Quem mora no Rio sabe que quinta e domingo são dias clássicos de ir ao "Begê" (Baixo Gávea para quem não conhece). É um programa que atravessa gerações e já faz parte da rotina de muitos cariocas.
No último domingo, quando o Baixo estava vazio devido à derrota do Flamengo no clássico com o Vasco, o atual Prefeito programou uma operação choque de ordem para o Begê. A operação contava com uma verdadeira tropa de choque que, na verdade, possuía mais gente do que o número de freqüentadores dos bares.
De acordo com um garçom, a Prefeitura estabelece um número "X" de mesas a cadeiras que podem ser colocadas na calçada. Até aí nenhum problema. Mas o lugar estava tão vazio, que algumas meninas insistiram para colocar mais uma mesa fora, pois era aniversário de uma delas. Para surpresa do grupo, que freqüenta o local há muitos anos, o garçom respondeu enfático: "Ordens do novo Prefeito. Está vazio, tem mais homem da Prefeitura do que freqüentador, mas não podemos desobedecer. Esse novo Prefeito de ‘Paes’ não tem nada. É Eduardo Guerra".
Um dos freqüentadores, ao ver a cena, logo interagiu: "O atual Prefeito precisa entender que isso aqui é Baixo Gávea, não é baixo-astral. Ele deve é tirar mendigo da rua e não desestimular o turismo e o lazer do carioca. Olha quanto gringo tem aqui".
As meninas que antes queriam outra mesa na calçada acabaram conseguindo uma após muito tempo de espera. Mas como se já não bastasse tanto descontentamento, um dos amigos esperados por elas chegou, puxou uma cadeira, mas logo foi abordado por um dos agentes da Secretaria Municipal de Ordem Pública que ordenou a retirada da cadeira. Sem comentários.
Todos os moradores querem ordem na cidade que tanto amam. Mas existe um limite entre a ordem e o midiático. E o atual "novo" governo já extrapolou esta linha há muito tempo. O atual Prefeito, como diziam antigamente, foca na formiga enquanto a boiada passa. Preocupar-se com uma pessoa que pega uma cadeira para sentar num bar enquanto há centenas de moradores em pé nas filas dos hospitais e UPAs que, segundo Eduardo Guerra, resolveriam o problema da saúde, é mostrar total falta de foco.