Empresa Mundo Verde vive guerra judicial nos bastidores

Franqueados da varejista de produtos naturais irão à Justiça para mudar modelo de gestão da empresa; grupo do empresário Carlos Wizard enfrenta problemas financeiros, mas afirma que a situação se encontra em fase de suspensão após acordo

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Imagem meramente ilustrativa de uma loja do Mundo Verde no Rio de Janeiro

Uma guerra está em curso nos bastidores do Mundo Verde, a gigante varejista de produtos naturais que este ano completou 35 anos no mercado brasileiro. Um grupo de mais de 60 franqueados pretende entrar na Justiça para mudar o modelo de relação com a controladora da empresa. A ideia é que o regime não seja mais o de franquia e passe a ser o de licença de marca.

Os franqueados alegam que a franqueadora não cumpre com os serviços que deveria prestar e querem que os valores pagos atualmente em taxas de franquia passem a ser pagos a título de royalties sobre o uso da marca e taxas de marketing.

De acordo com os fraqueados, como franqueador, o Mundo Verde deveria apoiar os pontos de venda das franquias e oferecer serviços como centros de distribuição, marketing, treinamento, consultoria de gestão e relacionamento com fornecedores.

Segundo esse grupo de franqueados que buscará na Justiça, a mudança na relação com o Mundo Verde, os serviços sob responsabilidade do franqueador não estão sendo prestados a contento desde meados de 2020.

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Há neste momento, de acordo com eles, um apagão de gestão na empresa e problemas financeiros que colocam em risco a marca, uma das maiores do setor de alimentos naturais e orgânicos da América Latina.

O Mundo Verde foi comprado em agosto de 2014 pelo empresário Carlos Wizard, dono da holding Sforza. Na ocasião, ele havia concluído no ano anterior a venda da rede de ensino de idiomas Wizard e o grupo educacional Multi à britânica Pearsons, por R$ 1,7 bilhão.

Em 2014, Wizard deu início à compra de várias outras empresas. O seu grupo Sforza é dono atualmente, além do Mundo Verde, das marcas esportivas Topper e Rainha e das empresas de alimentação KFC, Pizza Hut e Taco Bell no Brasil.

Em outubro de 2021, o banco de investimento da XP entrou na Justiça cobrando uma dívida de R$ 8,2 milhões do empresário, em processo que corre na 26ª Vara Cível de São Paulo. Em nota emitida à época da execução judicial da dívida, o grupo Sforza informou que estaria com dificuldades de gerir as suas dívidas em razão do impacto da pandemia de Covid-19 nos negócios.

Os franqueados temem que a marca possa ser arrolada aos credores do grupo caso a dívida não seja paga. No processo judicial que eles moverão contra a franqueadora, pedirão que, caso isso ocorra, os franqueados tenham direito de preferência na compra da marca.

Em maio do ano passado, donos de franquias criaram a Associação Brasileira de Franqueados do Mundo Verde (ABRAMAV) para reunir os descontentes com as práticas da franqueadora.

Será por meio desta associação que o processo pedindo a mudança no regime de relacionamento com Mundo Verde será movido na Justiça de São Paulo.

A ideia que será expressa na petição inicial sugerirá o pagamento pelos franqueados de 4% de royalties e 1% de taxa de marketing sobre as vendas brutas das franquias pelo uso da marca Mundo Verde. Esses valores seriam pagos em substituição às taxas de franquia. Os franqueados vão pedir a mudança imediata do regime e que valores pagos em royalties sejam depositados em uma conta judicial até que o mérito da questão seja decidido.

A ABRAMAV diz representar cerca de 70% da rede franqueada, reunindo lojas entre as maiores da marca no país. O Mundo Verde tem atualmente lojas próprias em São Paulo e Campinas e o restante dos pontos de venda são franquias. O dado não é público, mas estima-se que existam entre 200 e 250 lojas do Mundo Verde no Brasil. Em 2014, quando Wizard comprou a rede, o número era de cerca de 450.

A associação também foi criada para resolver um imbróglio surgido no início deste ano com os fornecedores depois da criação, em meados de abril de 2022, de uma nova plataforma de negociação de pedidos para as lojas, chamado de Portal B2B. Nele é possível anunciar e negociar produtos diretamente com a rede de lojas, numa espécie de market place.

Os fornecedores que quiseram manter os seus produtos nas prateleiras das lojas tiveram que assinar um novo contrato, no qual o Mundo Verde pede o pagamento adiantado de 10% sobre o valor bruto dos pedidos feito pelas lojas. A taxa seria cobrada tanto nos negócios feitos off line com as lojas quanto nas vendas online dentro do market place.

Donos de lojas afirmam que os fornecedores que se recusaram a aderir à nova cobrança foram descredenciados do sistema e não puderam mais fornecer ao Mundo Verde. Os que aceitaram a cobrança, repassaram o aumento do custo ao ponto de venda que, por consequência, também teve que aumentar o preço dos produtos na prateleira, o que tem gerado, segundo os franqueados, distorções no mercado e prejuízo, principalmente, às lojas menores.

Segundo os fraqueados, isso tem levado a casos nos quais algumas lojas do Mundo Verde estão tendo que vender produtos mais caros de uma mesma marca oferecida em lojas concorrentes na mesma região. Também há relatos de fornecedores menores que não conseguem arcar com a redução de margem ou com o adiantamento de valores grandes antes de receberem do próprio ponto de venda pelo pedido.

Procurado pela reportagem, o Mundo Verde informa que “a ação do Banco XP, referida no questionamento enviado pelo DIÁRIO DO RIO, se encontra em fase de suspenção após acordo entre as partes. Da mesma forma, a empresa não tem ciência de qualquer iniciativa, como a citada, por parte de um grupo de franqueados”.

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1 COMENTÁRIO

  1. nao gosto dessa loja em geral sao produtos caríssimos e péssimo atendimento… ainda bem q surgiram do mesmo ramo como a grao da terra e outras menores q sao infinitamente melhores

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