Na segunda tentativa de leilão feita pela União para vender o icônico edifício A Noite fracassou. O leilão eletrônico, marcado para esta segunda 7/6, não teve nenhum interessado. Uma nova data deve ser marcada, mas ainda não foi informada.
A primeira tentativa de leilão foi com o valor de R$ 93 milhões, houve uma redução de 25%, e se ajustou o valor para R$ 73,5 milhões. Ainda assim, é muito acima do que deve valer o A Noite, de acordo com especialista do mercado imobiliário, imóveis para retrofit são vendidos a no máximo R$ 2.000 o metro quadrado, e eles não se encontram em tão mau estado quanto o A Noite. Entretanto, por causa da vista privilegiada, o especialista diz que ele poderia ser avaliado entre R$ 35 e 40 milhões, ou seja, bem abaixo do que tenta vender a Secretaria de Coordenação e Governança do Patrimônio da União do Ministério da Economia (SPU/ME) do atual governo.
História do Edifício A Noite
Inaugurado em 1929, o edifício foi levantado numa das extremidades da Avenida Rio Branco, na altura da Praça Mauá, próximo ao Porto do Rio. O local havia sido ocupado anteriormente pelo Liceu Literário Português, instituição de ensino fundada por portugueses, que à época mudou para o Largo da Carioca, onde se encontra até hoje.
A estrutura de 22 andares e uma altura de 102 metros – o que corresponde a 30 andares de um edifício atual – foi calculada por Emílio Henrique Baumgart, engenheiro que posteriormente se tornou responsável pelo Ministério da Educação e Cultura. Até os anos 1930, foi considerado o prédio mais alto da América Latina, até ser ultrapassado pelo Martinelli, que fica em São Paulo e foi inaugurado em 1934.
A histórica fachada do A Noite e as áreas internas revelam as influências do estilo art decó. Entretanto, após algumas reformas internas, o interior do prédio foi um pouco descaracterizado.
Inicialmente, o edifício foi sede do jornal “A Noite”, que em tempos bem anteriores a internet fazia a função de noticiar o que acontecia no final dos dias. Devido à força do nome do veículo de comunicação, o nome original da construção caiu em desuso.
Uma das características mais marcantes do A Noite era o que se podia ver de seu terraço ou de andares mais altos. O prédio servia de mirante, pois oferecia uma vista privilegiada da cidade quase toda e da Baía da Guanabara.
Além do que se via, o que se ouvia também marcou. No fim da década de 1930, mais precisamente em 1937, já sem o jornal o A Noite, sediou a Rádio Nacional, que vivia a era de ouro do rádio com seus programas de auditório e novelas de rádio. Por lá passaram cantores como Sílvio Caldas, Francisco Alves e Orlando Silva, entre outros.
Até o ano de 2012, o prédio foi sede da simbólica Rádio Nacional, que há três anos se mudou para o espaço da Empresa Brasil de Comunicação EBC, na Gomes Freire, na Lapa.
Governo Federal, venda logo isso aí, baixa o preço! A cidade precisa de um prédio com atividade econômica e bons empregos – não um esqueleto esquecido juntando despesas e atraindo mendigos.