Edifício garagem abandonado do Centro do Rio vira depósito de lixo e, sem elevador, tem carros presos nos andares

Abandonado desde 2021, e tendo tido peças de seus elevadores e fiação roubados, o prédio na Rua Alexandre Mackenzie, além de muita sucata, tem inúmeros veículos de colecionadores presos em seus mais de 20 andares

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Foto: Reprodução

A dificuldade de parar um carro no Centro do Rio sempre foi um problema. Desde o combate aos estacionamentos irregulares, que transformavam a Região Central em um imenso pátio de automóveis nas décadas de 70 e 80, os edifícios-garagem se popularizaram na cidade, me foram alvo do investimento de vários grandes grupos e instituições. Destinados ao estacionamento de numerosos veículos, esses prédios – com vagas acessíveis frequentemente por elevadores gigantescos – eram soluções para a falta de espaço nas ruas. Isto quando não contavam com rampas que conectavam os andares.

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Até hoje, ainda existem pelo menos 10 edifícios-garagem em atividade no Centro. O mais famoso deles é o Menezes Cortes – com acesso dos veículos por rampa, inaugurado nos anos 70, que oferece mais de 3.500 vagas e se tornou um dos mais procurados, principalmente por estar localizado ao lado de prédios e órgãos importantes, como o da Alerj e do TJRJ. Cada uma de suas imensas lajes mede cerca de 6.000m2, e faceia a Praça Melvin Jones de um lado e o Paço Imperial do outro.

Na mesma época, a Rua Alexandre Mackenzie, paralela à Rua Camerino, na divisa com a Gamboa, passou a abrigar um imponente edifício-garagem de 20 andares. Ele foi erguido na época por duas todo-poderosas instituições: a Santa Casa da Misericórdia e a Caixa de Socorros D. Pedro V, uma instituição portuguesa. Um grande sucesso na época, acabou se tornando hoje um edifício fantasma. Cracudos invadiram o prédio, e roubaram toda a fiação elétrica e até mesmo as peças dos elevadores, sem qualquer reação da administração, que é feita por uma pessoa que alega, segundo um vizinho, “ter procuração da Santa Casa da Misericórdia” para gerir o empreendimento. Consultada, a Mordomia dos Prédios da instituição – responsável pelos imóveis – informa desconhecer qualquer tipo de procuração neste sentido. O edifício se transformou assim, numa quase ruína.

Além da diminuição do uso de estacionamentos privados com a chamada uberização, e também com o crescimento no uso de transportes públicos como o VLT e a criação de estacionamentos subterrâneos, o prédio passou a sofrer também com a saída e o home office de empresas que ficavam na região, como a Embratel e a OI. A área, que hoje também sofre com a realojamento das empresas para outras partes consideradas mais nobres do Centro, era muito movimentada, embora lentamente esteja se recuperando principalmente com os incentivos econômicos do Porto. No entanto, desde a pandemia, o prédio segue abandonado, e, segundo informações de frequentadores da área, ainda há carros “presos” nos andares do edifício, que fechou as portas em 2021. A estrutura, que foi administrada pela Estapar — a maior empresa de estacionamentos da América Latina —, tornou-se um ponto de referência para colecionadores de carros antigos, que alugavam vagas para guardar seus veículos. Porém, com o tempo e a morte de muitos desses proprietários, muitos automóveis permaneceram nos andares superiores do prédio, que não tem mais seus elevadores, com peças e mais peças furtadas por indigentes, sem qualquer reação do suposto “procurador”. Enquanto isso, os ferros velhos clandestinos da região seguem em funcionamento. Só na Senador Pompeu, há vários.

Recentemente, um vídeo exclusivo que circula pela internet mostra o estado de deterioração da estrutura interna do edifício. Por sorte, os carros não foram retirados, pois estavam em andares muito altos, o que impossibilitou o acesso aos veículos, alguns dos quais seguem intactos e muitos ainda emplacados. Os andares estão repletos de sucata e lixo, num grande retrato do abandono dos imóveis nesta microrregião.

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8 COMENTÁRIOS

  1. Enquanto o alcaide atual prova que é discípulo do antigo prefeito Cesar Maia,atuando da mesma forma e com as mesmas intenções, o centro da cidade segue abandonado e entregue à especulação,aos bandidos,mafiosos e toda as gangues de criminosos apadrinhados pela nova justiça relativista que não prende ninguém e ainda pune quem protesta! Vários estacionamentos foram liquidados e só permanecem aqueles que devem ter algum tipo de compadrio ou benevolência do poder público,que os deixam operar por enquanto não encontrem uma maneira de os fecharem definitivamente,deixando os cidadãos à mercê de flanelinhas mercenários,mancomunados com a criminalidade(escolham a facção de sua preferência) Já não se consegue nem andar a pé ou de transporte público,pq fizeram o “favor” de descomissionarem várias linhas de ônibus e retiraram as rondas de policiais das ruas menores,dando preferência às proximas aos prédios do funcionalismo estatal. O centro do Rio de Janeiro virou um deserto de pessoas,de idéias e de moralidade e ética, infelizmente…

  2. Trabalho na Claro, passo em frente a esse prédio todos os dias. E recentemente tomaram a parte lateral desse prédio, estão usando de moradia. Puxaram luz e tudo , com a light do lado … uma bagunça total.

  3. E pertinho do SAARA! Difícil explicar por que os carros ocupam faixas fechadas da Presidente Vargas nos sábados para estacionar com um equipamento desses a poucos metros dali. Tem interesse nisso. Com a palavra a prefeitura que promove tais interdições para encontrar uma explicação para a sociedade carioca.

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