Enem 2021: escritor Jacob Petry revela segredo para escolher o curso universitário e se tornar um profissional de sucesso

A pressão para escolher uma profissão sem analisar aptidões pode levar o estudante a uma carreira frustrada e até mesmo ao abandono dos estudos

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Foto: Divulgação

É com um misto de medo, expectativa e euforia que 3.109.762 de estudantes, menor número desde 2005, irão realizar as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) nos dias 21 e 28 de novembro — e não é para menos. Além de uma prova de 180 questões que exige árduo preparo, o exame também carrega uma decisão de vida: a escolha da profissão.

De acordo com dados IBGE, apenas 5% dos estudantes que prestam vestibular têm certeza do curso que querem fazer, não surpreendentemente, a evasão do ensino superior chegou a 59%, entre 2010 e 2019, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Filósofo e escritor, Jacob Petry é autor do livro O óbvio que ignoramos, obra que analisa, com base na trajetória profissional da modelo Gisele Bündchen, como pessoas anônimas constroem carreiras extraordinárias. De acordo com ele, a falta de clareza dos estudantes sobre a vida profissional pode ser explicada pelo sistema educacional brasileiro, que não os estimula a desenvolverem as habilidades para as quais têm predisposição.

“Suponha que seu filho chegue em casa com o Boletim. Ele tirou 9 em matemática, 9,5 em física, 9 em química e 6,5 em português. O que geralmente acontece nesse caso? Ele será forçado a colocar seu foco em português. Ele terá aulas de reforço, e talvez, até de recuperação nessa matéria”, argumenta o escritor.

 O problema, segundo Petry, está no fato de aparentemente ninguém se perguntar por que ele não consegue o mesmo desempenho em português que ele consegue em matérias envolvendo exatas. “Ele tem uma predisposição natural para aprender matemática. Matemática é a área do talento natural dele”, explica.

De acordo com o autor, no sistema de ensino atual, o talento, o ponto forte do estudante, sempre fica em segundo plano. “Você é orientado a investir tempo e energia na tarefa ingrata de diminuir suas fraquezas nas disciplinas com as quais não tem afinidade, achando que desse modo atingirá a excelência. Os gênios da matemática são forçados a decorar conjugações de verbos e regras de sintaxe durante anos. Os gênios da gramática são forçados a memorizar fórmulas. O resultado disso é que melhoramos em nossos pontos fracos e pioramos em nossos pontos fortes, e, em geral, atingimos apenas a média. A incerteza de carreira nasce dali”, analisa.

O autor pontua que investir mais na habilidade que no ponto fraco não significa deixar de estudar a disciplina que tem menor afinidade, por exemplo, deixar gramática de lado por possuir maior simpatia por matemática. Para ele, essa dica tem a ver com: focar mais no ponto de excelência, a fim de se desenvolver cada vez mais nele e, por fim, escolher um curso nessa área e consequentemente aumentar as chances de ser bem-sucedido na faculdade e na profissão.

É nessa linha de pensamento, inclusive, que o novo ensino médio deve funcionar a partir de 2022. Sancionada em 2017, a lei federal (nº 13.415) tem a proposta de inovar as Bases da Educação Nacional e estipular as regras para a matriz curricular dos últimos anos escolares. Nesta nova modalidade, as disciplinas serão agrupadas por áreas de conhecimento, permitindo que no Ensino Médio o estudante foque os estudos nas áreas de interesse da carreira que deseja seguir.

Mas afinal, como saber no que se é bom?

Para o escritor, escolher um curso universitário e consequentemente fazer dele o início de uma carreira de sucesso deve ter como base um princípio chamado de Lei da Tripla Convergência, que se resume em três fatores: talento, paixão e renda.

Enquanto alguns autores apontam que o talento não é o mais importante no momento de decidir a carreira, visto que habilidades podem ser aprendidas, Jacob Petry afirma o contrário. Ele explica que há muita confusão em torno do conceito de talento, mas que ele é apenas a área para a qual se tem maior predisposição a aprender, e que saber qual é o talento e escolher nossa profissão sobre ele é o primeiro passo para uma carreira de sucesso.

“O talento não é uma atividade, é uma área de atuação. Tocar violão não é um talento, a música é o talento. Podemos pensar nele como um sinal de wifi, quanto mais próximo do talento for a sua escolha de área profissional, mais fácil vai ser navegar pela carreira e quanto mais longe, mais difícil de fluir. E o que fazemos quando algo não flui? Desistimos”, alerta.

De acordo com o escritor, os estudantes não costumam levar em consideração a área de aptidão, ou seja, o talento. Por vezes fatores como dinheiro e mercado de trabalho costumam se sobrepor a isso, o que pode levar a escolha de um curso com os quais não tem afinidade. E isso, na visão do autor, gera inúmeros problemas colaterais. “Alguns dos fatores que nos impedem de sermos felizes e bem-sucedidos no trabalho, como a procrastinação, falta de disciplina e foco, nascem da escolha errada de nossa profissão. Quando ela não tem como base a área do nosso talento natural, o trabalho se torna enfadonho, desinteressante. Quando negligenciamos nosso talento, negligenciamos nosso poder maior”, pontua.

Equilíbrio entre paixão e remuneração

Além do talento, a Lei da Tripla Convergência considera outro fator fundamental na escolha da profissão: a paixão. A paixão é nada menos que aquilo que te causa mais tesão dentro da sua área de aptidão, ou seja, o talento. “Se seu talento é a matemática, por exemplo, você pode ser professor, contador, engenheiro ou economista. E mesmo se escolher ser engenheiro, pode ser um engenheiro mecânico, civil, eletrônico. O que define essa atividade dentro da sua área do talento, deve ser a sua paixão”, explica Petry.

 O escritor alerta que, mesmo dentro de uma área na qual se tem talento, às chances de ter sucesso sem paixão é muito pequena e, se tiver, será a um custo alto. “Quando não temos encantamento por certa atividade, a tendência é não se dedicar mais que o extremamente necessário e, com isso, não teremos grandes resultados”, diz.

Por fim, a remuneração também deve ser avaliada, visto que o que não se sustenta financeiramente, não se sustenta por muito tempo. Para o autor, apesar de importante, a renda não pode ser a razão principal na hora de se escolher a carreira. Primeiro, é preciso olhar para o talento e para a paixão, e só depois, buscar um meio de monetizar sobre esses dois fatores. “A renda é muito mais sobre a contribuição que você vai fazer com seu talento e sua paixão. O dinheiro precisa ser visto como uma ferramenta de troca, e a pergunta que você precisa se fazer é: o que eu quero desenvolver e que posso trocar por dinheiro?”, sugere Petry.

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