência” como músico. Ele gravou, além das linhas de guitarra, que já estamos acostumados, os contrabaixos e teclados de todas as canções do disco.
Nos vocais, Cutrim contou com a ilustre participação de Amanda Chaves, ex-participante dos programas “The Voice Brasil” e “SuperStar”.
Ademais, Danilo também aproveitou a oportunidade para se lançar como produtor. O DuBrazilis é o 1° trabalho em que o carioca assina sozinho a direção musical e os arranjos das canções.
Em contato exclusivo com o DIÁRIO DO RIO, Danilo Cutrim falou sobre o álbum, sua versatilidade musical e até sobre Moraes Moreira, músico consagrado da MBP que faleceu na última segunda-feira (13/04). Confira.
1 – Quando/como exatamente surgiu a ideia do DuBrazilis e como foi o processo de escolha das canções que compõem o disco, levando em consideração o grande acervo musical que a MPB dispõe?
“Na verdade, a ideia é antiga, mesclar os estilos sempre me agradou muito. Como ano passado, no Braza, nos permitimos lançar projetos paralelos, esse foi o 1° que me veio à cabeça. Tenho um irmão 10 anos mais velho, que sempre me apresentou muita música brasileira: Leila Pinheiro, Boca Livre, Flávio Venturinni, Milton… De certa forma, as canções que escolhi têm uma memória afetiva muito forte. Além disso, as escolhidas deveriam se encaixar no universo do reggae ritmicamente, pra fazer sentido.”
2 – Como surgiu sua amizade com a Amanda Chaves e o convite para ela fazer parte do trabalho?
“Conheci a Amanda na Guarda do Embaú, em Santa Catarina, há uns 10 anos, mais ou menos. Eu sempre curtindo, e ela sempre trabalhando. Ouvia ela cantar e sempre imaginei fazermos alguma coisa juntos. Pra esse projeto, senti muito a falta do feminino, mas é muito específico. Teria que ser alguma mulher que cantasse muito, amasse música brasileira e amasse, também, reggae, entendesse essa cultura. Amanda era perfeita. Liguei pra ela, expliquei o projeto, fiz o convite e ela aceitou, graças à Jah. Temos uma vibe bem parecida.”
3 – Você, certamente, é um músico bastante versátil. Começou a carreira tocando, digamos, “pop punk”, e no próprio Forfun, mesclou o rock com reggae e dub. Depois disso, no Braza, vieram ainda mais experimentações, com, além dos estilos citados acima, uma total “brasilidade” musical, passando também pelo rap. Depois, veio o daBossa, mesclando bossa nova com samba. E agora o DuBrazilis. Enfim, de todos esses variados estilos musicais, qual, pode-se dizer, é o que você mais curte? O que mais te representa?
“Nossa, pergunta difícil essa. No fundo, acredito que música é tudo igual. Ritmo, melodia, letra (ou não), e a cultura que aquele nicho carrega. Hoje, um pouco mais velho, consigo enxergar que tive fases bem definidas, e destintas. Infância, por conta da família, escutei muita MPB, e ao mesmo tempo cresci na Tijuca/Vila Isabel, rodeado de samba e funk. Na adolescência, veio o rock, e também o punk rock, que mudou a minha vida e me tornou músico. Já adulto, veio o reggae e música negra de uma maneira bem forte, e a música eletrônica (que, escondido no meu quarto, tentei fazer durante muito tempo, mas não rolou tanto). No DuBrazilis, estou juntando duas paixões. Com o Braza, conseguimos transitar no pop, mas o projeto é bem livre. Com o daBossa, estou apenas resgatando a minha infância, samba e mpb, algo que sempre esteve comigo, mas que só desabrochou ano passado quando conheci o Jean [Charnaux, seu parceiro no projeto].”
4 – Além da sua versatilidade de estilos musicais, você também é multi-instrumentista. No Forfun e Braza, guitarrista. No daBossa, embora haja o Jean, você também dá suas pitadas no violão. Agora, no DuBrazilis, gravou baixo e teclado. O quão importante é essa versatilidade instrumentista na hora de compor os arranjos? E sua preferência ainda é a guitarra?
