Do dia 7 de março ao dia 5 de abril, inicia-se a janela partidária para os vereadores, o que significa o início do troca-troca partidário. Não será diferente na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro. Nossos edis começam a fazer as contas para uma eleição de 2024 que deverá trazer muitas surpresas, especialmente porque a eleição de 2020 ocorreu durante a pandemia do Coronavírus.
Outro aspecto a ser considerado é que dos cinco mais votados, três não concorrerão. Os puxadores de votos do PSol, Tarcísio Motta e Chico Alencar, se elegeram deputados federais. Enquanto isso, Gabriel Monteiro, com seus 60 mil votos, está preso após acusação de estupro. Já Carlos Bolsonaro, que concorrerá pelo PL, pode correr o mesmo risco de prisão ou mesmo inelegibilidade, devido à perseguição que a família sofre do Poder Judiciário,justamente ou injustamente não é nosso debate.
Dos cinco primeiros colocados, restaria então Cesar Maia, mas mesmo ele pode ter uma queda de votos. Em 2020, seu filho Rodrigo Maia era o poderoso presidente da Câmara dos Deputados em Brasília, comandava o Democratas do Rio de Janeiro, sendo uma força política nacional. Isso mudou em quatro anos, e hoje o grupo político dos Maias é uma sombra do que já foi. Rodrigo não está mais na política, trabalha no setor privado, enquanto Dani Maia, sua irmã, não conseguiu se eleger deputada federal. Além disso, seu partido, o PSDB, não conseguiu fazer uma cadeira em Brasília ou na Alerj. Ainda assim, Maia deve se eleger, pois possui um eleitorado fiel que o seguirá.
A situação mais preocupante é da esquerda, já que a saída de Motta e Alencar representa a perda de potenciais 135.665 votos, e nenhum outro nome do PSol na Câmara ou fora parece capaz de substituí-los. Chico Alencar apoiará seu filho, o ambientalista e jornalista Emanuel Alencar, um centro-esquerda, diferindo do que normalmente imaginamos do PSol. Há uma grande chance de transferência de votos, ao contrário de Tarcísio Motta, com sua candidata Maria dos Camelôs. É difícil imaginar os eleitores da Zona Sul e Tijuca votando em alguém que lute pelo direito dos ambulantes.
As candidatas que ainda se apoiam na imagem de Marielle Franco podem ter problemas em 2024. A proximidade com quem foi o mandante de seu assassinato, e o fato de não ter sido pelas razões políticas que proclamavam, como ser mulher, negra, ou por ordem de Bolsonaro, atrapalham a narrativa. Além disso, não foram grandes parlamentares, diferente, por exemplo, de William Siri e Dr. Marcos Paulo, que podem ter tido menos espaço na mídia, mas fizeram um trabalho melhor pela cidade.
Enquanto é esperado que o PSol faça bem menos que os sete vereadores de 2024, o PT deve fazer mais que os três de 2020, mesmo sem os 24.912 votos de Lindbergh Farias e os 16.082 de Reimont, ambos eleitos também para deputado federal. É esperada uma fácil eleição de Tainá de Paula, que teve 24.881 votos e provavelmente terá um aumento significativo este ano, especialmente com a máquina da Secretaria do Meio Ambiente, o reconhecimento de ser uma neo Benedita da Silva e a nova cara do PT do Rio.
A direita é esperada que cresça, já que este ano estará mais unida. Em 2020, Bolsonaro não estava no PSL, que acabou elegendo apenas Rogério Amorim; Gabriel Monteiro estava no PSD e teve 60.326 votos, enquanto Carlos Bolsonaro teve 71 mil no Republicanos. Se os três estivessem unidos em um único partido, provavelmente seria mais fácil prever o cenário atual. No entanto, ainda não sabemos quais serão os candidatos do PL.
Hoje, o PL tem Amorim, Marcos Braz e Verônica Costa, a bancada aumentará com a abertura da janela partidária e a adesão de Carlos ao partido. Braz, que teve quase 41 mil votos em 2020, verá sua votação em 2024 cair drasticamente. Se antes era um campeão da torcida, hoje é odiado depois de cenas como a agressão a um torcedor, as derrotas do time e ser visto como um cartola. A mãe loira do funk pode não continuar no partido, ela normalmente anda junto da máquina ou em partidos de Centro e terá de calcular se no PL conseguirá continuar na política.
O Republicanos é outro partido que passará por problemas gigantescos. Além de perder um puxador de votos como Carlos Bolsonaro, em 2020 contava com toda a máquina da Prefeitura do Rio e do prefeito Marcelo Crivella, que mesmo com todas as críticas foi para o 2º turno. Se elegeram sete vereadores, mas terão sorte de eleger três em 2024, perdendo cadeiras para o União Brasil e o MDB.
