O ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho (União) já está autorizado a falar como pré-candidato ao governo do Estado na eleição deste ano. A informação é do presidente estadual do União Brasil, Wagner dos Santos, o Waguinho. Segundo ele, Garotinho teria negociado a sua pré-candidatura com Luciano Bivar – presidente da sigla – que pretende ser o antagonista de Jair Bolsonaro na disputa pela presidência da República. Com Garotinho concorrendo ao Executivo estadual, Bivar pretende consolidar um palanque no Rio de Janeiro. As informações são do jornal O Globo.
Garotinho falou oficialmente como pré-candidato na noite desta quarta-feira (18), durante uma live em uma rede social. No pronunciamento, o político afirmou que recebeu conselhos de pessoas próximas para disputar outros cargos. Ele, no entanto, declinou das sugestões e afirmou que disputará a eleição mais difícil, que é para governador do Estado.
“Eu não posso ver essa eleição disputada por pessoas sem experiência ou por pessoas que estão comentando os mesmos erros que lutei para combater no Rio de Janeiro. Vocês sabem o preço tão alto que eu paguei por denunciar o governo Sérgio Cabral, por denunciar aquela engrenagem de corrupção montada na Assembleia, montada em setores do Ministério Público, onde até o Procurador-geral foi preso,” disse Garotinho.
Durante o pronunciamento, Garotinho também criticou as gestões anteriores pelo desmonte dos programas sociais desenvolvidos nas suas gestões. Ele disse ainda, que o atual governador, incorre nas mesmas práticas que ajudaram a destruir o Estado do Rio, além de não ter preparo para encabeçar o Executivo estadual. Em sua percepção o “Estado vai de mal a pior”.
A Comissão Instituidora do União Brasil ainda vai debater e votar a pré-candidatura do ex-governador, o que não inviabiliza que ele fale como pré-candidato do partido ao cargo.
Caso a pré-candidatura do ex-governador se confirme, o partido de Garotinho deixaria formalmente o governo atual, onde detém vários cargos, mas do qual reclama por não cumprimento de acordos. O presidente estadual do União Brasil, Wagner dos Santos, ressaltou ao jornal O Globo que a pré-candidatura de Garotinho não é um “instrumento de pressão” para conquistar espaço, caso Cláudio Castro seja eleito governador.
“O Garotinho pediu para ser candidato e o presidente nacional do União Brasil, que é o Bivar, é simpático à ideia, já que pretende se candidatar à Presidência. Este partido não depende de ninguém, não teria motivos de lançar uma pré-candidatura para exercer pressão sobre quem fosse. O que temos desse governo (de Castro) são acordos que não foram cumpridos e Garotinho tem as bênçãos do Bivar,” disse Waguinho ao veículo.
Na avaliação de lideranças da sigla, a pré-candidatura de Garotinho solucionaria o impasse vivido por Clarissa Garotinho em ser ou não candidata à Câmara dos Deputados. As lideranças do União debatiam se ela e o pai deveriam concorrer aos mesmos cargos. A saída do governo atual, segundo os dirigentes, também daria fim ao constrangimento gerado pelo apoio das lideranças do União à pré-candidatura ao Senado de André Ceciliano (PT), e não à de Romário (PL).
O nome de Garotinho, no entanto divide o partido, uma vez que ele tem contra si 2 condenações em segunda instância, por improbidade administrativa e cooptação de votos. Fatos que o tornam inelegível. O ex-governador, por sua vez, se apoia em um recurso do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para dar continuidade às suas pretensões políticas. Já no âmbito da Justiça comum, Garotinho espera que o Supremo Tribunal Federal (STF) chancele a retroatividade de mudanças na lei de improbidade, medida que faria sua condenação prescrever.
Por conta desse contexto, existe uma segmento dentro do União Brasil que defende que Garotinho concorra à Câmara dos Deputados, caso esteja elegível. Já Clarissa, segundo essas lideranças, deveria tentar um retorno à Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).
Garotinho, que é adversário político de Rodrigo Bacellar (Solidariedade) no Norte Fluminense, sempre se mostrou desconfortável diante do espaço a ele concedido por Cláudio Castro, com que trabalhou na função de secretário de Governo. Como contra-ataque, o ex-governador ameaçava o lançamento da sua pré-candidatura como uma manobra para a divisão do potencial de votos de Castro na região.
Quanto à distribuição de cargos, o União Brasil esperava ter em suas mãos o poder de fazer indicações para a Secretaria de Transportes, onde recebeu apenas uma subsecretaria e o direito à nomeação do titular da pasta. O partido também esperava comandar as nomeações para a Secretaria de Meio Ambiente e para o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), algo que não ocorreu. Cláudio Castro havia prometido a concessão de 2 diretorias do Departamento de Estradas e Rodagens (DER), mas apenas 1 foi destinada ao União.
A generosidade do atual governo, entretanto, voltou-se para o PP, atuante na Secretaria de Saúde, e ao PL, que realiza as indicações na pasta da Educação. O que irritava lideranças do União, que destinará ao diretório do Rio o valor aproximado de R$ 100 milhões do fundo partidário, segundo integrantes da sigla.
O União Brasil receberá quase R$ 1 bilhão dos fundos eleitoral e partidário, o que fará da sigla a maior beneficiária de recursos públicos para investir nas eleições de 2022. O projeto do União é eleger 12 deputados estaduais e 10 deputados federais pelo Rio de Janeiro. Aos deputados com mandato, o partido destinará aproximadamente R$ 2,5 milhões para as suas respectivas campanhas.