Editorial: Favelização não é solução habitacional

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A favela, na esquerda é romantizada, na direita esquecida. Simplificando: é basicamente assim que é tratado o principal problema do Rio de Janeiro, que não é a saúde, a violência, ou o trânsito, mas sim a política habitacional e as comunidades que dominam a cidade.

A favelização é culpa de todos os últimos governos desde a fusão, sem nenhuma medida séria para uma solução habitacional digna. E digno não é retirar uma comunidade da Zona Sul e jogar em outra na Zona Oeste, como foi feito durante a criação da Cidade de Deus. E sim manter na mesma região, ou em local com serviço de transporte bom e rápido. Se assim não for, as comunidades continuarão no entorno de onde está o emprego.

Romantizar a favela, como se fosse a melhor coisa do mundo, viver em um local precário, sem condições de salubridade, achar que basta colocar uma praça ou subir um “centro cultural”, também é uma de idiotice exemplar. Comunidades muitas vezes são locais precários, com ruelas que mal permitem uma pessoa passar por vez, e nas vias maiores, quando muito, consegue subir um caminhão.

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Não basta então sanear ou asfaltar, a ideia da favela já é um erro urbanístico em seu princípio. Um local precário, e quando verticaliza, sem fiscalização, ocorre desabamentos como o da Muzema, apenas o mais recente de uma série e, infelizmente, não será o último.

As favelas precisam acabar! Mas antes o Estado precisa acertar em suas políticas habitacionais, e não com “Minha Casa, Minha Vida”, que foram para locais ermos, sem transportes e sem uma vida social.

No Rio, como chamou a atenção o Diário do Porto, “são incontáveis os imóveis desocupados ou abandonados ao longo das malhas da Supervia, do metrô e do BRT. Um programa efetivo de intervenções públicas no entorno das estações – especialmente saneamento, limpeza, iluminação, segurança e fomento ao empreendedorismo – multiplicaria os efeitos dos investimentos públicos. Aceleraria a geração de empregos, desconcentraria a cidade e, principalmente, reduziria o ritmo de ocupação de encostas.

O que se vê, governo após governo, é o desperdício das oportunidades de consertar a cidade esculhambada. Os leitos dos transportes de massa poderiam ser fios condutores de uma metrópole mais inteligente e sustentável, menos violenta. No entanto, o cenário nessas áreas é de abandono. Isso acontece não só no entorno de estações e terminais de bairros afastados e pobres, mas até nos grandes pontos de encontro da cidade. É o caso da Rodoviária do Rio, da Central do Brasil, do terminal Pavuna do metrô e dos terminais mais movimentados do BRT, como Madureira e Santa Cruz.

Sem estímulo para buscar qualidade de vida longe dos bairros centrais, centenas de milhares de cariocas são empurrados morro acima. Acabam construindo, tijolo por tijolo, o cenário de tragédias que passam a aterrorizá-los em dias de chuva, de operações policiais, de confrontos entre máfias, de epidemias e de sofrimento. É preciso ter coragem para virar a página.

Teremos eleições em breve, e que a política urbana seja um dos temas principais. Ou passaremos mais tantos anos dando murro em faca.

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4 COMENTÁRIOS

  1. Não é o povo que é empurrado morro acima, eles vão pela vantagem de morar com vista para o mar, frequentar a elite e não pagar por serviços essenciais , esta é a realidade que ninguém fala porque tem medo da opinião pública, mas conheço muita gente em comunidades que não sai de lá por nada, nem se ganhar casa ou apartamento longe do mar, esta é a verdade.

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