No sábado (31/8), durante um evento de campanha realizado no Recreio dos Bandeirantes em apoio ao vereador Carlo Caiado (PSD), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), modulou seu discurso para se conectar com um público predominantemente bolsonarista. Falando para mais de mil pessoas reunidas em uma casa de festas, Paes usou uma metáfora familiar, convidando os presentes a “discutir o relacionamento” — ou “fazer uma DR”, como ele colocou —, destacando a importância de alinhar expectativas entre o eleitorado e a administração municipal.
Paes reconheceu o perfil dos moradores da região, enfatizando que muitos já têm acesso a serviços privados, como saúde e educação, e que suas principais expectativas em relação à prefeitura estão na infraestrutura e mobilidade urbana. “A maioria das pessoas que mora aqui na Barra da Tijuca já tem plano de saúde, paga escola particular. Então, o que se espera da prefeitura é o asfalto estar liso, a Avenida das Américas estar capinada. E saber se o trabalhador consegue chegar rápido em casa, em vez de perder três horas no transporte público, como estava acontecendo”, afirmou Paes, relembrando que sua trajetória política teve um forte apoio do eleitorado da Barra da Tijuca em sua primeira eleição para vereador.
Apesar de criticar o governo estadual, comandado por Cláudio Castro (PL), e a política de segurança pública associada ao adversário Alexandre Ramagem (PL), Paes foi cuidadoso em direcionar suas críticas às políticas públicas, e não às figuras políticas em si. Ele fez questão de diferenciar suas críticas ao governo de sua opinião sobre as pessoas envolvidas, incluindo seu antecessor Marcelo Crivella (Republicanos), de quem disse acreditar no caráter. “Precisamos acabar com esse ‘bem’ e ‘mal’ na política. Pessoas boas podem não ser gestores competentes”, argumentou o prefeito, antes de refletir sobre as escolhas políticas feitas nas eleições de 2018. “Infelizmente, em 2018, achamos que um sujeito representava uma determinada corrente política e que deveríamos reproduzi-la no Rio. Olha o que fizemos. Meu pedido é para fazermos essa reflexão.”
O evento contou com a participação de diversos empresários da Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandeirantes e da região das Vargens, incluindo Delair Dumbrosck, da Câmara Comunitária da Barra. O presidente da Câmara Municipal, Carlo Caiado, que busca a reeleição, alinhou-se ao discurso de Paes, reforçando a importância da experiência e do conhecimento da cidade na gestão pública. “Não podemos dar chance para o amadorismo. Quem governa o Rio tem que entender da cidade, tem que estar presente. Eu nunca vi o Ramagem, um delegado, discutir a segurança pública desta região aqui, em nenhum lugar”, declarou Caiado.
O evento sublinhou a estratégia de Paes e Caiado de se aproximar de um eleitorado que, embora tenha votado majoritariamente em Jair Bolsonaro em 2022, pode ser crucial para as eleições municipais de 2024.
A pajelança também contou com a presença de diferentes líderes políticos: o vice da chapa de Eduardo Paes, Eduardo Cavalieri; o deputado federal Pedro Paulo; o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz; a deputada federal Laura Carneiro; o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero; o secretário municipal de Habitação, Cláudio Caiado, irmão de Carlo; a secretaria municipal de Infraestrutura, Jessick Trairi; o subprefeito da Barra, Raphael Lima, e a subsecretaria de Esportes, Anna Laura.
