O Encontro de Cinema Negro, criado pelo saudoso diretor e ator Zózimo Bulbul, comemora 15 anos oferecendo ingressos gratuitos. De 18 a 24 de outubro, as telas do Cine Odeon, CCJF, Estação Net Rio e Estação Botafogo receberão 150 filmes, entre longas, médias e curtas, nacionais e internacionais.
Serão filmes com temáticas Queer, Masculinidades Negras, Olhares sobre infâncias negras e Meio Ambiente & Subjetividades, entre outros, dos quais 46 dos selecionados foram dirigidos por mulheres, 79 obras cinematográficas do sudeste, sendo 52 realizados por cariocas, e 10 filmes dirigidos por pessoas queer, além de Atividades formativas, Lançamento do livro “Empoderadas Narrativas Incontidas do Audiovisual Brasileiro”, de Renata Martins, Master Class, Debates e Pitching.
Dentre os filmes internacionais, estão “The Gravedigger’s Wife”, indicado ao Oscar e vencedor do maior prêmio de ficção do FESPACO (Festival Pan-Africano de Cinema e Televisão de Ouagadougou) e “Garderie Nocturne”, vencedor do maior prêmio de documentários do FESPACO. Também será exibido o filme jamaicano “Jonkonnu Nunca Morre”, que recebeu menção honrosa no Short Cannes. A programação abre caminhos às potências diversas desenvolvidas no cinema negro contemporâneo, com salas de exibição de tema livre.
A saber, um dos destaques é o curta-metragem “O Preto de Azul”, de Alvaro Tallarico e Leandro Ferra, que será exibido na quarta-feira, dia 19, às 13h, no Cine Odeon. O filme traz a história de um menino que viaja em busca de seu sonho artístico entre diversas metáforas e mitologias, juntamente com doses de fé e aventura. Ainda por cima, o curta conta com trilha sonora original do Kaialas, projeto que une Brasil e Cabo Verde, com o cantor Plácido Vaz.
Aliás, veja o trailer abaixo, e siga lendo:
O Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul: Brasil, África e Caribe e outras diásporas visa promover a cultura afro-brasileira e de seus artistas. Além disso, busca uma valorização das produções cinematográficas brasileira, africana e caribenha.
Outro destaque é “No Caminho de Casa”, de Hugo Anikulapo Lima, que ganha exibição no dia 22, às 22h. O filme propõe uma realidade pouco explorada: a real, o cotidiano banal. Dessa forma, mostra três homens pretos, de gerações diferentes, que interagem entre si com respeito, afeto e amor.
A programação completa está em https://linktr.ee/afrocariocadecinema
Quem foi Zózimo Bulbul?
Zózimo iniciou sua carreira nos anos 1960 e despontou como ator nos anos áureos do Cinema Novo. Atuou em filmes muito importantes na história do Cinema Brasileiro e trabalhou com grandes diretores, como Glauber Rocha, Leon Hirszman, Cacá Diegues e Antunes Filho. Zózimo Bulbul trabalhou em aproximadamente 30 filmes como ator e foi o primeiro protagonista negro de uma novela brasileira, fazendo par romântico com Leila Diniz em “Vidas em conflito”, de 1969, na extinta TV Excelsior.
Porém, por causa da crescente insatisfação com a falta de protagonismo dos negros nas telas decidiu escrever e dirigir seus próprios filmes. Em 1974, dirigiu o curta-metragem em preto e branco “Alma no olho”, considerado uma das melhores obras da cinematografia afrodescendente. Em 1988, lançou o longa-metragem “Abolição”, uma reflexão crítica sobre a então comemoração dos 100 anos da abolição da escravatura. Dirigiu também inúmeros curtas, sempre com um olhar para o negro na sociedade brasileira: “Aniceto do Império” (1981), “Samba no trem” (2000), “Pequena África” (2002), entre outros.