Ediel Ribeiro: O cartunista Appe

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Antoine de Saint-Exupéry, escritor e jornalista, autor do clássico “O Pequeno Príncipe”, foi uma criança sensível e inteligente que criou e inventou histórias para vencer a solidão.

Sua mãe ensinou-lhe a escrever e desenhar. Poderia ter sido um grande desenhista (as aquarelas de “O Pequeno Príncipe” são suas). Mas, devido a uma grande frustração na infância, nunca mais desenhou.

Aos seis anos, seu primeiro desenho foi uma jibóia que engolia um elefante. O desenho, era a cópia de uma ilustração que vira em um livro sobre histórias vividas na floresta.

Mas os adultos não entenderam.

Antoine mostrou seu desenho às “pessoas grandes” e perguntou se seu desenho lhes dava medo. Eles respondiam: “Por que um chapéu daria medo?”

As “pessoas grandes”, então, o aconselharam a desistir do desenho e ele teve que procurar outra profissão.

A história de Antoine se parece com a história do menino acreano, Anilde Pedrosa.

O primeiro desenho do menino era o retrato de sua cabra Bibi. Todo bobo com sua “obra-prima”, Anilde foi mostrar o desenho para seu pai. O velho, todo orgulhoso do filho disse nunca ter visto uma cadeira tão bem desenhada.

Mas Anilde, ao contrário de Antoine, o menino francês, não desistiu do sonho ser desenhista. Superada a primeira frustração, anos depois, o menino voltou a desenhar no Colégio Dom Bosco, já em Manaus, sob os olhares dos padres salesianos.

Mais tarde conseguiu um emprego de laboratorista numa farmácia local, mas nunca desistiu do sonho de ser desenhista. Desenhava entre uma receita e um curativo.

Apaixonado pela arte, o jovem Anilde trocou o trabalho de farmacêutico pelo de repórter colaborador e, mais tarde, ilustrador em jornais da cidade.

“Eu era o maior. Até porque não tinha outro”, dizia.

O cartunista dizia se chamar Amilde e não Anilde (seu nome verdadeiro) porque não gostava do nome que lhe valeu o apelido indesejado de “Anil” – um produto usado para clarear roupa – dado pelos colegas.

Anilde Pedrosa, nasceu em Sena Madureira, no Acre, em 20 de maio de 1920. Publicou sua primeira charge em 1940 e realizou a sua primeira exposição individual de caricaturas em 1946.

Transferiu-se para o Rio, onde, já com o apelido acróstico de Appe, criou suas primeiras charges políticas no “Diário da Noite”.

Trabalhou também no jornal integralista “A Vanguarda” e em “O Jornal”. Appe também trabalhou em “A Cigarra” e, em 1953, transferiu-se para a revista “O Cruzeiro”, onde foi um dos principais chargistas, ao lado de Borjalo, Ziraldo e Péricles. Começou a trabalhar na revista como paginador, ilustrador e chargista político. Na década de 70, ganha duas páginas na revista, onde cria a coluna Blow-Appe, que manteria até pouco antes do fechamento da revista, em 1975.

Ainda no início dos anos 60, passa a viver com Neusa Pedrosa, que seria sua companheira por toda a vida. Em 1977, grava um depoimento para o Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro.

No ano seguinte, muda-se para Versailles, na França. Retorna ao Brasil em 1980. Volta a colaborar com vários jornais e revistas e tem algumas de suas charges censuradas, como a que mostrava Papai Noel levando ao Congresso Nacional um saco onde se lia a inscrição “Cassações”.

Dedica-se à pintura em seu novo ateliê, em Teresópolis, no Rio de Janeiro. Em 2004, por motivos de saúde, procura um local de clima mais ameno. Vai morar em São Pedro da Aldeia, região litorânea do estado do Rio de Janeiro.

Appe faleceu de problemas cardíacos e pulmonares, em 4 de agosto de 2006. Seu corpo foi cremado no Rio de Janeiro.

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Jornalista, cartunista, poeta e escritor carioca. É colunista dos jornais O Dia (RJ) e O Folha de Minas (MG) e Diário do Rio (RJ) Autor do livro “Parem as Máquinas! - histórias de cartunistas e seus botecos”. Co-autor (junto com Sheila Ferreira) dos romances "Sonhos são Azuis" e “Entre Sonhos e Girassóis”. É também autor da tira de humor ácido "Patty & Fatty", publicadas nos jornais "Expresso" (RJ) e "O Municipal" (RJ), desde 2003, e criador e editor dos jornais de humor "Cartoon" e "Hic!"

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