Ediel Ribeiro: Chacrinha, o velho guerreiro

Há 35 anos morria Chacrinha

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Acervo/Globo

Os mais jovens, provavelmente, nunca ouviram falar de José Abelardo Barbosa de Medeiros, o Chacrinha.

Chacrinha, foi um comunicador de rádio e televisão do Brasil, apresentador de programas de auditório de grande sucesso das décadas de 1950 a 1980.

Nasceu em Surubim, no agreste de Pernambuco, no dia 30 de setembro de 1917. Ainda na infância, mudou-se com a família para Caruaru e depois, aos 10 anos de idade, para Campina Grande, na Paraíba.

Aos 15, foi estudar no Colégio Marista do Recife, na capital pernambucana. Começou a cursar medicina em 1936 e em 1937 teve o seu primeiro contato com o rádio na Rádio Clube de Pernambuco, ao dar uma palestra sobre alcoolismo.

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Como percussionista do grupo Bando Acadêmico, decidiu, aos 21 anos, viajar como músico no navio Bagé rumo à Alemanha. A Segunda Guerra Mundial, que agitaria o mundo em 1939, o fizeram desembarcar na então capital federal, o Rio de Janeiro, onde se tornou locutor na Rádio Tupi.

Autor da célebre frase “Na televisão, nada se cria, tudo se copia”, em 1943, lançou na ‘Rádio Clube Fluminense’ um programa de marchinhas de carnaval chamado ‘Rei Momo na Chacrinha’, que fez muito sucesso. Passou então a ser conhecido como Abelardo “Chacrinha” Barbosa.

Nos anos 1950, comandaria o programa ‘Cassino da Chacrinha’, no qual lançou vários sucessos da música popular brasileira como “Estúpido Cupido”, de Celly Campelo, e “Coração de Luto”, do artista gaúcho Teixeirinha.

Em 1956, estreou na televisão com o programa ‘Rancho de Mister Chacrinha’, uma série de faroeste infanto-juvenil, onde interpretava o papel do xerife, na TV Tupi, na qual começou a fazer também a ‘Discoteca do Chacrinha’.

Na década de 1960, seu programa foi exibido na TV Paulista, TV Rio e TV Excelsior e, em 1967, foi contratado pela TV Globo. Chegou a fazer dois programas semanais: ‘Buzina do Chacrinha’ e ‘Discoteca do Chacrinha’.

Cinco anos depois voltou para a Tupi. Em 1974, teve uma breve passagem pela TV Record, retornando em seguida para a Tupi. Em 1978, transferiu-se para a TV Bandeirantes e, em 1982, retornou à Globo, onde ocorreu a fusão de seus dois programas num só, o ‘Cassino do Chacrinha’, que fez grande sucesso nas tardes de sábado.

Em seus programas de televisão, foram revelados para o país inteiro cantores como Roberto Carlos, Clara Nunes, Roberto Leal, Paulo Sérgio, Raul Seixas, Perla, entre muitos outros.]

Desde a década de 70, era chamado de ‘Velho Guerreiro’, após uma homenagem feita a ele pelo cantor Gilberto Gil, que assim se referiu a Chacrinha em sua canção “Aquele Abraço”.

No ‘Cassino da Chacrinha’ aconteciam enormes festas nas quais ele se apresentava com roupas engraçadas e espalhafatosas, acionando uma buzina de mão para desclassificar os calouros e empregando um humor debochado, utilizando bordões e expressões que se tornaram populares, como “Vai para o trono ou não vai?”, “Como vai, vai bem? Veio a pé ou veio de trem?”, “Cheguei, baixei, saravei”, “Vocês querem bacalhau?”, “Eu vim para confundir, não para explicar!” e “Quem não se comunica, se trumbica!”.

O programa do Chacrinha tinha um ar de teatro. Os jurados ajudaram a criar o clima lúdico no qual se destacaram Carlos Imperial, Aracy de Almeida, Rogéria, Elke Maravilha, e Pedro de Lara, dentre muitos outros.

Outro elemento para o sucesso dos programas para TV eram as chacretes, dançarinas profissionais de palco que faziam coreografias para acompanhar as músicas e animar o programa. No início eram conhecidas como as “vitaminas do Chacrinha” e “tevezinhas”.

Além da coreografia ensaiada, as dançarinas recebiam nomes exóticos e chamativos como Rita Cadillac, Índia Amazonense, Fátima Boa Viagem, Suely Pingo de Ouro, Fernanda Terremoto, Cristina Azul, entre muitas outras.

Em 1987 foi homenageado pela escola de samba carioca Império Serrano com o enredo “Com a boca no mundo – Quem não se comunica se trumbica”. Em 2018 foi homenageado pela escola de samba Acadêmicos do Grande Rio com o enredo “Vai para o trono ou não vai”.

Durante o ano de 1988, já doente, foi substituído em alguns programas por Paulo Silvino e João Kléber.

Chacrinha era um dos mais ilustres e notórios torcedores do Vasco da Gama, tendo se apresentado diversas vezes com a camisa do clube. O apresentador morreu no dia 30 de junho de 1988, às 23h30, de infarto do miocárdio e insuficiência respiratória (tinha câncer de pulmão) aos 70 anos. Foi sepultado no dia seguinte no Cemitério de São João Batista no Rio de Janeiro.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"
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