“Acho que é importante ter uma noção, principalmente se você quiser produzir. Mas não acho que seja decisivo. Nunca tive muito saco pra estudar o instrumento, no meu caso da guitarra, as escalas, modos, exercícios. O principal é ter uma noção geral, entender o seu limite e estudar composições e arranjos de outras pessoas. Escrever uma linha de piano que eu não consigo executar, mas que seja possível chamar uma pianista pra gravar, por exemplo. Entendo que, hoje, a minha voz seja meu principal instrumento, o que mais pratico e uso atualmente. Meu preferido, eu acho.”
5 – Como foi, para você, essa primeira experiência de assinar sozinho a produção do disco? Te deixou mais à vontade para impor suas ideias particulares, sem ter que passar pelo “aval” de um produtor de fora?
“Foi muito importante. Sempre produzi, mas coletivamente. E sempre com mais 3 pessoas. O legal disso, que além de trabalhar o ego, o resultado final é a junção de 4 vibes, vai além. Porém, o processo não é tão simples, desgasta, mas você nunca está sozinho, aprende-se muito. Também trabalhei com grandes produtores: Liminha, Daniel Ganjaman, Rafael Ramos, Kassin… Acabei aprendendo um pouco com cada um deles. No DuBrazilis, saiu tudo muito rápido, naturalmente tem uma unidade um pouco maior. Não depender de ninguém, ainda mais pra mim, que sou ansioso, é libertador. Na sequência, produzi o disco do Arretados [projeto musical de Dedeco, ex-Dibob, e Jean Charnaux], que provavelmente vai sair por agora, e que tem como cerne a música nordestina. Com o daBossa, produzo em dupla, e flui muito. Tenho gravado com Jorge Helder, Jurim, Kiko Horta, Aurea Martins… Enfim, um time muito pesado da MPB que tem me levado pra um outro lugar completamente diferente. Eu gosto muito de me arriscar.”
6 – Por fim, ainda nesse contexto de MPB que o DuBrazilis traz, tivemos nessa semana uma grande perda para a música brasileira, que foi o Moraes Moreira. Você, inclusive, postou uma música tocando uma de suas canções. O que o Moraes e o Novos Baianos como um todo representaram para você na sua formação musical tão “abrasileirada”?
“Conheci o Novos Baianos tarde, depois dos 20 anos. Mas lembro que foi muito forte e impactante. Moraes e a galera conseguiram criar um estilo absolutamente novo e revolucionário. Impressionante como mesclaram outras influências, como o rock, mas sempre como base a música brasileira. Foi até difícil gravar essa homenagem pro Moraes, porque sempre chorava quando ia cantar. Esse cara é muito eterno, emociona muito. Um gênio. Não sou daqueles patriotas, nacionalistas, que só valoriza música brasileira. Pelo contrário. Mas temos que ter em mente que a música do Brasil, incrivelmente vasta, é um patrimônio universal. Um dos poucos motivos de orgulho de pertencer a esse país. Salve Novos Baianos! E Moraes Moreira, obrigado! Descanse em paz!”
O 1° EP do projeto DuBrazilis está disponível em todas as plataformas digitais, como Spotify, Deezer e YouTube.
“DuBrazilis – Volume 1” é:
1 – “Ainda Lembro” (Marisa Monte e Nando Reis)
2 – “Esperando Aviões” (Vander Lee)
3 – “Você Não Entende” (Caetano Veloso)
4 – “Toada” (Zé Renato, Claudio Nucci e Juca Filho)
5 – “Retratos e Canções” (Michael Sullivan)
6 – “Nascente” (Flávio Venturini)
E já ia esquecendo; voces poderiam fazer uma entrevista com o Danilo Cutrim; naqueles moldes como fizeram com o Rodrigo (ex-Forfun); ia ser bem legal; uma entrevista super descontraída ia cair bem d+.
Show de bola! O Danilo Cutrim é um monstro, saca MUITO de música; a única coisa que lamentamos. é que a cada projeto lançado, que é bom & que decola; deixa cada vez + distante o sonho de ver o Forfun um dia voltar; pois é uma coisa cada vez + distante, cada vez + se consolida como um ciclo que acabou; & ao que tudo indica, não voltará +, talvez nem p/uma reunião.
Mas a vida é assim; ciclos começam & terminam, a vida segue com novos pensamentos, projetos & realizações; esse é o ciclo natural da vida.
Forfun não volta com a formação original, Rodrigo Costa ex baixista é bolsonarista e amigo pessoal da família esse foi o motivo do fim da banda, de foco no Braza que é a continuação.