O União Brasil não existia na última eleição e veio da fusão entre o Democratas e o PSL, o que os deixaria com oito vereadores no Rio de Janeiro. No entanto, a maioria foi para o PSD e só Jorge Felippe permaneceu no novo partido. Com o maior fundo eleitoral do país, é esperado que seja o porto seguro de alguns vereadores e de candidatos com potencial de vitória este ano. Comandado por Rodrigo Bacellar, a nominata será escolhida a dedo para eleger o maior número possível de vereadores, especialmente para reeleger Felippe.
O NOVO, que quase conseguiu eleger dois vereadores em 2020, pode alcançar esse feito em 2024, caso Pedro Duarte deixe a candidatura a prefeito para outro momento. É certo que dobrará seus 10 mil votos, ou até mais que isso. Incluindo os votos de uma das lideranças do MBL, Gabriel Costenaro, e o uso do Fundo Partidário, o partido pode começar a se reerguer após o desastre de 2022.
O MDB, que elegeu o candidato com menos votos, Vitor Hugo, e seus 5.423 votos, espera eleger de três a cinco vereadores, incluindo o filho do candidato a prefeito Otoni de Paula, Otoni de Paula Filho. Como o partido no Rio é de Bolsonaro, nacionalmente é de Lula, sendo ideal para quem busca não se envolver nas questões nacionais.
O mesmo acontece com o Progressistas, que hoje tem dois vereadores, Felipe Michel e Vera Lins, e terá como candidato o Lorde do PP, Marcelo Queiroz. É esperada uma forte queda nos votos de Michel, já que não terá mais a máquina da Prefeitura do Rio, da qual dependia fortemente (especialmente na Praça Seca, Valqueire, que tem agora o jovem Rodrigo Vizeu) e sua campanha como oposição a Eduardo Paes não tem colado. Quanto a Vera Lins, é difícil imaginar a Câmara sem ela, e conta com o eleitorado fiel dos taxistas, da tradição política puxada pelo marido Dionísio Lins.
Teresa Bergher, que está no Cidadania-PSDB, até inventou que se aposentaria, mas ninguém acreditou. Sua votação pode até flutuar, mas se o Cidadania quiser, ela será a candidata do partido, mesmo sem os votos de Rafael Aloísio Freitas, que está de malas prontas para outra sigla.
Na amálgama que é o grupo de apoio ao prefeito Eduardo Paes, há um verdadeiro mistério. Três candidatos de seu grupo não estão mais lá: Thiago K. Ribeiro é Conselheiro Municipal, Jairinho foi preso por ter assassinado seu enteado, e Laura Carneiro foi eleita deputada federal. No entanto, é esperado que sejam eleitos com mais votos Rosa Fernandes, Carlo Caiado, Rafael Aloisio Freitas e Márcio Ribeiro, ainda na dúvida se estarão no PSD de Paes ou em algum outro partido que Luiz Carlos Ramos escolherá. Mas que o PSD será a maior bancada da casa, não resta dúvida, dizem que no mínimo 10, repetindo o próprio feito de Eduardo Paes quando se reelegeu em 2012 pelo então PMDB.
Dos nomes que Paes lançará pela primeira vez, os com mais chances de vitória estão Didi Vaz, subprefeito da Zona Norte, que pode contar com apoios políticos muito importantes para vencer os outros aliados do prefeito na região. E, para surpresa de muitos, Joyce Trindade, secretária das Mulheres, tem feito um trabalho de formiga em votos normalmente de esquerda, mulheres, favelas e negras, além de evangélicos.
Alberto Szafran, subprefeito do Centro, vai ter de contar com a vitória sobre os camelôs da Uruguaiana e com a comunidade judaica para que saia apenas dos poucos votos em sua região. Flávio Valle, subprefeito da Zona Sul, vai sofrer por estar conhecido por sua arrogância e pelo fato de que o único subprefeito da região eleito foi Tereza Bergher, não pela subprefeitura, mas pelo marido. Há quem diga que Brenno Carnevale, secretário de Ordem Pública, vem candidato, o que é uma completa loucura, já que quem é a favor da Ordem Pública acha seu trabalho fraco, e camelôs não votariam nele. Dizem que a atual subprefeita de Jacarepaguá, Marli Peçanha, será candidata, mas vamos tratar como piada que a senhora não consegue mal consegue falar e ser levada a sério por seus funcionários. Quanto a Salvino Oliveira, secretário da Juventude, brincam que hoje é apenas subprefeito da Cidade de Deus e nem lá poderia esperar muitos votos.
E de Jacarepaguá e vindo do seio do grupo de Eduardo Paes, ainda tem a candidatura da ex-subprefeita de Jacarepaguá Talita Galhardo, que, segundo quem mora fora da região do pantanal dos jacarés, não tem força. Galhardo, que foi mais de uma década do grupo de Pedro Paulo, conhece bem a política e está escolhendo o partido onde não será apenas voto para eleger outro candidato, mas sim ser eleita. Jacarepaguá, especialmente a classe média, não tem um candidato para chamar de seu há algumas legislaturas. Com o enfraquecimento de Felipe Michel, de Brazão e do próprio Professor Célio Luparelli, ela pode conquistar esses votos.
Prognósticos da Mãe Quintino…
Graaande analista político. Acompanhemos.