Por Lucas Tristão, secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, Energia e Relações Internacionais do Rio de Janeiro, e Guilherme Mercês, subsecretário estadual de Indústria, Comércio, Serviços e Ambiente de Negócios do Rio de Janeiro.
Os resultados da economia em 2019 mostraram que o Estado do Rio está virando o jogo, após viver a pior crise da sua história. O IBC, indicador de atividade econômica divulgado pelo Banco Central, apontou expansão de 1,3% da economia fluminense, resultado acima da média nacional (0,9%). Segundo estimativa da Firjan, divulgada recentemente, o Produto Interno Bruto (PIB) do estado cresceu 1,5% no ano passado. Resultado que corrobora a estimativa do Banco Central. Isso quer dizer que nossa economia está crescendo de forma mais acelerada que a do país, deixando para trás quatro anos de recessão.
O vetor dessa recuperação foi a indústria, cujo desempenho do Rio em 2019 foi muito superior ao registrado em outros estados da Região Sudeste e bem longe da retração de 1,1% do Brasil. Segundo o IBGE, a produção industrial do estado cresceu 2,3%. A indústria paulista praticamente não cresceu (+0,2%), a de Minas Gerais caiu 5,6%, e a do Espírito Santo recuou 15,7%.
Esse resultado é fruto do aquecimento no mercado de óleo e gás, que já começa a puxar os setores ligados à sua cadeia. Com a ocorrência de rodadas de concessão e partilha do pré-sal, a exploração de novos campos foi retomada. O surgimento de oportunidades no setor — como as atividades de descomissionamento e revitalização de campos maduros, além das quatro novas rodadas programadas para o biênio 2020/2021 — deve potencializar esse crescimento nos próximos anos. O plano de investimentos da Petrobras ilustra esse quadro: estão previstos mais de US$ 20 bilhões de investimentos na Bacia de Campos até 2024. Esse ambiente será coroado pela realização da Rio Oil & Gas, em setembro, quando o Rio terá a oportunidade de mostrar ao mundo as enormes oportunidades de investimento no estado.
Se 2019 foi o ano da retomada do setor de petróleo, 2020 será o ano do mercado de gás. Isso porque o estado foi o primeiro do Brasil a abrir esse mercado, medida que vai derrubar os preços e destravar uma série de investimentos, não só de usinas termelétricas, como também de grandes consumidores, como as siderúrgicas. Com efeito, o Rio vai ratificar o posto de Capital da Energia.
Os números do setor da construção civil também reforçam este novo momento da economia do Rio. O setor que mais sentiu os efeitos da crise gerou mais de 3.400 empregos no ano passado. Vale lembrar que o Rio estava há anos sem lançamentos imobiliários. Para os próximos anos, os investimentos em infraestrutura pesada serão impulsionados por um pacote de concessões de 240 quilômetros de rodovias estaduais, com investimentos previstos de R$ 1,2 bilhão.
Por sua vez, os setores de comércio e serviços geraram cerca de 15 mil empregos no ano passado, após anos sucessivos de demissões. A melhora significativa dos indicadores de segurança pública é um dos determinantes disso. Lojas, supermercados e restaurantes que estavam fechando cedo hoje podem se manter abertos. Essa melhora foi gradativa no ano passado, o que significa que os plenos efeitos serão sentidos este ano, principalmente na capital.
As projeções de mercado para 2020 apontam para aceleração do crescimento mundial e brasileiro. O grande risco para esse cenário fica por conta do recente avanço do coronavírus e seus possíveis impactos negativos no desempenho da economia global. No país, a continuidade das reformas em um contexto de inflação e juros baixos endereçam um ambiente propício para a aceleração do crescimento. Para os estados, além de uma reforma tributária efetiva, serão decisivas as aprovações de três PECs que tramitam no Congresso: a do Pacto Federativo, a PEC Emergencial e a dos Fundos Públicos.
Finalmente, podemos voltar a olhar para o futuro do Rio de Janeiro com confiança e otimismo. E sempre com responsabilidade.