Apesar de ostentar o metro quadrado mais valorizado da América Latina, o bairro do Leblon, conhecido por ser cenário de novelas e endereço de celebridades, enfrenta um sério problema ambiental desde 2016, quando a praia do bairro entrou em sua pior fase.
Tradicionalmente escolhido por aqueles que preferem um local mais calmo e com menos banhistas, o Leblon, com seus míseros 1,2 km de orla, apresenta condições impróprias ao banho há quase 10 anos — com raras exceções. A localização da praia, entre os canais Jardim de Alah e o rio da Rua Visconde de Albuquerque, contribui para a poluição injetando esgoto diretamente no mar.
Pior trecho
Segundo um recente levantamento da Folha de São Paulo, a qualidade da água no trecho da Rua Afrânio de Melo Franco permanece entre as piores da cidade. O trecho apresenta uma qualidade de água parecida até mesmo a pontos já conhecidos entre os cariocas como impróprios para banho, como Botafogo. Entre 2019 e 2022, a praia foi classificada como “péssima” de forma consecutiva.
O Instituto Estadual do Ambiente (Inea), responsável pela medição da qualidade das águas, aponta que o trecho da Afrânio é o mais prejudicado devido à proximidade com a foz do canal do Jardim de Alah, onde ocorre a troca de água entre o mar e a Lagoa Rodrigo de Freitas.
Praia do Flamengo é mais limpa que o Leblon
Uma praia é considerada “ruim” quando é indicada como imprópria entre 25% e 50% do tempo na avaliação anual, e “péssima” quando mais de 50% das medições são negativas. Dados analisados pelo DIÁRIO DO RIO revelam que outro trecho crítico é o da Rita Ludolf (posto 12), que teve mais de 50 medições do Inea apontando como imprópria para banho em 2024, índices maiores que a Praia do Flamengo e semelhantes aos de Botafogo.
Até mesmo a Prainha da Glória, recentemente incluída nas medições do Inea, apresentou um número inferior de medições impróprias (6) em comparação com o Leblon (23) desde julho.
Enquanto não houver um trabalho sério (que deveria ter sido feito pela CEDAE) pelas Águas do Rio, abrindo toda a Orla da Lagoa para caçar os emissores de esgoto direto na Lagoa (porque sim, eles existem), será esse escárnio!
É absurdo também que as associações de moradores e a Prefeitura do Rio, que trabalha para deixar a cidade como uma legítima capital do meio ambiente no Brasil, não consigam fazer os esforços para resolver esse problema.
O que explica, talvez em parte, é o fato desse baixo não ter favela, apenas isso.