Ediel Ribeiro: A mansão do Zero Quatro

'Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha - e muito - é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD)'

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Arte - Nani

Se tem um órgão do Governo Federal que trabalha – e muito – é o Departamento de Recuos e Desmentidos (DRD).

Ligado à Secretaria de Comunicação Institucional, antiga Secretaria de Comunicação – SECOM – o DRD funciona numa salinha nos fundos do Palácio do Planalto, ao lado do gabinete do ódio, sob o comando do secretário especial Flávio Augusto Viana Rocha

Todo mundo sabe que uma das funções mais importantes no governo, hoje em dia, é a de recuar e desmentir as histórias do capitão e de sua prole.

Se o presidente ficar adulterando fatos, desmentindo e fraudando todo tipo de informação, daqui a pouco ninguém mais vai acreditar nas suas declarações.

Como vocês devem saber, a ex-mulher de Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle é uma fonte inesgotável de problemas para o presidente. Depois de acusá-lo de roubar um cofre com 1 milhão e meio de jóias, Ana Cristina parece que enfiou o presidente em outra roubada:

Bolsonaro estava reunido com o secretário especial Flávio Rocha, procurando um jeito de matricular a filha Laura num colégio militar de Brasília sem a realização do exame seletivo obrigatório quando Jair Renan Bolsonaro, o filho ‘o4’ entrou no gabinete da presidência numa alegria só:

– Papi, papi, papi, vou morar pertinho de você.

– Calma, Zero Quatro!! Se a imprensa esquerdista vir você nessa alegria toda vão achar que eu dei duas fraquejadas. Como vai morar perto de mim? Vai vir morar no Palácio do Planalto?

– Não, papi! Bobinho! Eu vou morar com a mamãe em uma mansão no Lago Sul, pertinho da ponte JK.

– Mas, ‘04’, o Lago Sul é uma das áreas mais nobres e valorizadas da capital, uma mansão ali não custa menos que 5 paus, taokey? Como vocês vão pagar isso daí? Não chega o problema que eu estou tendo para explicar a ‘cuestão’ da compra da mansão do Zero Um, financiada por um banco ligado ao governo do Distrito Federal?

– Nós não compramos, alugamos de um amigo da mamãe. O aluguel era de 14 mil, mas o amigo da mamãe fez por 8 mil.

– 8 mil!!?? Esse amigo deve ser muito rico. Deve ter várias mansões em Brasilia!

– Tem não, papi! Só tem essa. Ele é corretor de imóveis e mora há 30 quilômetros de Brasília, numa casinha humilde. Nós demos sorte, ele alugou pra gente três dias depois de comprar a mansão. Não foi sorte, papi?

– Ôôô!!… E como sua mãe vai pagar um aluguel de 8 mil? Ela ganha 6 mil e 200 reais. O que vocês vão comer?

– Comer pra quê? O senhor mesmo disse que é melhor comprar um fuzil.

– Meu garoto!!

– Presidente, essa operação é, no mínimo, estranha! – disse o secretário, no ouvido do capitão. – A imprensa vai cair em cima do senhor. O seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, ainda não explicou a compra da mansão dele. Isso vai ser um prato cheio para a oposição. Já estão chamando sua família de “Imobiliária Bolsonaro”, tamanha a quantidade de imóveis que vocês compram.

– Na época do Lula, até pobre comprava casa e ninguém falava nada – justificou o
capitão.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"

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