Edifício icônico de Niemeyer na região da Candelária é depósito de fezes de mendigos

Patrimônio tombado, edificação abrigou o histórico Banco Boavista e agora se torna uma grande latrina cujo fedor domina toda uma região

Advertisement
Receba notícias no WhatsApp

O sol nascente refletido nas curvas, mármores, tijolos de vidro de um portentoso edifício modernista assinado: Como toda obra do célebre arquiteto Oscar Niemeyer, é assim que o prédio do antigo Banco Boavista, que embeleza a Praça Pio X, ao número 118, no Centro do Rio, deveria ser percebido todas as manhãs. Mas, não é o que tem ocorrido. A parte sinuosa da fachada externa da edificação passou a acumular diariamente imensas quantidades de fezes e urina de moradores de rua, mesmo com banheiros químicos quase sempre instalados ali perto. O prédio fica nas imediações da linda e histórica Igreja da Candelária, onde hoje só se pode caminhar com pregadores no nariz.

O prédio, datado em 1946, período pré-Pampulha, ainda possui um painel de mosaico de pastilhas de Paulo Werneck e é tombado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac) desde 1992, mas tanta grandeza não o poupou do descaso e da imundície que tomou conta da região desde que se tornou paraíso dos ditos “zumbis do mundo real”: os viciados em crack. “Terrível isso. È parte da nossa história que, aqui, virou banheiro público de mendigos“, reclama Valéria Andrade, de 67 anos.

WhatsApp Image 2024 01 16 at 16.00.49 1 Edifício icônico de Niemeyer na região da Candelária é depósito de fezes de mendigos
Mendigos do Centro do Rio fazem, de banheiro público, prédio projetado por Niemeyer e tombado pelo Inepac, mesmo com a Comlurb

A edificação fica próxima à Candelária, onde se concentra boa parte das pessoas que dormem nas ruas, e também desempenha a função de berço comercial e cultural da cidade. Inaugurado em 1948, após o cálculo do engenheiro Joaquim Cardozo, a estrutura ainda conta, na fachada oeste, com brise-soleil de madeira regulável e brises horizontais em concreto na fachada norte, semelhantes aos da sede do Ministério da Educação, também no Centro do Rio.

Apesar do repetido incidente, a Comlurb esclarece, em nota, que realiza a limpeza hidráulica com água de reuso três vezes ao dia em toda a área ao redor da Praça Pio X. Parece que terá que dobrar a meta.

Advertisement
Advertisement
Receba notícias no WhatsApp
entrar grupo whatsapp Edifício icônico de Niemeyer na região da Candelária é depósito de fezes de mendigos
VIAAmanda Raiter
Avatar photo
Formada em Comunicação Social desde 2004, com bacharelado em jornalismo, tem extensão de Jornalismo e Políticas Públicas pela UFRJ. É apaixonada por política e economia, coleciona experiências que vão desde jornais populares às editorias de mercado. Além de gastar sola de sapato também com muita carioquice.
Advertisement

Comente

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui